Resenha: Crownshift – “Crownshift” (2024)

Crownshift surge como uma revelação no cenário musical, embora seus membros já sejam figuras tradicionais do meio. Daniel Freyberg, Jukka Koskinen e Heikki Saari, conhecidos de bandas como Naildown e Norther, decidiram dar um passo além com um novo projeto. Abandonando a posição de vocalista principal, Freyberg passa a integrar a formação ao lado do vocalista Tommy Tuovinen, cuja marca no death metal melódico finlandês, especialmente com Mygrain, é inegável.

O quarteto está pronto para lançar seu álbum de estreia homônimo em 10 de maio de 2024, pela Nuclear Blast Records e trazido ao Brasil pela Shinigami Records. A faixa de abertura, “Stellar Halo”, estabelece o tom com melodias de teclado envolventes e uma dinâmica que mescla melodeath vigoroso com elementos progressivos. Inspirada por influências como Children of Bodom e Naildown, a música encapsula perfeitamente a essência do Crownshift ao longo do disco, com seus ganchos melódicos e energia contagiante.

Rule The Show” mantém o ímpeto, fundindo death metal melódico com sintetizadores ricos, evocando uma entrega vocal distintiva que ecoa o estilo de Devin Townsend. Elementos do progressivo são adicionados à composição, ampliando suas texturas sonoras.

O single “A World Beyond Reach” oferece uma amostra da diversidade do álbum, combinando tons melódicos com influências sutis de AOR, lembrando uma fusão imaginária entre Children of Bodom, Soilwork e Mnemic, com um toque de Journey.If You Dare”, também lançado como single, destaca-se como uma das melhores faixas do álbum, com performances vocais destacadas de Tuovinen e um solo de guitarra arrebatador.

Para os apreciadores de músicas mais lentas, “My Prison” apresenta um groove envolvente, embora alguns possam esperar uma presença mais proeminente do baixo na mixagem. Contrastando com a intensidade de “The Devil’s Drug”, uma incursão no groove metal, a versatilidade vocal de Tuovinen se destaca mais uma vez.

“Mirage”, uma faixa instrumental centrada na guitarra de Daniel Freyberg, evoca paisagens sonoras que variam de sutilezas inspiradas em Tool a melodias calorosas ao estilo Amoprhis. Encerrando o álbum, “To The Other Side” é uma epopeia de 10 minutos que combina elementos melodeath com uma progressão fluida, evidenciando a habilidade de Heikki Saari na bateria.

A produção de Rami Nykänen, conhecido por seu trabalho com bandas emergentes de metal moderno na Finlândia, como One More Lefting, entrega um som moderno e massivo ao álbum, sem excessos de polimento. Embora a diversidade do álbum possa desafiar a categorização tradicional, isso só aumenta a curiosidade sobre os próximos passos do Crownshift.

“Crownshift” exibe uma composição sólida com várias faixas destacáveis. Se há uma crítica, é a diversidade que, por vezes, pode obscurecer a identidade sonora do Crownshift. No entanto, para os fãs de metal melódico com uma pegada intensa, este álbum de estreia promete uma experiência gratificante e intrigante, estabelecendo firmemente o Crownshift como um nome a ser observado no cenário musical contemporâneo.

NOTA: 8

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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