Lacuna Coil – “Comalies XX” (2022)

O disco “Comalies” do Lacuna Coil, foi um marco na história da banda. Foi a partir dele que o grupo alcançou uma maior visibilidade nos Estados Unidos, dando assim origem a sua primeira grande turnê, sem contar o grande apreço que os fãs criaram com o registro. Desde o lançamento até hoje, a banda já passou por diversas reformulações e mudanças no seu som. Especificamente, desde o lançamento do disco “Delirium’, o Lacuna Coil tem apostado numa sonoridade de maior peso e mais agressividade, se diferenciando da banda mais melódica e voltada ao gótico, do já longínquo 2002.

Com isso, a banda resolve repaginar o trabalho e lhe dar um novo tratamento, dessa forma, vinte anos após o lançamento original, nasce “Comalies XX“. Cristina Scabbia, Andrea Ferro e companhia, arriscam ao mexer em uma peça tão importante de sua história, mas nada é feito de forma arbitrária. A nova versão não se trata apenas de uma remake, mas sim, algo que tem sua vida própria, mesclando o clássico ao que hoje é o Lacuna Coil, ou seja, temo o disco versão turbinada, recauchutada e soando fresco ao mesmo tempo.

Na abertura com “Swamped”, as características básicas da faixa estão lá ainda, como o vocal tão marcante de Cristina, mas no acompanhamento, as coisas mudam e a música ganha mais corpo e um “up” nos vocais de Andrea. O clássico “Heaven’s A Lie” é uma das novas versões que mais se tornaram de fato nova. Contando com uma participação maior de Ferro, e há leves alterações em seu refrão, mas mantendo sua forte identidade. “Daylight Dancer” é um dos maiores destaques do disco. A música ganha uma densidade e atmosfera sombria e Cristina simplesmente domina os minutos com uma potência absurda em cada linha colocada na gravação. “Humane” é uma das que mais ganham ares do novo formato da banda compor e poderia muito bem ter integrado qualquer um dos dois últimos registros. “Tight Rope” ganha traços mais marcantes e linhas muito mais pesadas, se tornando um dos grandes destaques do álbum. “Unspoken” é mais uma que merece o reconhecimento por aqui, e me remeteu ao som do Evanescence em seus dois últimos discos, o que mostra como o Lacuna Coil quis colocar a nova versão em um som mais moderno, dentro de seus próprios moldes, mas sem perder a visão do que está acontecendo ao redor. A faixa título encerra o disco, cantado em italiano, língua nativa da banda e fecha com classe o trabalho.

O Lacuna Coil se tornou um dos queridinhos dos fãs do gothic metal e não a toa. Se renovando, sem medo de buscar novos momentos e novos ares, e até mesmo brincando com seus clássicos e não erra a mão na investida. Se você é dos amantes das experiências do grupo, se delicie com o novo velho aqui apresentado.

NOTA: 8

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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