Tobias Forge diz que proibir celulares em shows do Ghost foi “uma mudança de vida”

Tobias Forge, o Papa V Perpetua, participou de uma sessão de perguntas e respostas, onde foi questionado sobre a sua decisão de proibir o uso de celulares durante os shows do Ghost, e se recebeu alguma tipo de rejeição por isso. Ele responde:

 “Ah, rejeição. Acho que a primeira rejeição inicial não foi necessariamente uma rejeição agressiva, mas sim uma pergunta para talvez reconsiderar. Mas isso veio mais de — sabe, a primeira pessoa com quem você falaria quando é artista é obviamente seu empresário e seu agente. E ‘Eu tenho uma ideia’. É tipo, ‘Mm-hmm. Tem certeza disso?'” E aí o agente chega e, tipo, “Ah, eu adoro a ideia, mas…” Porque também acrescenta muita bagagem à parte administrativa e à parte prática do show, e qualquer coisa que complique as coisas é sempre mal vista. E, claro, tivemos que analisar bem essa ideia. O que significa? Quem já fez isso antes? Ah, não muitos. Ok. Mas quem faz isso?”

Sobre o que o levou a tomar  decisão, ele diz:

“A questão é que há muitos artistas [que envergonham o público por telefone], e eu sei que muitos artistas — muito mais do que deixam claro — odeiam completamente os telefones. Mas uma coisa é envergonhar as pessoas por telefone, e outra é passar pelo desafio de fazer o que fizemos. E, claro, tivemos que ponderar isso. Basicamente, o que as pessoas querem saber é: quanto custa? Quais são as implicações disso, em termos de tempo e economia? ‘Ok, é mais ou menos isso.'”

Quando alguém disse que isso seria um tipo de desrespeito, Tobias disse:

Não sei se é desrespeito… Isso é algo que a maioria das pessoas, a maioria dos indivíduos, não pensou, porque você pensa: ‘Bem, ninguém se importa com o que eu estou fazendo. Estou aqui atrás. Vou só tirar uma foto. Vou filmar uma música.'” Então, cada indivíduo não está fazendo uma coisa propositalmente desrespeitosa, mas a soma disso se torna completamente diferente, especialmente para um artista que sobe no palco e espera, tipo, “Aquelas pessoas vão ficar furiosas”, e então, de repente, é como se o público que você viu por, naquele ponto, ao longo de 13 anos, estivesse cada vez menos engajado em troca desses celulares. O que é isso? Que porra é essa? E então eu senti que cheguei a um ponto em que pensei, tipo, “Eu não acho que quero fazer isso. Eu não acho que quero fazer isso. Se é assim que vai ser, prefiro não fazer.” Foi assim que se tornou inútil por causa dos celulares. Principalmente um show como o nosso. Quer dizer, eu sei que tem muitos artistas que fazem um show completamente mais livre, mas nós não. Nosso show é meio que previsível e organizado. Obviamente, há uma certa margem de manobra para o individualismo. Mas, sim, para fazer o que fazemos, precisamos ter uma certa rotina. E então, do que nos alimentamos? [Do público]. E isso é crucial. É crucial para que possamos fazer o show. Se você entrasse em um ensaio geral e nos visse fazendo a mesma coisa, mas sem público, é dramaticamente pior. Mas quando você tem um público engajado, fica melhor porque vocês dois… É exatamente assim. É uma troca. E se alguém, no ato de fazer, simplesmente pega um telefone…?”

Questionado se isso deu algum resultado para o Ghost, Tobias disse:

 “Ah, com certeza. Foi uma mudança de vida. Uma mudança de vida para a existência da banda. Com certeza. Tínhamos um coletivo… Só de sair do palco na primeira noite da turnê foi tipo, isso mudou completamente a perspectiva de como isso se sente. Então, sim, agora estamos fazendo isso. E acho que muitas bandas estão olhando para isso e tipo, ‘Ok, então como fazemos isso também?'”

O Ghost lançou este ano seu novo disco, “Skeletá”, e a resenha você pode conferir aqui.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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