Resenha de Livro: Pearl Jam – Vivendo No Presente
O Pearl Jam é daqueles grupos de bandas que são ao mesmo tempo que amadas pelo mundo inteiro, é odiada por um universo completo.
Como um dos principais expoentes do movimento grunge, um dos principais da década de 1990, ao lado de bandas como o Nirvana, Alice in Chains e o Soundgarden, o PJ se transformou em um arrasa quarteirão, um blockbuster da música, e se enveredou em caminhos que para alguns se tornam duvidosos, principalmente ao se concentrar na figura principal do grupo, o vocalista Eddie Vedder.
Em mais de 30 anos de carreira, a banda já ganhou diversas biografias pelo mundo a fora e nos mais diversos formatos diferentes possíveis, incluindo o documentário Pearl Jam Twenty, do diretor Cameron Crowe, e que talvez, tenha se tornado o retro mais fiel e centrado que o grupo possa ter.
Porém, no Brasil, tivemos um exemplar interessante correndo estampando a banda em sua capa. Se trata do livro “Pearl Jam – Vivendo no Presente“, escrito por Ronen Givony e lançado pela Estética Torta.
Mas diferente do documentário acima citado, o livro não pretende trazer a história do Pearl Jam fielmente contada passo a passo.
Claro que os primórdios estão lá! O trágico fim do Mother Love Bone com a prematura morte de Andrew Wood, que deu origem a formação do PJ, quando ainda tinham o bizarro nome, Mookie Blaylock. Isso é o ponto de partida para o começo dessa história e não poderia ficar de fora, mas no decorrer das páginas, o livro busca traçar momentos, ao invés de só detalhar gravações de discos, turnê, shows e uma tentativa de mostrar uma banda em ascensão perfeita. Tudo isso está lá, mas mostrando todos os percalços que com isso vieram a acontecer.
O susto do sucesso de “Ten”, onde garotos sem noção alguma do estrelato lançam um disco de estreia e se veem estampados em capas de revistas, programas de TV e em shows com bandas gigantes. A problemática de Vedder e seu processo para se tornar um alguém ativista, um dos motivos que muitos ainda se dividem sobre opiniões da banda, devido a onda da inflada política, principalmente nos últimos anos. Os shows caóticos com o U2, que deveriam ser o carimbo pontual do alavanque do grupo a estratosfera, mas que Eddie fez tudo parecer um pandemônio por criticar o que o grupo principal estava se tornando com o seu Godzilla ajustado para se transformar em um show, mais dos equipamentos do que a banda em si, como ele salienta em diversas das apresentações.
Tudo isso parece estar ali somente como forma de mostrar que Eddie Vedder era apenas um garoto rebelde e sem causa, explodindo sua ira juvenil em um mundo do caos como era o da década de 90, mas a importância da transparência desses fatos ali relatados, se espelha, principalmente aos fãs da banda, sobre como tudo isso foi um espelho para que chegassemos ao que hoje é o Pearl Jam e toda a sua história, toda a sua trajetória, e como partir do seu segundo disco, “Vs”, pois como bem descreve o autor, “Ten” foi um “acidente”, todos esses processos, toda a atitude de Vedder entre os seus colegas, é um retrato virulento de como esse grupo caminhou de uma cidade sem muitas luzes, para colocá-la de vez na rota da história do rock.
O livro é um tanto fiel ao traçar esse caminho e quais foram as pedras pavimentadas para chegar até ali. Com isso, ainda que não seja exatamente um livro biográfico nos seus moldes mais tradicionais, a importância de um livro desses no entendimento de seus inúmeros e estrondosos seguidores é sempre interessantes de acompanhar.
Claro que ainda além de seu conteúdo, contamos com o material rico que a Estética Torta sempre apresenta em seus volumes, e aqui não foi diferente. Temos a icônica foto tirar por Lance Mercer, no Drop in the Park, em Seattle, 1992, que mostra Eddie pendurado na estrutura do palco, enquanto a banda toca diante de uma multidão insana, estampada na capa dura de luxo e folhas com as bordas em vinho. A contracapa traz uma bonita arte com as capas dos discos do Pearl Jam, formando uma bonita colagem ao estilo da banda. Confesso que senti bastante falta de algumas fotos no interior da obra, que poderiam ter melhor ilustrado a narrativa, porém, é compreensível a questão, por simplesmente não se tratar de uma biografia não oficial.
Pearl Jam – Vivendo no Presente pode não ser exatamente a biografia de louros que muitos fãs possam esperar de sua banda favorita, mas é com certeza a que expõe um retrato mais cru, principalmente por se tratar de ter sido escrita por um fã, que busca moldar sua história em um visão que mescla perfeitamente o profissional e o pessoal, fazendo um retrato mais contornado do que é e o que representa hoje essa banda na estratosfera da música. Ame ou odeie, o Pearl Jam está vivo e presente.
*O livro ainda se encontra disponível para venda aqui.
*O site Confere Rock NÃO tem nenhuma parte nos lucros da venda do livro.