Fear Factory, Korzus e Skin Culture: grandes nomes do metal moderno marcam presença em SP

FOTOS: BEL SANTOS

Na última terça-feira, 06 de junho, a Fabrique Club, na capital paulista, recebeu o aguardado show de retorno do Fear Factory, que veio acompanhado das nacionais Skin Culture e Korzus.

Pontualmente às 19:30h, sobe ao palco a Skin Culture, para esquentar os motores de um ainda tímido público, com seu death core groovado com pitadas de djent. Celebrando 19 anos da trajetória da banda, o vocalista Shucky Miranda chega empolgado e mostra toda sua potência vocal abrindo com “Fall on Knees”, subindo nos PAs e chamando a galera pra colar junto ao palco.

Emendando com “Supernatural Catastrophic“, Diego Santiago deixa claro que é lenda a história de que “nem se ouve o baixo nesse estilo de som”, com seu timbre poderoso e linhas bem destacadas, que não se deixam abafar nem mesmo pela agressividade da bateria, nesse show a cargo de Chris Oliveira (filho de Rodrigo Oliveira, do Korzus) – o batera oficial da banda, Rafael Ferreira, teve dificuldades para retornar dos EUA. Já em “Breathing Sulfur“, o destaque fica para o guitarrista Fred Barros, que além dos riffs e tappings, exibe também excelentes backing vocals melódicos, contrastando muito bem com os vocais rasgados de Shucky. Para a faixa seguinte, “Set me Free“, é chamado um convidado para dividir os vocais: Sérgio Ogres, da banda paulista de hardcore Punição. Agradecendo a participação de Sérgio, Shucky aproveita também para fazer um emocionado discurso sobre como a pandemia afetou a banda, que mal teve tempo de divulgar o mais recente album (Lazarus Eclipse, lançado em meados de agosto de 2019), e que durante esse período, perdeu o baixista Gabriel Morada e o empresário Silvio Palmeira; e diz que apesar de tudo, a sensação de voltar aos palcos é muito gratificante. Compõem o setlist ainda “Devil 19“, “An Ocean of Lamentations“, e para encerrar, a brutal “Suicide Love“.

Às 20:30h, já com a casa mais cheia, chegam os veteranos do thrash metal nacional Korzus, com certeza uma das maiores representantes do nosso país na cena global. Abrindo o set, “Guilty Silence“, e sem delongas, já mandam “Raise Your Soul“, que sempre faz a galera bater cabeça e cantar junto. É impressionante a harmonia entre o lendário baixista Dick Siebert, membro desde os primórdios da banda (1983), com o guitarrista Antonio Araújo, o “novato”, no grupo desde 2008.

O show segue com “You Can’t Stop Me” (mais recente single, de 2021, produzida pelo guitarrista Heros Trench) e “Never Die“. Em “Beware”, o frontman Marcello Pompeu, sempre muito comunicativo, pede para todos fazerem o símbolo do metal com as mãos. Em “Respect”, abre-se o mosh, e quando o público começa o coro “Korzus, Korzus”, Pompeu brinca que isso é muito clichê e puxa um “Ole ole ole”, levantando ainda o coro masculino e o feminino para cantarem “I See Your Death”, refrão de “What Are You Looking For“. O show segue com “Discipline of Hate“, do álbum homônimo de 2010, e “Truth”, do mesmo álbum, faixas onde Rodrigo Oliveira desce o braço sem dó na bateria. E, como não poderia deixar de ser, o encerramento é feito com o clássico “Correria”.

E com um pequeno atraso que quase mata os espectadores de ansiedade, às 21:55 finalmente sobem ao palco os americanos Pete Webber (bateria), Tony Campos (baixo e também integrante do Static X), Dino Cazares (guitarra / backing vocals) e a novidade nos vocais: o italiano Milo Silvestro, marcando o retorno do Fear Factory à atividade, depois da polêmica saída do vocalista Burton C. Bell, que ficou 30 anos na banda e inclusive gravou o álbum mais recente, “Aggression Continuum“, de 2021. Abrindo com dois sons do álbum “Obsolete” (1998), “Shock” e “Edgecrusher”, Milo fala, em português, que quer ver todo mundo pulando, o que já estava acontecendo, pois a empolgação da casa – agora bem cheia, em plena terça-feira – era visível.

Seguindo com alguns sons da década de 2000, são executadas “Recharger”, acompanhada de um grande moshpit, “Dielectric”,Soul Hacker” e “Powershifter”. Milo provoca a plateia, dizendo que os brasileiros cantavam “quase tão alto quanto os mexicanos” (onde tocaram 2 dias antes), o que, claro, faz os fãs se esforçarem para acompanhar seus berros a plenos pulmões. Chega a hora de apresentar “Disruptor”, a única faixa do trabalho mais recente, emendando no hit “Linchpin”, de 2001. Uma breve pausa nos moshs para recuperar o fôlego com “Descent”, e “What Will Become?“, e então Dino é quem vem conversar com a plateia, dizendo que “nunca pensou que iria tocar isso ao vivo” e pedindo para todos cantarem a linha “open your eyes” em “Archetype”, do álbum homônimo de 2004 – justamente o período quando ele havia saído da banda e recebido algumas alfinetadas de Burton. Milo elogia a interação da plateia: “Maravilhoso”.

A segunda metade do setlist é toda dedicada à década de ouro do metal industrial, os anos 90, então seguem com “Demanufacture” e “Zero Signal“. Dino agradece novamente a receptividade do público para com o baterista Pete – cobrindo com maestria a ausência de Mike Heller, que não pôde participar da turnê – e para com o novo vocalista, a quem confessa que no início, se referiam como “the kid” (o moleque), por ser o mais jovem, e antes de mais nada, um fã da história do FF, mas que agora passaram a nomeá-lo “The italian stallion” (algo como “o garanhão italiano”), devido à sua impecável performance em palco.

Na reta final do setlist, vem o hit “Replica”, onde todos cantam juntos “I don’t want to live that way”, e tanto a banda quanto o público esbanjam que ainda têm energia de sobra para encarar “Martyr” e “Scapegoat”. Fechando essa memorável e única passagem da turnê em solo brasileiro, a bela e emotiva “Resurrection” não deixa dúvidas de que essa formação deu muito certo e que o Industrial/Groove metal ainda tem seu espaço e carisma.

Agradecimentos a Tedesco Comunicação pelo credenciamento.

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