Sexo, drogas e rock ‘n’ roll: show do Steel Panther segue o lema oitentista à risca

Em sua primeira apresentação solo no país, a banda norte-americana Steel Panther, que fez parte do line-up do Monsters of Rock de 2015, fez uma passagem única por SP e reuniu público fiel do hard rock na Audio Club, na última quinta-feira, 19 de outubro.

Embora não tenham lotado a casa, que teve por volta de 60% de sua capacidade preenchida, o público presente fez questão de comparecer trajado com as vestes características do estilo: diminutas, justas, com muito animal print, acompanhadas de cabelos volumosos, esmalte preto nas unhas, lápis no contorno dos olho e batom vibrante nos lábios – tanto para homens quanto para mulheres.

Pontualmente, às 21h, a música ambiente é silenciada e o baterista Stix Zadinia é o primeiro a entrar no palco e ocupar seu posto, seguido do novo baixista, Spyder, e dos figuraças já conhecidos e queridos dos fãs, Satchel (guitarra) e Michael Starr (voz); inicia-se então o show com Eyes of a Panther, do primeiro álbum (Feel the Steel, 2009), um hit do grupo nas plataformas de streaming, emendada com a pesada Let me Cum In, única faixa do álbum Balls Out, de 2011, executada no show.

Visivelmente empolgado, Satchel ensaia algumas frases em português, dizendo como é bom estar de volta ao Brasil, que estão felizes de poder estar aqui para divulgar o mais recente álbum (On the Prowl, de fevereiro desse ano) e que amam SP e “peitos grandes” – incentivo suficiente para algumas moças da primeira fila inaugurarem a sessão de topless da noite. Com certeza, se Satchel não tivesse investido nos estudos da guitarra, teria virado humorista – a longa sessão de piadas para apresentar todos os membros da banda à plateia inclui uma comparação de Michael Starr com Vince Neil (Motley Crüe) como se o primeiro fosse uma versão “paralela” do segundo, mais velha e de p@u pequeno; uma brincadeira de que o baixista, Spyder (na banda há pouco mais de um ano, desde a saída de Lexxi Foxx) foi descoberto como atendente da Starbucks e que a banda agora tem direito a frapuccinos gratuitos na rede de cafeterias; e o pedido para Stix Zadinia fazer uma imitação tosca em alusão a Rick Allen, lendário baterista do Def Leppard que só possui um braço. Tanto Satchel como Spyder fazem questão de dizer que também amam cocaína e até brincam que a banda possui em seu catálogo de merchandise umas balinhas em formato de seios recheadas com o famigerado pó branco: as boobie bangs.

Terminadas as delongadas apresentações, Satchel reconhece que São Paulo abriga a maior comunidade asiática do mundo e aproveita o ensejo para anunciar Asian Hooker, outro hit, para o qual convoca ao palco uma fã de ascendência oriental.

Satchel e Michael fazem questão de verificar quantos dos presentes falam inglês, pedindo para que os fãs bilingues (maioria) levantassem as mãos, antes de seguirem com mais alguns minutos do stand-up comedy e comentarem sobre sua participação no programa de televisão “America’s Got Talent”; e, não sem segundas intenções, o guitarrista pergunta aos fãs se pode chamá-los de amigos – e assim seguem com Burden of being wonderful e Friends with Benefits.

É chegado o momento de Satchel mostrar de uma vez por todas que não vive só de piadas de gosto duvidoso e mandar um solo bastante virtuoso, e ser ovacionado antes que o resto da banda retornasse ao palco para uma das canções de melhor receptividade da noite – Death to All but Metal. Mas o guitarrista realmente não consegue ficar muito tempo sem as provocações de teor sexual e, antes de anunciar 1987, faixa do novo álbum que faz referência a grandes nomes do hard rock, como Guns ‘n’ Roses e Whitesnake, manda mais algumas anedotas, como a suposta ocasião em que teria transado com a mãe de Michael, que o abraça chamando de pai. A música é executada enquanto um balão improvisado feito com preservativo voa no palco e ao final, a banda puxa um coro em homenagem ao icônico guitarrista Eddie Van Halen, falecido há três anos.

Para o momento acústico do show, o destaque vai para Stix Zadinia, que assume os teclados, e Michael Starr, que pega um violão “pela primeira vez”, de acordo com Satchel, embora todos saibam que se trate de mais uma ironia. A banda pede que a equipe de iluminação da casa deixe as luzes baixas, de modo que o público possa se encarregar da função usando isqueiros e lanternas de celulares, e então a balada Ain’t Dead Yet é performada, demonstrando que, apesar da quantidade exagerada de brincadeiras, todos os músicos tocam e cantam muito bem.

Na sequência, um dos momentos mais esperados do show, e que, nessa noite, talvez deixou um pouco a desejar: uma das fãs é convidada para subir ao palco e receber a clássica homenagem Impromptu Song for a Girl, onde alguns versos bobos são improvisados na hora e dedicados para a moça que aceitar a proposta – nessa noite, a jovem Kim, que, apesar das inúmeras provocações, não se sentiu confortável para exibir os seios e nem participou com muita disposição da “batalha” de imitação das vocalizações de Michael contra a plateia, julgadas pela sua própria vagina – numa dublagem de Stix ao estilo locutor de jogos. Como de praxe, finalizam a homenagem com Girl from Oklahoma, que teve um trecho executado por Satchel no ritmo de Garota de Ipanema.

Para encerrar a, digamos assim, sessão interativa, a banda agradece Kim e convida mais algumas dezenas de garotas ao palco, porque afinal, o “pacote” de Michael é Community Property e tudo que eles querem é Fuck All Night and Party All Day – hit festivo que fez todo mundo pular e cantar junto.

Após todas as fãs retornarem a seus lugares, a banda também fica alguns minutos longe do palco (melhor não imaginar para quê), até que Satchel e sua tropa voltam falando que em SP é muito fácil achar Glory holes a cada quadra – e executa a canção de mesmo nome do álbum All you can Eat, de 2014. Em vias de encerramento, perguntam à plateia se querem mais, e recebem como resposta o coro de “one more song” – sendo assim, do mesmo álbum de 2014, terminam a apresentação com Party Like Tomorrow Is the End of the World, propícia para uma noite de quinta-feira na capital caótica em que muitos teriam que acordar cedo na manhã seguinte e encarar algumas horas de transporte público para mais um dia de trabalho. Mas os fãs certamente não se importaram com isso – quem não tem vergonha de admitir que gosta da farofada se esbaldou e se divertiu muito, pois ainda que a banda praticamente viva apenas do sucesso de seu primeiro álbum, a galhofa é compensada pelo talento musical e energia das performances.

Setlist:

Eyes of a Panther

Let Me Cum In

Asian Hooker

The Burden of Being Wonderful

Friends With Benefits

Guitar Solo

Death to All but Metal

1987 (

Ain’t Dead Yet

Impromptu Song for a Girl (“Song for Kim”)

Girl From Oklahoma

Community Property

Party All Day (Fuck All Night)

Encore:

Gloryhole

Party Like Tomorrow Is the End of the World

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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