Guns N’ Roses afoga haters com Axl Rose em plena forma e transforma o Allianz em êxtase do rock

Três anos após sua última passagem pelo Brasil, o Guns N’ Roses está de volta ao país, mais precisamente, a São Paulo, no Allianz Parque, com ingressos esgotados e uma lotação absurda, quebrando o recorde de público desse ano com mais de 40 mil pessoas ali.

Tristemente para os haters, a imagem de banda caída próximo ao seu fim passou longe na noite do último sábado, principalmente ao se tratar de seu vocalista, Axl Rose. O homem está em plena forma, correndo de um lado para outro no palco, estando presente praticamente o show inteiro no palco, e não deixa o pique cair em momento nenhum e cantando plenamente durante mais de 3 horas seguidas, entregando um verdadeiro show de rock como todos esperam.

A noite ficou a cargo do Raimundos no esquenta, e a banda teve uma ótima aceitação em São Paulo. Começando com um pequeno atraso de dez minutos, a banda brasileira subiu ao palco iniciando o show com “Os Calo“, deixando a energia lá em cima com o som pesado, visceral e muito, muito alto. Na sequência, o clássico “Esporrei na Manivela” o coro da plateia foi alto e colocou a pista e a arquibancada para cantar. Daí vieram outras pérolas como “Me Lambe“, “Reggae do Manêro” e “I Saw You Saying (That You Say That You Saw)“, que levantou mãos em unidade tornando um momento um tanto emblemático para o Raimundos e a sua história gigante para dentro do rock brasileiro.

A essa altura, Digão teve alguns problemas com o seu microfone, o que parece irritar um pouco o guitarrista e vocalista, que na sequência fez uma brincadeira com o fato dizendo, “cuidado com esse negócio de microfone aí que vai dar mer**”.

Em “Be a Bá“, o final foi emendado por “Raining Blood” do Slayer, arrancando gritos da plateia. A sequência final ficou com “A Mais Pedida“, um dos grandes clássicos dos anos 90, que explodiu nas rádios. “Mulher de Fases“, que botou uma galera para pular, e o final com a pesada “Eu Quero é Ver o Oco”.

O Raimundos crava a sua presença e coloca respeito em abertura para uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. E eles vem aí!

Pontualmente as 20 horas, as luzes se apagaram e os primeiros acordes de “Welcome to the Jungle” anunciaram que pelas próximas 3 horas, o Allianz Parque seria um coletivo de vozes e emoções.

A abertura é potente, com a banda afiada e assim sendo a estreia do baterista Isaac Carpenter em São Paulo, que mostra jovialidade ali, abusa de pedais duplos nos andamentos e carrega uma energia nas alturas. Duff McKagan assume seu posto e infelizmente foi um pouco prejudicado pelo som que deixava seu baixo apagado em diversos momentos do show, mas não deixando passar a oportunidade de seu destaque no meio da faixa inicial. Slash usa e abusa de sua guitarra, ainda que parecesse estar um pouco cansado nessa noite, estando bastante parado durante os minutos que decorreram a apresentação.

Passado o impacto da abertura marcante, “Bad Obssession” vem em seguida e mostra Axl com pleno domínio da sua voz e fôlego. “Chinese Democracy” é bem recebida pelos fãs e mostra que o disco envelheceu bem e tem melhor aceitação atualmente do que na época do seu lançamento. “Mr. Browstone” é clássico e sempre tem uma reação incrível do público. “It’s So Easy” é outra que nunca falta e sempre coloca o público em coro. Até aqui tudo funcionava corretamente com o som, com a estrutura e a entrega de um show de arena como deve ser feito.

Slither“, do Velvet Revolver de Slash e Duff é uma ótima sacada dentro do setlist, ainda que exista uma grande diferença entre os timbres de Axl e Scott Weiland, a música se adequou muito bem a nova proposta. “Live and Let Die“, do Wings e imortalizada na voz de Paul McCartney, é um grande momento no show, com um telão interativo “explodindo” na parte mais agitada da faixa.

Além dos clássicos, houve espaço para as “novatas”, “Perhaps“, “Absurd” e “Hard Skool“, que parecem cumprir bem o seu papel com o seu público mais aficionado, mas não ter chegado tão bem aos novatos ou aos que estão mais ligados nos grandes clássicos, ainda que ambas funcionem muito bem ao vivo.

Depois de participar do Back to the Beginning do Black Sabbath, o Guns fixou “Sabbath Bloody Sabbath” em seu setlist e é um dos momentos mais esperado do show, e com direito com um Ozzy Osbourne aparecendo no telão e arrancando aplausos da plateia. Ainda há tempo para “Never Say Die“, ainda em homenagem aos pais do heavy metal.

E por falar em covers, era hora de Duff assumir os vocais em “Thunder and Lighting” do Thin Lizzy e o homem manda bem demais na função, fazendo um dos melhores momento do show, em uma pegada mais “suja” da música e que se encaixa perfeitamente dentro da proposta ali. “You Could Be Mine“, marcada por ser a trilha de O Exterminador do Futuro 2, é potente em sua introdução, cheia de peso e o baixo estalando e mostrando um Slash mais “acordado” nessa. Ao final, Axl apresenta toda a banda, com o guitarrista Richard Fortus, Dizzy Reed no teclados e Melissa Reese, também nos teclados e vozes. Por fim, o vocalista apresenta Slash, que logo emenda seu solo.

É claro que ainda havia o momento apoteose do show. Nas primeiras notas da introdução de “Sweet Child O’ Mine” o Allianz quase veio abaixo, e um mar de celulares foi levantado adiante do palco para registrar um dos maiores hits que a banda já produziu em toda a sua carreira e o êxtase foi completo no terceiro solo de Slash, com airguitars por todos os lados e pessoas vibrando com cada nota emitida pelo guitarrista. Logo após o final de “Civil War“, o Yamaha gigantesco de Axl é posicionado e todos sabem o que vem em seguida.

November Rain“, com um Axl montado em um visual todo brilhante e se posiciona, dando os primeiros acordes da icônica faixa, que por seu mais de 9 minutos, encanta o lugar com lanternas de celulares levantadas, assim como aconteceu na também clássica “Dont Cry” anteriormente, faixa esta que andou afastada do setlist da banda por algum tempo mostrando uma escolha errada, já que a ovação nos primeiros acordes dela foi gigantesca. Voltando as “chuvas”, um telão interativo mostrando gotas de água é estrategicamente feito compondo o ambiente para a faixa, que parece causar uma hipnose nos fãs ali presentes.

Indo para o final, “Nightrain” tira forças que o público já não tinha mais para um último suspiro, mas não termina aí, pois ainda falta a presente e de riffs pesados, “Paradise City“. A música é um porrada massacrante ao vivo e não perdoa o fã ali em pé a essa altura, por mais de 3 horas. É o encerramento perfeito para uma noite grandiosa.

Como dito lá atrás, no começo desse testemunho, se o hater esperava um achincalhado show para criar mais bobagens pela internet, não foi dessa vez que acharam combustível. O que foi entregue aqui foi uma banda redonda, afiada e com desejo de entregar o máximo a seus fãs, que com certeza saíram dali com satisfação na alma ao estar diante de veteranos entregando tudo que tem, sem necessidade alguma de provar mais nada a ninguém, mas ainda assim, fazendo o seu show com respeito e fome que seu público deseja ver, principalmente ao se tratar de sua figura central, senhor William Bruce Rose Jr., nosso Axl Rose.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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