Hell Mosh 2023: Krisiun, Torture Squad e WitchHammer quebrando tudo em BH

A noite de sexta do último dia 17 de fevereiro prometia dar início a uma verdadeira festa com pessoas se agitando muito. Se você está lendo isso sabe que não estamos falando do carnaval, mas sim de uma festa brutal regada a muita música pesada e mosh pits insanos. A capital mineira, Belo Horizonte, recebeu o Krisiun, Torture Squad e WitchHammer para mais uma celebração da música pesada no festival Hell Mosh 2023, promovido pela BH Hell´s Produções.

Durante todo o dia a cidade ficou debaixo de chuva, mas isso não seria motivo para espantar o público que se fez presente no Mister Rock, casa de shows que foi palco para o pandemônio sonoro promovido pelas três bandas. Com início previsto para as 20hrs, o WitchHammer foi a banda responsável por aquecer o público que começava a chegar para o evento.

 

WitchHammer é uma lendária banda de Thrash Metal de BH formada por Casito (vocal e baixo), Paulo Caetano (guitarra e vocal), Kiko Ianni (guitarra solo) e Alfredo Malagoli (bateria). As 20:15hrs a banda entrou no palco e foi ovacionada pelo público que celebrava a sua volta aos palcos. Junto da banda estava Larissa Alencar, vocalista que nos shows irá interpretar as passagens originalmente gravadas por Sylvia Klein no álbum “Mirror, My Mirror” de 1990. Após a introdução instrumental “Harmony of Violence”, Larissa entra no palco soltando sua voz operística em “A Party for the Sunrise” enquanto a banda mandava ver na quebradeira. Logo entra Casito fazendo um dueto com a Larissa, que aqui já havia saído do vocal lírico para o gutural.

A banda seguiu percorrendo por vários de seus clássicos que incluíam “The Worm That Turned Into Man”, “Liberty” e “Mirror My Mirror”. O som do grupo é pesado e conta com belas melodias, principalmente na sua guitarra solo, esta que foi muito bem executada pelo Kiko Ianni, ótimo guitarrista. Antes de “Underground Ways”, Paulo Caetano conversou com o público e falou da importância de apoiarmos a cena underground. Durante a música algumas rodas de mosh já podiam ser vistas. A banda é muito experiente e fez sua apresentação de uma forma bem segura. O som estava bom apesar de algumas microfonias, mas isso não atrapalhou a execução das faixas. Larissa impressionou pela sua capacidade e versatilidade no vocal e posso dizer que foi uma ótima decisão da banda de trazê-la para se apresentar ao vivo. Para fechar, mandaram mais três pedradas de tirar o fôlego, “Leather Boy”, “Ouija Board” e “Witchery”. Foi um show de respeito conduzido por uma banda experiente.

A casa de shows já estava bem mais cheia quando os preparativos para a entrada do Torture Squad foram finalizados e as 21:40 as luzes se apagaram para dar início ao show. No palco, Castor (baixo), Rene Simionato (guitarra) e Amilcar Christofaro (bateria) davam início ao espetáculo que se seguiria pela próxima hora e executaram a instrumental “Torture Till Die”, uma verdadeira porrada e que fez o público vibrar bastante. No início da segunda música, Mayara Puertas (vocal) entrou colocando a casa abaixo e mandando seu vocal gutural ao extremo em “The Unholy Spell”. É impressionante ver a performance da Mayara ao vivo, sua voz soa mais brutal do que nas gravações de estúdio.

O Torture Squad era muito aguardado principalmente por conta do show que teve que ser cancelado em 2022 devido a pandemia. O público presente aguardou muito o momento de reencontrar a banda nos palcos de BH e eles pareciam querer dar tudo de si ali para compensar essa falta que fizeram ano passado. Foi pedrada atrás de pedrada. “Horror and Torture”, “The Fallen Ones” e “Living for the Kill” não deixaram ninguém parado. Cada um dos músicos impressiona bastante ao vivo e são um destaque a parte. A bateria às vezes soa como uma metralhadora, e nesses momentos a Mayara sempre apontava seu microfone para o público como se estivesse em uma guerra. Falando na vocalista, ela dá um show de carisma e tem uma ótima presença de palco, sempre agitando, interagindo com o público e bangueando.

A banda trouxe um set composto por 12 músicas que foram executadas sem dar tempo de descanso. A noite de clima fresco e chuvoso fora do Mister Rock contrastava com o calor intenso dentro da casa, principalmente por conta das rodas de mosh que eram incessantes. Na penúltima música, “Raise Your Horns”, o público foi à loucura e era impossível ficar parado. “Blood Sacrifice” encerrou o show que correu perfeitamente, deixando aquele gostinho de quero mais. É nítido o quanto músicos gostam e curtem o que fazem, isso é algo que reflete no seu som. O Torture Squad é uma banda que soa muito bem ao vivo e que merece conquistar muito mais espaço do que já alcançou.

Com um espaço de 40 minutos após o fim da apresentação do Torture Squad, o palco já estava preparado para receber o trio formado pelos irmãos Alex Camargo (vocal e baixo), Max Kolesne (bateria) e Moyses Kolesne (guitarra). O Krisiun retornava a BH há menos de um ano desde a sua última apresentação na cidade, que ocorreu no dia 26 de maio de 2022. E o pouco tempo desde sua última passagem pela cidade não fez com que o público deixasse de lado essa apresentação, pelo contrário, a casa estava lotada de fãs sedentos para participar do inferno na terra criado pelos irmãos.

O público já estava bem aquecido por conta das duas apresentações anteriores e quando a banda começou a executar a primeira música, “Kings of Killing”, a casa parecia tremer. O trio tem um controle incrível do seu ritmo e comanda muito bem sua apresentação. O som da bateria do Max consegue estremecer toda a estrutura do local enquanto a guitarra do Moyses desfere riffs pesados. Mesmo diante disso, algo parecia não estar muito bom e Alex Camargo demonstrava estar incomodado. A cada música o som que saía dos alto falantes parecia um soco no estômago em um massacre sonoro que era executado com maestria. “Swords Into Flesh” do último álbum “Mortem Solis” de 2022 soa mais pesada ao vivo. A partir de “Scourge of the Enthroned”, um grande círculo de mosh tomou conta do espaço e fez jus ao nome do festival, Hell Mosh. “Bloodcraft”, “Descending Abomination” e “Combustion Inferno” transformaram o local em um verdadeiro pandemônio.

Até aqui, perto da metade da apresentação tudo parecia correr normal, mas foi aí que ficou claro o porquê Alex estava incomodado. Antes de iniciar mais uma música, ele reclamou da caixa de som que fazia o seu retorno e pediu desculpa ao público, mas eles não tinham culpa de não “receberem equipamentos dignos para tocar”. Para quem assistia isso não estava afetando o som, mas para a banda estava causando muito incômodo. Não foi possível apurar se o problema foi corrigido, mas o que se viu até o fim da apresentação foi metal extremo de qualidade. A banda enalteceu o público brasileiro e agradeceu a cena de BH que sempre apoiou muito o metal, sendo berço de várias bandas de renome e ainda elogiou o WitchHammer por ter feito parte dessa cena desde o início. O caminho a ser trilhado por bandas do estilo não é fácil, mas as coisas se mantém forte principalmente por conta dos fãs.

Perto do fim o Krisiun fez uma homenagem para seus ídolos do Motörhead e executaram “Ace of Spades”. Na sequência tocaram um dos seus maiores hits, a insana “Blood of Lions” seguida de mais uma do seu mais recente lançamento, “Serpent Messiah”. Para encerrar tocaram uma do seu primeiro disco, “Black Force Domain”. O público ficou muito satisfeito com a apresentação e gritava o nome da banda enquanto os músicos se despediam. Foi de tirar o fôlego a apresentação dos gaúchos que esbanjam técnica, controle musical e antes de mais nada, muito carisma.

Foi um belo evento celebrando o Heavy Metal Extremo promovido pela BH Hell´s Produções, produtora que está investindo pesado para trazer artistas autorais e de destaque. Agradeço pela oportunidade de podermos fazer a cobertura do evento e por toda a simpatia da sua equipe técnica. Deixo aqui um agradecimento especial ao Samuel Vilaça (Samuka) e a sua esposa Cibele Lopes pelo trabalho realizado até aqui. E que venham mais eventos como o Hell Mosh!

Setlist

WitchHammer
1-Intro
2-Harmony of Violence
3-A Party for the Sunrise
4-Dartherium 2
5-The Worm That Turned into Man
6-Liberty
7-Mirror My Mirror
8-Underground Ways
9-From a suicide Man to God…
10-Leather Boy
11-Ouija Board
12-Witchery

Torture Squad
1-Torture Till Die
2-The Unholy Spell
3-Horror an Torture
4-The Fallen Ones
5-Living for the Kill
6-Generation Dead
7-No Scape From Hell
8-Possessed by Horror
9-Return to Evil
10-The Curse of Sleepy
11-Raise Your Horns
12-Blood Sacrifice

Krisiun
1-Kings of Killing
2-Swords Into Flesh
3-Scourge of the Enthroned
4-Bloodcraft
5-Descending Abomination
6-Combustion Inferno
7-Vengeance’s Revelation
8-Necronomical
9-Apocalyptic Victory
10-Ace of Spades (Motörhead cover)
11-Blood of Lions
12-Serpent Messiah
13-Black Force Domain

Renan Castro

Um engenheiro que se divide entre realizar cálculos complexos e a escrever sobre música. Mineiro de Belo Horizonte, berço de grandes nomes do metal como o Sepultura e Overdose, fui apresentado ao som pesado aos 12 anos de idade. Sempre tive o sonho de escrever resenhas de álbuns de Heavy Metal e poder divulgá-las para os apreciadores do estilo, por isso criei a página Nerd Banger no Instagram. Com grande foco no cenário nacional, faço o que posso para apoiar os artistas do nosso Brasil!

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