Sleep Token está levando o metal para novos ouvidos e por que desmascará-los seria um erro?
Ouvir uma banda de metal progressivo não é tarefa fácil, até mesmo para alguns iniciados no gênero da música pesada. Apresentar o Dream Theater para alguém pode ser algum motivo para se tomar uma bela negativa, ou ainda mais, apresentar casos extremos como o titânico Meshuggah, envolvo em todo o seu peso e complexidade, pode deixar desavisados realmente traumatizados com o heavy metal.
Mas o Sleep Token tem feito um caminho inverso. Em seu mundo misterioso e complexo, a banda tem conseguido chegar a um público que antes, sequer pensaria em se aproximar da música pesada. Com os traços do djent, aliados ao mainstream, cada vez mais a banda vem galgando um caminho rumo a guinada vertiginosa.
Porém, diferente de outros casos de “mascarados”, como o Kiss lá no passado, ou o Slipknot e Ghost, mais recentemente, não há um empenho mortífero em se descobrir quem está por trás dos capuzes do Token. O mistério em volta do soturno vocalista, e apenas conhecido como, Vessel, é um ponto chave desse sucesso.
Em um artigo escrito pela Metal Hammer, o autor traça um ponto do porque tirar a máscara do rosto de Vessel poderia ser algo a perder o interesse no grupo:
“(Eles tem) um público mais jovem e, em termos de gênero, mais diversificado do que a música pesada costuma atrair. A ênfase do Sleep Token no pop de sonoridade contemporânea e seu enorme sucesso no TikTok os tornaram uma banda de entrada para pessoas que de outra forma não teriam tocado no metal progressivo.
Com seguidores diferentes, surgem prioridades diferentes. Os fãs do Sleep Token estão extremamente arrebatados com o truque da banda e a história de fundo quase mitológica, e é fácil ver como desmascarar o Vessel como “apenas mais um cara” mancharia isso. Claro, o Ghost também tinha esse conhecimento sobre eles. A principal diferença, porém, é que o Sleep Token nunca é pressionado. Na única entrevista concedida por Vessel (para Metal Hammer em 2017), ele disse: “Nossas identidades não são importantes.” E foi isso. Parece haver um desejo mais forte de anonimato e uma vida “normal” nos bastidores entre os membros quando você os compara ao Slipknot e ao Ghost, que faziam aparições públicas e davam entrevistas o tempo todo, mesmo quando ninguém sabia quem eles eram. Os fãs – muitos dos quais são, novamente, mais jovens e podem não ter experimentado esse tipo de aura antes – parecem respeitar isso.”
O autor Matt Mills finaliza:
“É apenas uma loucura comparar o Sleep Token com outras bandas pesadas mascaradas, já que a base de fãs deles é uma nova base de fãs com prioridades diferentes do seu metaleiro mais ardente. É um público mais jovem com gostos mais mainstream que pode até nunca ter interagido com músicos mascarados antes. Isso não os torna “poseurs”, apenas significa que o Sleep Token está fazendo algo pelo qual devemos aplaudi-los universalmente: abrir o metal para novos ouvidos para que nossa cena possa continuar a prosperar. Se esse apelo nos custar não sabermos quem são os quatro caras no palco, devemos aceitar que isso é mais do que uma troca justa.”
O Sleep Token lançou este ano seu mais novo disco, “Take Me Back To Eden” (resenha aqui) e que foi aclamado por diversos críticos e famosos do mundo do metal. A banda se prepara para realizar em dezembro um show esgotado em Wembley. E mesmo que o foco não seja descobrir quem é realmente Vessel, suposições já surgiram pela internet.