Soulfly – “Totem” (2022)
Max Cavalera, hoje em seus 53 anos, é obviamente uma das figuras mais emblemáticas do heavy metal nacional e conseguiu quebrar as paredes do país e se tornar uma referência para o mundo.
Ate mesmo em dias de hoje, com anos após começar sua carreira, Max tem poder de influenciar nomes, como por exemplo, os irmãos Duplantier, do Gojira.
Desde que deixou o Sepultura em 1996, ele se enveredou em diversos projetos, mas o mais duradouro e solidificado é sem dúvidas o Soulfly. Lá no primeiro disco, houve uma certa continuidade com o que foi feito em “Roots”, mas posteriormente, a banda foi passeando por momentos e finalmente, em 2022, chegamos a “Totem”, o décimo segundo disco da carreira do grupo.
Lançado pela Nuclear Blast e trazido ao Brasil pela Shinigami Records, o trabalho é o primeiro em muitos anos a não contar com o guitarrista Marc Rizzo, o maior parceiro de Max após Andreas Kisser. O racha, mais uma vez não foi nada amistosa, com farpas entre ambos os lados, mas isso acabou servindo de combustível para o álbum, segundo o próprio Max relatou, e gravado como um trio, com o filho do Cavalera, Zyon, na bateria, com Mike Leon fechando o time.
O trio entrega um disco conciso com o que o seu líder tem feito em praticamente todos os seus projetos e acabando por não diferir muito deles e de outros momentos da sua carreira. Em “Superstition”, tema de abertura, o fã já se depara com a temática indígena nos primeiros segundos, e logo a faixa cai no que Max melhor sabe fazer. Versos cantados com poucas palavras e frases arrastadas, e bons riffs o acompanhando. Na sequencia, a dona de um bom groove “Scouring the Ville” tem a participação de John Tardy, numa faixa rápida, agressiva e dona de um solo caótico. “Filth Upon Filth” é cadenciada, dona de riffs poderosos e muito bem realizados, se tornando uma das melhores do disco. “Rot in Pain” é uma faixa aos amantes do velho Max e sua era old-school. Mais direta e com pegada inclinada ao death metal, é um belo bate cabeça. Mais adiante temos a faixa título, que intercala entre o mais linear com momentos mais rápido, e soando com riffs bastante modernos. A curiosa “Spiritual Animal” é quem fecha o álbum com seus 9 minutos. Não é costumeiro uma banda dessa linha, ou o próprio Max criando algo assim, e o experimentalismo deu certo por ali. A música começa com bastante peso e aos poucos vai mudando seus rumos em uma longa introdução, e dali em diante, vai passando por diversos ritmos e formatos e vai acabar em um moderno reggae, entoado por Ritchie Cavalera, também filho de Max.
Ao longo desse tempo, acostumamos a pensar em um formato de Max Cavalera, e não sei se isso é realmente um ponto positivo. Obviamente como dito no começo deste texto, sua figura é essencial ao metal e criou-se toda uma lenda a seu respeito, mas ao mesmo tempo, isso me soa como um certo lugar comum do músico e “Totem” me parece sofrer exatamente disso, o mais do mesmo. Isso é um problema? Não necessariamente, pois ao fã do cara, é exatamente o que ele espera ouvir, mas aos que procurar um pouco de diferenciações e alguma surpresa, as coisas acabam ficando no raso. O disco cumpre seu papel, entrega heavy metal, peso, riffs e Max Cavalera e não se vai muito distante disso. Se esse é o fator chave para o bem ou o mal, você decide.
NOTA: 7
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