Steve Wilson fala sobre seu processo de composição e sobre IA na música
Steve Wilson falou com o The Prog Report, onde ele foi perguntado sobre o que ele acha sobre o uso das IA’s na criação da música. Ele responde:
“É um grande assunto. É sem dúvida o maior assunto — não é? — a crise quase existencial da criatividade versus IA
Sabe de uma coisa? Acho que estou em algum lugar no meio. Eu não usei nenhuma IA no meu novo álbum ‘The Overview’ . Eu usei IA em um tipo de single de Natal que fiz alguns anos atrás, que era meio que uma música nova de qualquer maneira. Então pensei que seria uma boa chance de explorar o que ele poderia fazer. E usei o ChatGPT para gerar letras de Natal no estilo de Steven Wilson. E honestamente, ele produziu muito, 99 por cento das quais eram bem horríveis. Era muito genérico, muito clichê, muito banal, mas cerca de um por cento do que ele gerou eu poderia usar. Então foi realmente uma questão de eu passar e escolher, ‘Essa é uma boa linha. Essa é uma merda, essa é uma merda, essa é uma merda, essa é uma merda, essa é uma merda. Ah, essa é uma boa linha’, e terminar com algo que eu achava que era utilizável.
Então, para mim, se você quer algo muito genérico, a IA provavelmente será uma ferramenta muito útil para você. Quando crio coisas, estou procurando coisas que sejam surpreendentes, que não sejam previsíveis. Então, a IA é de muito pouca utilidade para mim — agora, no momento. Mas, obviamente, com a ressalva de que ainda estamos nos primeiros dias da IA, ela só vai melhorar. E talvez em cinco anos você esteja apertando um botão e um álbum como ‘The Overview’ saia de um mecanismo de IA. Quem sabe? Quero dizer, espero que não. Espero mesmo que não, obviamente, porque também acredito que o que é especial sobre música ou qualquer criatividade é essa coisa — alma. É o tipo de reflexo de um ser humano para muitos outros seres humanos e ver se esses outros seres humanos se reconhecem naquele espelho. E se a IA é capaz de fingir isso — pessoalmente, acho que não. Acho que é isso — acho que ela faz um trabalho de fingir, mas não é a coisa real. Dito isso, haverá um lugar para a IA da mesma forma que nós…
A outra maneira que vejo é que temos uma espécie de IA na indústria musical há anos”, acrescentou Steven : “Nos últimos 25 anos, tivemos um software que pode afinar um cantor que não consegue cantar afinado. Tivemos um software que pode fazer um baterista que não consegue tocar muito bem, fazê-lo soar no tempo. Tivemos um software que pode emular orquestras… Desde o início da eletricidade, os músicos têm ferramentas que os ajudaram a fazer sua música soar mais polida e mais impressionante. Então, nesse sentido, a IA é realmente apenas o próximo passo, eu acho. O lado mais insidioso disso é, claro, que há o potencial de remover completamente os seres humanos do processo, o que nenhuma dessas outras coisas estava nesse nível. Mas acho que se você desconsiderar esse lado das coisas e disser: ‘Bem, a música ainda precisa ter alma, a criatividade ainda precisa ter esse elemento humano’, então isso se torna apenas mais uma ferramenta para adicionar ao nosso software Auto-Tune e ao nosso software Beat Detective e aos nossos samplers e todas as outras coisas que temos e temos usado para fazer nossa música soar mais refinada e profissional ao longo dos anos.
Então, acho que a resposta simples para sua pergunta é que estou em algum lugar no meio. Acho que será incorporado, provavelmente acabarei usando, mesmo que seja só se eu tiver bloqueio criativo com letras. Da mesma forma que eu iria a um dicionário de sinônimos ou dicionário.”
Steven Wilson virá ao Brasil este ano e mais detalhes você confere aqui.
