Festivais são cancelados no Reino Unido e promotores mostram preocupação

Segundo uma reportagem escrita pelo The Guardian, nada menos do que nove festivais tradicionais do Reino Unido saíram da grade de eventos anuais locais, e isso tem preocupado os promotores.

Ella Nosworthy, que dirige o festival Nozstock disse:

“A posição do Reino Unido como líder em música ao vivo está em jogo. Parece dramático dizer isso, mas é isso que acontece se esses festivais e eventos menores não forem protegidos.

Nosworthy diz que o custo de realização do seu festival aumentou 40% desde a pandemia, com tudo, desde o aumento dos honorários dos artistas até à saída de pessoal qualificado da indústria, tornando a viabilidade do evento cada vez mais difícil: 

“Chegámos a um ponto em que esperávamos cinco anos sem qualquer lucro e que empresa pode lidar com isso? Poderíamos ter continuado, mas tivemos que pensar em reduzir nossos custos porque o risco estava ficando muito grande.”

No ano passado, os festivais, Dominion que contaria com o Blind Guardian e o ManorFest, que teria o Moonspell, Overkill e My Dying Bride, ambos no Reino Unido, foram cancelados.

A importância de festivais na economia

Mais do que promover entretenimento aos amantes de música, seja qual for seu estilo favorito, os festivais tem uma parcela muito grande de impacto na economia local quando é realizado.

Segundo uma reportagem do Consulting Club em 2021, usando o Rock in Rio como exemplo, diz:

“A fim de se entender melhor o mercado em questão, tomemos como exemplo a última edição do Rock in Rio, realizada entre setembro e outubro de 2019, na cidade do Rio de Janeiro. Ao reunir um público de mais de 700 mil pessoas ao longo dos 7 dias de festival, a festa conseguiu movimentar cerca de 1,7 bilhões de reais, de acordo com The Rio Times. Além disso, o festival empregou 25 mil pessoas, entre voluntários, colaboradores fixos e temporários,

Os maiores exemplos desses patrocinadores são as redes de comida e de bebida, como o Bob’s, que investiu cerca de 12 milhões de reais para o marketing e para as vendas na festa, e a Heineken, que destinou 25% do seu investimento de marketing para ter exclusividade de vendas no evento. Foram mais de 1,5 milhões de copos de cerveja vendidos, gerando uma receita de quase 20 milhões de reais. 

Outro ponto importante de se destacar é o crescimento do turismo na cidade. Cerca de 60% do público do Rock in Rio vem de outros estados e até mesmo de outros países. A estimativa é que o festival tenha atraído cerca de 450 mil turistas. Com isso, a ocupação hoteleira do Rio de Janeiro chegou aos 78% no primeiro fim de semana do evento e subiu para 84% no segundo (números consideráveis quando comparados aos meses anteriores, em que a faixa de ocupação ficava na casa dos 60%), gerando uma receita estimada de 74 milhões de reais para os hotéis e representando uma arrecadação de 3,7 milhões em Imposto Sobre Serviços (ISS) para os cofres municipais.

Outro setor que também se beneficia da festa, principalmente pelo aumento da circulação de pessoas, é o transporte. A operação do metrô registrou cerca de 376 mil passageiros durante o festival, enquanto o BRT obteve uma média de 45 mil passageiros por dia, totalizando 315 mil no fim do festival. Considerando o preço das passagens, esses dois números sozinhos já somam um total de quase 2,9 milhões de reais para a Prefeitura do Rio. Além disso, estima-se que quase metade dos 210 mil passageiros que chegaram na Rodoviária do Rio de Janeiro durante os 7 dias de Rock in Rio vieram para ver os shows, e que o Aeroporto Santos Dumont recebeu cerca de 345 mil passageiros, 45 mil a mais do que na última edição do festival. A Uber chegou a bater recorde: transportou cerca de 150 mil passageiros no período do evento. Isso sem mencionar também a Primeira Classe, transporte fretado pelo próprio festival a um preço de 100 reais (ida e volta inclusas), que levou mais de 145 mil pessoas, chegando a quase 15 milhões de reais em receita.

O Brasil parece ter sido um bom local para o entretenimento da música, com grandes festivais acontecendo por aqui, como a volta do Monsters of Rock em 2023, a estreia do Summer Breeze e do The Town, dos mesmos criadores do Rock in Rio além do Knotfest, Lollapalooza, Primavera Sound, João Rock, e o Tomorrow Land, sem contar os diversos shows solos anunciados.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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