Blind Guardian emociona fãs engajados com volta de faixas ao setlist e clássicos que levaram a coros expansivos
Texto: Tiago Silva
Fotos: André Tedim
Pouco menos de dois anos se passaram desde as últimas passagens do Blind Guardian pelo Brasil, como no Summer Breeze, em abril de 2023, e uma série de shows pelo Brasil em novembro daquele ano. A saudade dos fãs, no entanto, foi evidente no Hot Stage, com uma legião que, do início ao fim da apresentação do grupo de Power Metal, não deixou de cantar por um segundo, principalmente nos refrões. O mais incrível – e sim, eu presenciei isso no Lounge – foi ver pessoas que, mesmo que não tivessem trocado meia dúzia de palavras na vida, se abraçaram e cantaram as letras das faixas da banda alemã de Power Metal como se fossem amigos de longa data.
Frederik Ehmke (bateria), Marcus Siepen (guitarra), André Olbrich (guitarra), Johan van Stratum (baixo), Michael Schüren (teclado) e o icônico Hansi Kürsch (vocal) entraram no Hot Stage às 17h30, ovacionados sob o inicio de “Imaginations From the Other Side” e sendo acompanhados pelos coros do refrão da música. A dupla de guitarristas, inclusive, fizeram o melhor em seus solos. Em seguida, além das saudações enfáticas de Hansi, o vocalista também lembrou que, no dia anterior, André Olbrich fez 58 anos, o que levou a um coro parte de “parabéns”, parte em nome do guitarrista.
Seguindo o setlist, que conteve 12 faixas, a banda tocou “Blood of the Elves”, do último disco lançado, “The God Machine” (2022) e que também foi comemorada pelo público, devido à sonoridade pautada na constância dos pedais duplos e ótimas linhas de guitarra. Porém, a ênfase dos coros foi ainda maior com “Mordred’s Song”, tocada pelo Blind Guardian pela primeira vez desde 2017 e cujos cantos do público ocorreram na maior parte da música em questão. “Violent Shadows” e “Into the Storm” foram outros dois grandes sons a serem tocados e seguirem o mesmo roteiro entre banda e público.
Hansi Kürsch continuou a elogiar o público ensandecido nas pistas do Bangers Open Air. Ele, junto a banda, trouxe a segunda surpresa do setlist, “Tanelorn (Into the Void)”, tocada pela última vez em 2016 e que trouxe mais das boas linhas de pedal duplo de Frederik Ehmke, além de agudos pontuais do vocalista do Blind Guardian. Na sequência, a “noite bonita com pessoas bonitas”, denominada pelas palavras de Hansi, ganhou um ar emocional com “Bright Eyes”, graças a uma letra pautada na luta interior e os enfrentamentos da vida, somados a coros de um público já entregue para um início de noite mágico.
O que se viu a partir desse momento da segunda metade do show foi um verdadeiro desfile de faixas icônicas da banda, somadas a um público ainda mais intenso nos cantos. Primeiro, veio “Time Stands Still (At the Iron Hill)”, com o caso dos fãs se abraçando que citei no início e um ótimo solo de André Olbrich. Depois, a poderosa “And the Story Ends”, apesar dos bumbos duplos ficarem mais altos, manteve o volume do público em alta… no entanto, não foi como em “The Bard’s Song – In the Forest”, clássico do álbum “Somewhere Far Beyond” (1992), na qual o público se entregou ainda mais e fez um primoroso coro com Hansi e o instrumental acústico – a ponto de muitas pessoas do Lounge, naquele momento, chorarem de emoção.
As duas últimas músicas do setlist sacramentam a apresentação épica do Blind Guardian com o melhor de seu Power Metal. A penúltima foi “Mirror Mirror”com ótima sonoridade de todos os membros da banda e que foi aclamada do início ao fim. A última, como não poderia faltar, foi “Valhalla”, faixa que, assim como em “The Bard’s Song”, trouxe um coro – o último – épico por parte dos fãs e que, pessoalmente, me impressionou por conseguir, conforme me deslocava para o Sun Stage no meio da multidão, observar a amplitude dos cantos da galera durante todos os momentos do refrão “Valhalla, deliverance / Why’ve you ever forgotten me?”, com pessoas no meio, no fundo da grande pista e até mesmo no aguardo do W.A.S.P. no lado do Ice Stage cantando alto. O mesmo trecho foi ecoado em uma extensão da música e após o final dela, de modo que o fim do show se tornou ainda mais marcante e que, para os fãs do Blind Guardian e os não-fãs que assistiram da mesma forma, ficará na cabeça por um longo tempo.
Uma das melhores bandas do estilo, valeu!!!!
Adoro ouvir Blind. Abraços