Soundgarden: 28 anos do lançamento de “Down up the Outside”

Há 28 anos, em 21 de maio de 1996, o Soundgarden lançava o quinto e último álbum antes da separação da banda: “Down on the Outside” é tema do nosso bate-papo de hoje por aqui.

Após dois álbuns extremamente bem sucedidos, os aclamados “Badmotorfinger” (1991) e “Superunknown” (1994), este último rendeu dois Grammys para a banda, além de uma imensa turnê mundial, ou quase, já que o Brasil não foi incluso, eles se reuniram para escrever e gravar um novo álbum. Porém, eles deram um tiro no pé ao optar por tirar o protagonismo das guitarras e apostar em uma abordagem mais experimental. Isso fez com que o aniversariante do dia, embora tenha feito sucesso assim que foi lançado, não é tão bem lembrado quanto seus dois antecessores.

Para gravar o álbum, o quarteto se reuniu em dois estúdios na cidade de Seattle: o Studio Litho, de propriedade do guitarrista Stone Gossard, do Pearl Jam, e o Bad Animals Studio, entre os meses de novembro de 1995 e fevereiro de 1996. Desta vez, eles abriram mão de um produtor, sendo eles mesmos os responsáveis por tal tarefa. Chris Cornell disse que um quinto elemento no estúdio só atrapalharia o processo e Matt Cameron por sua vez, disse que embora os resultados com o produtor Michael Beinhorn tenham sido bons, ele fez mais do que realmente precisava. Assim sendo, Adam Kasper ajudou na produção e também foi o responsável pela mixagem.

Eles começaram a escrever as músicas em julho de 1995, deram um tempo para se apresentar nos festivais de verão europeu e por lá já foram testando as músicas. Ao retornarem, deram sequência. A maioria das músicas foram escritas individualmente pelos músicos, sendo “Down on the Outside” o trabalho que tem menos canções escritas coletivamente. Aqui neste play, a gente percebe as guitarras perdendo bastante espaço, fato que gerou os primeiros desentendimentos, principalmente entre o guitarrista Kim Thayil, defensor das guitarras pesadas como o Soundgarden quase sempre foi, e Chris Cornell, que queria dar destaque a sua voz. Estes desentendimentos foram se agravando até que a banda se separou logo depois a tour.

O baixista Ben Shepherd foi responsável por seis das dezesseis faixas eternizadas neste play, enquanto que Kim Thayil trouxe apenas uma, “Never the Machine Forever“, que foi a última música a ser gravada. Ele disse ter muitas ideias pré-concebidas sobre músicas que começaram a ser escritas, mas não foram jamais concluídas. Vamos ver o que ele disse sobre, aspas para o guitarrista:

Pode ser um pouco desanimador se não houver uma entrada criativa satisfatória, mas, por outro lado, eu escrevo todas as partes do solo e realmente não tenho limitações nas partes que crio para guitarra”.

Com relação ao título do álbum, Chris Cornell explicou que ela foi retirada de um trecho da música “Dusty“, de autoria de Ben Shepherd, mais precisamente o trecho onde ele canta “I think it’s turning back on me/I’m down on the upside“. Particularmente, tal fato me surpreendeu muito, pois eu jurava que o título tinha algo a ver com a música “Blow up the Outside World“, e durante o trabalho de pesquisa para este texto, encontrei a declaração do saudoso frontman, que vamos deixar registrado abaixo:

“Eu mencionei isso em algum momento porque a música que deu o título era ‘Dusty’, mas meu título para ela era ‘Down on the Upside’, mas Ben escreveu a música e a chamou de ‘Dusty’. Então, desde que Não gosto muito de ter os títulos das músicas sendo o título do disco, porque traz esse foco estranho e indevido para a música, achei que seria legal chamá-la de Down on the Upside . Começamos a pensar em todos esses outros títulos , e se preocupar com eles descrevendo todo o disco sem excluir nada … Então foi no último minuto e estávamos em uma sessão de fotos para a Spin e alguém ligou e disse: ‘Precisamos do seu título agora para começarmos a fazer o pacote do disco ‘, então Matt [Cameron] trouxe o título novamente, e todos disseram,’ sim,é isso”.

Musicalmente falando, temos um álbum extenso quanto o anterior, mas a audição não é tão agradavel, ainda que a ideia deles tenha sido fazer com que a banda soasse no estúdio como soava ao vivo. Se eles conseguiram essa crueza, a falta de um produtor fez com que algumas canções não tivessem sido lapidadas o suficiente para se eternizaram entre as melhores de sempre da carreira do Soundgarden. Apesar disso, temos bons momentos como “Pretty Noose“, “Blow up the Outside World“, essas duas tocaram à exaustão nas rádios rock aqui pelo Brasil, além de outras canções como “Ty Coob” e “No Atention“. Muito pouco para um álbum com 16 músicas e 65 minutos de duração.

A banda saiu em turnê tocando com o Metallica no Lollapalooza, o verdadeiro, aquele em que as bandas saiam em turnê, bem diferente desta versão tupiniquim que temos por aqui, onde o Rock é o estilo que menos recebe atenção. Depois destes shows, a banda saiu para fazer sua tour solo, porém, com os integrantes já sem se suportar, cada um pegava um vôo separado e se encontravam no local do show. A banda recebia muitas críticas por sua postura passiva em cima dos palcos e isso só demonstrava que a separação da banda era meramente uma questão de tempo. E isso aconteceu na apresentação no Hawaii, em 9 de fevereiro de 1997, quando o baixista Ben Shepherd, furioso com a falha em o equipamento, jogou seu baixo para o alto e se retirou do palco, sendo acompanhado pelo restante da banda. Chris Cornell voltou e encerrou o show cantando algumas músicas sozinho. Em abril do mesmo ano, a banda anunciou a separação.

O álbum teve bom desempenho nos charts mundo afora: 1° na Austrália, 2° na “Billboard 200” e no Canadá, 3° na Suécia, 4° na Finlândia, 6° na Noruega, 7° no Reino Unido, 11° na Escócia, 12° na Áustria e Holanda, 15° na Alemanha e Dinamarca, 18° na Bélgica, 20° na Suíça, 34° na Hungria e 44° na França. Foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido e Platina na Nova Zelândia, Canadá, Estados Unidos e Austrália. É uma boa performance para um disco um tanto quanto abaixo da crítica e cercado de problemas de relacionamento entre os músicos.

O hiato perdurou até 2010 quando se reuniram e ainda lançaram o sucessor do homenageado do dia, “King Animal” (2012) e permaneceram em turnê até 2017, quando em 18 de maio deste ano, Chris Cornell cometeu suicídio após uma apresentação da banda, colocando fim em uma das melhores bandas da chamada cena Grunge de Seattle. Hoje ficam as saudades e o legado deixado por essa banda que se inspirou no Stoner e usou as influências do Black Sabbath para criar o seu som, obtendo o respeito dos fãs de música pesada no geral. Não há como pensar em um Soundgarden sem Cornell e para nós foi deixada toda a obra que este quarteto construiu ao longo dos anos.

Down on the the Outside – Soundgarden
Data de lançamento – 21/05/1996
Gravadora – A&M

Faixas:
01 – Pretty Noose
02 – Rhinosaur
03 – Zero Chance
04 – Dusty
05 – Ty Coob
06 – Blow up the Outside World
07 – Burden in my Hand
08 – Never Named
09 – Applebite
10 – Never the Machine Forever
11 – Tighter & Tighter
12 – No Atention
13 – Switch Opens
14 – Overfloater
15 – An Unkind
16 – Boot Camp

Formação:
Chris Cornell – vocal/ guitarra
Kim Thayil – guitarra
Ben Shepherd – baixo
Matt Cameron – bateria

One thought on “Soundgarden: 28 anos do lançamento de “Down up the Outside”

  • maio 21, 2024 em 8:49 pm
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    Soundgarden é uma banda que surgiu nos anos 80, peguei o som da banda mesmo nos anos 90…ainda moleque só queria saber de jogar video game naquela épca!!!! E foi por causa do vídeo game é que passei a gostar e ouvir a banda em si, lembro de jogar o jogo Road Rash do 3DO no qual tinha as músicas e video clipe da banda e de outras bandas da época, fiquei maravilhado com o jogo e os vídeos ali!!!! Nessa época só conhecia mesmo algumas bandas que estavam ali detonando: Alice in Chains, Nirvana, Pearl Jam, Sonic Youth, Helmet e outras!!!! Bons tempos de “Down up the Outside”, Valeu!!!!

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