Angra Fest traz o melhor da música pesada ao Rio de Janeiro

Texto por Tarcísio Chagas
Fotos cedidas gentilmente por Paty Sigiliano
Parece que domingo vem sendo o dia da semana escolhido para eventos de rock pesado aqui no Rio de Janeiro. Dessa vez, tivemos o Angra Fest, festival itinerante que vem passando por diversas cidades no Brasil. Infelizmente, MAIS UMA VEZ, o público presente no Vivo Rio foi aquém do esperado, corroborando com a minha tese que o Rio é o túmulo do Rock. Dessa vez qual vai ser a desculpa para esse pessoal ter ficado em casa?
VIPER
O Viper começou a noite cheio de energia, entrando no palco coma nova e ótima “Under The Sun” e logo na primeira música, deu para notar que o som da casa estava maravilhoso. Ouso a dizer que foi um dos melhores que já presenciei em muitos anos e facilitou a vida do quinteto, aliás, como canta esse Leandro Caçoilo? Carisma e potência em um nível estratosférico! A sua interpretação na seminal “Knights Of Destruction” foi de emocionar.
O baterista Guilherme Martin, recém recuperado de um acidente sério, continua espancando seu instrumento como sempre e Kiko Shred (guitarra) foi uma ótima adição a banda, como presenciamos em “Cry From The Edge“. Os velhos da banda, Felipe Machado (guitarra) e a LENDA Pit Passarell no baixo, mostraram que estão rejuvenescidos com essa formação, com direito a um solo a la Jimi Hendrix, com Felipe empunhando a sua guitarra nas costas, enquanto Pit cantou “Coma Rage” com a ajuda do Caçoilo e foi bem demais.
Um parágrafo a parte para falar da homenagem ao saudoso Andre Matos, ex-vocalista da banda. Leandro Caçoilo ressaltou a importância dele na história do Viper e quanto ele se sentia honrado por estar ali cantando suas músicas. Seguimos…
A esperada “Living For The Night” foi cantada por todos em uma versão que facilitou a participação do público, descambando no seu maior hit, “Rebel Maniac” (bons tempos da Mtv) que finalizou primorosamente a apresentação do Viper. Como dizem por aí, “Eles estão na ponta dos cascos”.
MATANZA RITUAL
Tenho que confessar que nunca fui fã do Matanza original. Sim, sempre achei a figura do Jimmy London simpática e só, apesar de ter visto 2 shows de sua antiga banda sem prestar muita atenção. Fui de coração e mente abertos e que surpresa boa, meus amigos.
Ao lado de Amilcar Christofaro (bateria e membro do Torture Squad), Renan Campos no baixo e o insano Antônio Araújo (guitarra), Jimmy colocou um público supostamente mais chegado ao lado melódico do Metal, para cantar aqueles hinos hardcore da bebedeira muito, mas MUITO alto. Eu me surpreendi, confesso.
Eu Não Gosto De Ninguém“, “Mulher Diabo” e a minha favorita “Ela Roubou Meu Caminhão” levaram o Vivo Rio ao êxtase e ainda devo destacar no meio desse show brilhante, nosso Zakk Wylde (careca) tupiniquim. Não em termos sonoros e visualmente, só com sua barba, mas Antônio Araújo parecia um segundo frontman regendo o público de forma imponente me lembrando muito o guitarrista do Black Label Society.
Sinceramente, estarei presente sempre que o Matanza Ritual tocar aqui no Rio. Definitivamente, eles me ganharam.
ANGRA
Chegamos a hora mais esperada da noite, a apresentação dos Reis do Metal Melódico Brasileiro, é claro que estou falando do Angra. Mesmo que apenas tenhamos seu líder incontestável Rafael Bittencourt na banda da formação original, a essência está toda lá, 30 anos depois.
Apesar de gostar da música, não entendi começarem o show com “Newborn Me”, do disco “Secret Garden”, um tanto prog para mim, “erro” que foi consertado na sequência com dois clássicos. “Nothing To Say” e “Angel’s Cry” são hinos do Metal brasileiro, não, do Metal mundial e ao longo dessas músicas, me veio na cabeça uma pergunta: Por que o vocalista Fabio Lione tem tantos detratores? Numa boa, o cara canta muito e domina o palco como poucos e isso só mostra o equívoco dessas pessoas.
Apesar do pouco público, percebi que eram fãs de verdade em sua maioria. Cantando as músicas “lado B” como “Travellers Of Time” e “Ego Painted Grey”, a participação desses fiéis mostrou que apesar de agonizar, o Heavy Metal se mantém vivo na alma de poucos, porém bons seguidores.
A belíssima “Late Redemption” me surpreendeu ao vivo. Seguramente foi o momento mais bonito do show e trouxe o Rafael Bittencourt fazendo as partes originalmente gravadas pelo maravilhoso Milton Nascimento e se isso não bastasse, “Rebirth” veio na sequência e o Angra Fest virou praticamente uma casa de karaokê.
Outro momento marcante foi “Lease Of Life” do fraquíssimo “Aqua”(2010). Com um arranjo altamente sofisticado, foi um destaques da noite com a presença da guitarra solo de Marcelo Barbosa, aliás, a banda toda merece menção. O Angra foi impecável em todos os sentidos e devo citar o baixista Felipe Andreolli sempre muito seguro e um dos maiores bateristas da nova geração, o não-tão-garoto Bruno Valverde.
Depois de uma “Black Widows Web” com Rafael cantando as partes da Sandy e Lione fazendo um gutural, chegamos ao momento mais esperado por mim, a parte acústica. Rafael Bittencourt ficou sozinho no palco e cantou uma das primeiras composições do Angra, “Reaching Horizons” para engatar em um discurso muito bonito e singelo, falando da importância do Viper na existência do Angra e do prazer que foi ter uma parceria com o saudoso Andre Matos. Com Fabio Lione ao seu lado, a dupla executou uma versão emocionante de “Make Believe”. Impossível não ficar com lágrimas nos olhos.
Depois desse momento empolgante, o show deu uma esfriada até o final da parte normal, só que na sequência o bis trouxe o medley de “Carry On/Nova Era” e aí foi um golaço com direito a aquelas rodas tradicionais que acontecem nos shows de rock pesado, fechando o Angra Fest de maneira apoteótica.
Nossos agradecimentos a Top Link e ao Vivo Rio pela cortesia e credenciamento.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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