Helloween e Hammerfall em São Paulo: Noite de técnica, musicalidade e acima de tudo, diversão

Na noite deste sábado, 8 de outubro de 2022, São Paulo recebeu grandes nomes do power/heavy metal em uma noite de celebração ao estilo musical.

O palco do Espaço Unimed recebeu o Hammerfall e o gigante Helloween para duas apresentações de pura maestria em uma casa lotada com noite soldout.

Desde a tarde, embaixo de um sol forte e dia abafado, fãs começaram a formar filas cedo e aos poucos foi se criando o mar de camisetas pretas com estampas duas bandas e ainda quem procurasse por ingressos por ali.

Os portões foram abertos às 18:00, com liberação de acesso a imprensa às 18:30, aqui o obrigado pela Mercury Concerts e Catto Comunicações ao nos credenciar. Ao adentrar o lugar, começava a se formar os blocos de ansiosos fãs em cada setor, passando ainda pela parte de merchandising oficial logo que apresentava preços um pouco altos, ,mas dentro dos padrões do que tem acontecido por aí e nada fora da curva.

O Hammerfall era programa para entrar no palco as 20:30hrs, mas algum imprevisto surgiu e a banda acabou não aparecendo nesse horário. Enquanto isso, o público já pulsando de ansiedade foi agraciado por um Iron Maiden nos PA’s. O refrão de “Run to the Hills” foi ecoando em cada canto e pilastras do Espaço Unimed como se a própria banda estivesse ali no palco.

Após algumas outras músicas, as luzes se apagaram e finalmente, Joacim Cains (voz), Oscar Dronjak (guitarra), Pontus Norgren (guitarra), Fredrik Larsson (baixo) e David Wallin (bateria), o Hammerfall surgiu frente a multidão que os recebeu em fervor. Com a capa do último disco, “Hammer of Dawn” setindo de fundo, com o guerreiro de asas no background do palco, a abertura ficou a cargo com uma escolhida do recente lançamento. “Brotherhood” mostrou que a banda sabia de sua responsabilidade de estar preparando terreno para o Helloween, e com a faixa, já mostrou consistência e uma banda mega entrosada, onde os integrantes não tem lugar fixo no palco, andando de um lado para o outro e com a energia lá em cima. Logo na sequência, já se emendou “Any Means Necessary”, com marcação da bateria de Wallin dando o tom. Com o bom e tradicional heavy metal de riffs e agressividade, veio “The Metal Age“, agora com o baixo de Larsson sendo ouvido e os punhos do público levantados em apoio.

Depois disso, foi a hora de Joacim falar com o público, dizendo que estava com saudade do Brasil, Na sequência, ele falou um pouco do novo disco e apresentou a faixa titulo que foi executada de forma categórica. “Renegade”, uma variação de shows recentes, veio dando seguimento, com “Last Man Standing” na bota, com os ares se acalmando na semibalada.

Marcio Machado

Após isso, a banda fez um medley matador com  Hero’s Return / On the Edge of Honour / Riders of the Storm / Crimson Thunder, com a última sendo a de “menor referência” ali, servindo mais de encerramento da peça, o que pode ter deixado alguns fãs “órfãos” de a música em um melhor destaque. Joacim voltou a conversar com o público, dessa vez em um diálogo mais extenso, e perguntou quem estava vendo o Hammerfall pela primeira vez, e quem já esteve presente antes, e acabou confundido alguns na plateia que levantaram a mão em ambas, mas o vocalista fez piada da confusão e levou na esportiva e dizendo que eles não estavam numa escola, mas em um show de heavy metal.

 

 Eles então não perdem tempo em anunciar “Let the Hammer Fall“,  que contou um coro em sua metade que fez o local cantar em uníssono. Joacim então disse que esse era o momento em que eles deixavam o palco e voltavam ao palco, mas por conta do tempo, eles permaneceriam ali e já trouxeram “Hammer High“, O vocalista ainda pediu mais interação gritando “hammer” e o público completando com “fall”, e que ainda trouxe a guitarra personalizada de Oscar, em formato de martelo e o músico o empunhou para que todos vissem a obra. Agradecendo o público, o vocalista disse que queria deixar uma marca calorosa no coração de cada um ali, que foi o gancho para o encerramento com “Hearts on Fire“. O refrão foi cantado com força por todos ali e tornou o momento memorável. Para a despedida, a banda reverenciou o público e ergueu uma bandeira do Brasil sob aplausos.

 

Setlist:

  1. Brotherhood
  2. Any Means Necessary
  3. The Metal Age
  4. Hammer of Dawn
  5. Renegade – substituída na Costa Rica e no México por Blood Bound
  6. Last Man Standing
  7. Hero’s Return / On the Edge of Honour / Riders of the Storm / Crimson Thunder
  8. Let the Hammer Fall
  9. (We Make) Sweden Rock
  10. Hammer High
  11. Hearts on Fire

As luzes se apagam, a cortina se fecha e o logo do Helloween surge ali, o que já foi suficiente para arrancar gritos dos presentes.Balões temáticos foram jogados a plateia nesse momento. Correndo contra o tempo para manter a pontualidade, uma rápida passagem de som da bateria e das vozes, um áudio de “Orbit” surge nos PA’s e um vídeo começa ser reproduzido no telão, com o tema do mago que estampa a capa do último disco homônimo daqueles que são conhecidos como os pais do power metal. Era a abertura do Helloween, que mesmo com os contratempos, conseguiu cumprir o horário. Eis, que surgem no meio de luzes e uma abóbora que com olhos verdes fulminantes, que serve de sobrepalco para  bateria, Michael Kiske (voz) e Kai Hansen (guitarra e voz). Andi Deris (voz), Michael Weikath (guitarra), Sascha Gerstner (guitarra), Markus Grosskopf (baixo) e Dani Löble (bateria). A banda não perdoou e de cara mandou a épica, “Skyfall”, com seus mais de 12 minutos e executada impecavelmente ao seus 101%, de forma soberba. A energia foi incrível, na interação do público que gritava, batia cabeça, fazia “air guitar” nas intrincadas passagens da música. Mesmo anos após a consolidação desse formação “completa”, é absurdo ver como toda esta engrenagem funciona no palco, com os integrantes tendo todos os mesmo protagonismo. Uma aula de musicalidade foi dada já nessa abertura, com um telão projetando o personagem do vídeo do single num alta produção absurda, e o Espaço Unimed foi o lugar perfeito para receber este espetáculo. Já nesse começo, este que vos escreve arrebentou o pescoço em cada passagem dessa magia, mas valendo cada dorflex tomado hoje. São três vocalistas e três guitaritas, fazer tudo isso entrar no eixo não é para muitos, mas eles conseguiram. Na sequência, o Helloween não perdoou e trouxe a clássica “Eagle Fly Free“, no meio de serpentinas que explodiram no público e trouxe o local a uma euforia master (inclusive a minha própria). Os riffs cavalares da canção funcionam como uma luva e o refrão poderoso cantado pelo público transformaram aquele lugar numa simbiose de entrega e receptividade de ambas as partes. Kiske prova estar se afiando cada vez mais e entrega um ótimo momento com só ele nos vocais.

Agora é a vez de Andi brilhar com “Mass Polution” do último disco e mostra que acertou o tom ao ter somente a responsabilidade de executar as melodias que foram criadas exclusivamente para ele e não mais do parceiro. O cantor também mantém sua postura e carisma em alta, a todo momento interagindo com a plateia e fazendo poses no palco. Ele então se revezou mais uma vez com Kiske para trazerem “Future World“, e retorna em “Power”.

Save Us“, que foi tirada dos sets em algumas apresentações e marcou presença como uma das que mais instigaram o público.

No final da canção, Andy se dirigiu ao público referenciando aquele, que conforme ele disse, foi o responsável por todo aquele espetáculo existir, Mr. Kain Hansen. Eis então que o homem assume o meio do palco, deixando a guitarra de lado por um momento e estando somente nos vocais do medley de “Wall of Jericho”, e assim vieram “Metal Invaders”, “Victim of Fate”, “Gorgar”, “Ride the Sky” e “Heavy Metal (Is the Law)”. Há aqui de ressaltar a ótima produção de som do local, onde tudo soa muito bem, ainda que momento ou outro as guitarras se misturem e os vocais soem um pouco baixo, mas isso não foi problema de maneira nenhuma. Outro ponto a ressaltar é a cozinha de maestria com Grosskopf e Löble que amarram o peso da banda no todo, com uma vasta técnica.

Marcio Machado

Feito isso, era o momento marcante do show, com a balada “Forever and One“. Com Kiske e Hansen em rente ao palco sentados, eles lembraram que o DVD da banda foi parcialmente gravado ali anos atrás e pediu para que o público repetisse a mesma energia. Celulares foram levantados com as lanternas ligadas e o refrão cantado em coro.

 

Sascha Gerstner assumiu o protagonismo com um solo sob luzes roxas e sua guitarra personalizada. Na sequência veio o single “Best Time” com um Andi fazendo passos no palco, que mais pareciam uma série de exercícios matinal e sorrindo o tempo todo. “Dr Stein” veio na sequência com um divertido vídeo sendo reproduzido no telão e mais uma vez, Andi esbanjando felicidade, dessa vez em companhia de Grosskopf que também arriscou alguns pulos e um bate cabeça conjunto. “How Many Tears” arrancou ovação do público aos dois vocalistas, e Andi agradeceu em português com Kiske referenciando seu grande ídolo Elvis Presley, girando o braço como o “rei do rock” fazia.

Marcio Machado

Um intervalo de uns dez minutos aconteceu, e logo um sample e a abóbora piscando seus olhos com luzes ao redor anunciou o retorno do grupo para trazerem “Perfect Gentleman“, com um Andi trajado de um colete brilhante, cartola e bengala. “Keeper of the Seven Keys” trouxe o delírio do público. “I Want Out” fez as vezes do encerramento com a banda sorrindo, feliz e imagens temáticas da trajetória da banda e uma versão “cartunesca”apareciam no telão. Assim a banda se despede encerrando sua primeira noite de apresentação ao som da trilha principal do filme “Coração Valente“.

  1. Skyfall (Michael Kiske, Kai Hansen + Andi Deris)
  2. Eagle Fly Free (Michael Kiske)
  3. Mass Pollution (Andi Deris)
  4. Future World (Michael Kiske)
  5. Power (Andi Deris)
  6. Save Us (Michael Kiske)
  7. Metal Invaders / Victim of Fate / Gorgar / Ride the Sky / Heavy Metal (Is the Law) (Kai Hansen)
  8. Forever and One (Neverland) (Michael Kiske + Andi Deris)
  9. Solo de guitarra de Sascha Gerstner
  10. Best Time (Michael Kiske, Kai Hansen + Andi Deris)
  11. Dr. Stein (Michael Kiske + Andi Deris)
  12. How Many Tears (Michael Kiske, Kai Hansen + Andi Deris)

Bis:

  1. Perfect Gentleman (Andi Deris)
  2. Keeper of the Seven Keys (Michael Kiske + Andi Deris)

Bis 2:

  1. I Want Out (Michael Kiske + Andi Deris)

Técnica, metal e musicalidade explodiram nesta noite memorável neste sábado. Mas acima disso, ambas as bandas mostraram que um show de heavy metal pode ser sim diversão de família e sorrisos no rosto tanto da banda como do público e não precisam de carrancas estampadas. O brasileiro e seu calor se chocaram com a entrega do Helloween e Hammerfall, e a junção dessas forças construiu uma verdadeiro espetáculo e que ficará na lembrança de ambos os lados para sempre.

 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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