The Reign of Kindo traz sua mistura de boa música ao Rio

Texto: Carlos Monteiro
Foto: Patrícia Sigiliano

Contra o desconhecimento, a informação. Apesar de ser uma banda que não está no radar da maioria das pessoas, os norte-americanos do The Reigh of Kindo combatem isso com muita qualidade e sofisticação musical, ao mesmo tempo em que têm um pé no pop. No Rio, apesar de onde normalmente os shows não enchem tanto quanto em São Paulo (e suas duas noites nessa tour), a estratégia foi concluída com sucesso. A casa Agyto, no bairro boêmio da Lapa, atraiu poucas pessoas, mas eram fãs fiéis e muitos vendo o The Reign of Kindo pela terceira vez.

A “reincidência” dos fãs foi comprovada por um deles circulando com a camisa da primeira vez em que vieram, em 2011. E também pela pergunta do próprio vocalista e guitarrista Joseph (Joey) Sechiarolli, de quem conhecia a banda há 5, 10, 15 anos e desde o início. O fato da maioria conhecer há 5 anos (ou menos) mostra que o trabalho de conquista do público vem sendo bem sucedido.

Após uma série de canções clássicas da Bossa Nova no som mecânico da casa, às 20:02 entraram no palco Joey e seus colegas Jeffrey Jarvis (baixo), Rocco DellaNeve (teclados) e Kendall Lantz (bateria). Se a expectativa dos fãs já era grande antes da música de abertura “City Lights & Trafic Sounds”, na segunda e a mais famosa “The Moments In Between” o show já estava ganho, e assim foi até o fim, com a plateia em sua maioria formada por casais, cantando (e dançando) a maior parte das canções.

É justamente a mistura de jazz, rock progressivo e ritmos latinos que torna o instrumental do grupo tão atraente. E o já citado pé no pop, aliado ao limpo e belo canto de Joey, faz essa aceitação ainda mais fácil.

Nove anos após a última vinda ao Brasil, Joey agradeceu muito a presença dos fãs: “Achei que vocês não estariam aqui. Muito obrigado”, disse, repetindo “Thank you” repetidas vezes e olhando diretamente para cada grupo de fãs.

O setlist trouxe momentos de reação entusiasmada da plateia, como em “Nightingale”, “Sing When No One´s Around”, “Just Wait”, “Return To Me”, “Great Blue Sea” e “Till We Make Our Ascent”. Mais perto do fim, o medley com “Let It Go” (sob gritos do público) e “Something In The Way” junta ainda “Careless Whisper” (do Wham de George Michael e com a guitarra substituindo a inconfundível melodia do saxofone) ao riff marcante de “Something”, dos Beatles, para fechar essa mistura de bom gosto.

A apresentação de quase duas horas (sem saída para o bis) foi se aproximando do fim com o peso de “The Hero, the Saint, the Tyrant, & the Terrorist” seguida de mais uma pausa para agradecer a presença dos fãs e então veio a derradeira “Human Convention”, em que até o tecladista Rocco DellaNeve saltava sem parar, sem largar as mãos do instrumento.


Mesmo sem a casa abrir a parte de cima no mezanino para abrigar os fãs, nesse que foi um dos públicos menos numerosos que vi no Agyto, não faltou devoção, sorrisos e air drums e air bass da plateia. Evidência de que o prog-jazz-pop do Reign of Kindo vai continuar atraindo espectadores fiéis para seu show de boa (e necessária) música.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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