Missa de domingo diferenciada: noite de muito death metal com Kataklysm e Deicide

TEXTO POR: DANI KIEDIS

No último domingo, 14 de maio de 2023, os paulistanos puderam presenciar um verdadeiro culto ao Death Metal, celebrado no Fabrique Club, na Barra Funda. A casa recebeu dois grandes nomes do gênero em uma das duas passagens por solo brasileiro na turnê “Decimate Latin America Tour 2023”: Kataklysm e Deicide.

Abrindo a noite e esquentando os motores do público, a brasileira Vulture, de Itapetininga/SP, subiu ao palco às 18:25 e já chegou impressionando com o hair spin do guitarrista Yuri Schumann em Unholy Grave. A proposta da banda era aproveitar o tempo de palco para apresentar trabalhos de todas as fases da carreira, desde “Evil War Domination“, do primeiro EP (2005) até o single mais recente, “Mórbido Poder” (2022). A mescla de faixas cantadas tanto em inglês quanto em português mostra a versatilidade do vocalista e guitarrista Adauto Xavier, e funciona muito bem para cativar a atenção do público, que se mostrou receptivo e cantou junto nos refrãos. A cozinha da “desgraceira”, como diz o frontman, não decepcionou e ficou a cargo de Mateus Barros no baixo e Fábio Amaro na bateria.

Dando seguimento ao culto, às 19:30 sobem ao palco os canadenses do Kataklysm, muito aguardados pelo público, que agora se aglomera e se aproxima mais dos músicos. Abrindo com “Push the Venom”, o carismático vocalista Maurizio Iacono, que foi baixista nos primeiros sete anos da banda, pede para ver os “chifres ao alto” nas mãos da galera – segundo ele, “um símbolo de liberdade” – e claro, todos atendem ao pedido. O setlist segue com duas faixas de “Meditations” (2018), “Guillotine” e “Narcissist”, onde o baterista James Payne esbanja a técnica do blastbeat, sem deixar de lado as levadas cadenciadas inseridas no momento certo, características da sonoridade única do grupo. Revisitam o passado com o combo “The Ambassador Of Pain“, “Where the Enemy Sleep” e “Manipulator of Souls“, faixas lançadas há mais de 20 anos, mas que foram capazes de motivar o público a formar um circle pit e clamar espontaneamente pelo nome da banda, em reconhecimento ao sucesso que esses sons tiveram por aqui. Antes de mandarem mais clássicos, performam” The Killshot“, única faixa desse setlist tirada de seu 14º e mais recente álbum de estúdio, “Unconquered” (2020). Na metade do show, Maurizio dedica “Crippled and Broken” para dois espectadores muito especiais: os irmãos Kolesne, da gigante brasileira Krisiun, com quem excursionaram e, segundo ele, “ fizeram muita doideira” juntos. Continuando o show, os headbangs praticamente sincronizados do guitarrista Jean-François Dagenais e do baixista Stephane Barbe mantêm o público agitado até o encerramento, com “The Black Sheep“. A banda não poupa elogios aos fãs e ainda os brinda com o anúncio de que já estão trabalhando em um novo álbum, que se chamará “Goliath”, e promete voltar para se apresentar após seu lançamento.

Após breve intervalo para troca de equipamentos e para o público se recompor, chegam finalmente os anfitriões do Deicide, banda americana da primeira safra do gênero, fundada no final da década de 1980 pelo baixista e vocalista Glen Benton. Sem cerimônia, executam na íntegra o clássico álbum “Legion”, de 1992. Entre uma música e outra, os guitarristas Kevin Quirion e Taylor Nordberg cumprimentaram alguns fãs na boca do palco e até mesmo entregaram algumas palhetas. Em “Trifixion”, a galera não poupou energias e caprichou no circle pit. Após a última faixa de “Legion”,Revocate The Agitator“, o público começou a pedir diversas faixas, de toda a carreira da banda, que conta com 12 álbuns. O setlist seguiu com uma tríade de músicas do “Once Upon The Cross” (1995), seguida de “Scars Of The Crucifix“, do álbum homônimo de 2004. Benton então demonstra a potência de seus guturais com um urro no início de “Serpents of the Light“, que traz uma letra um tanto quanto mais acessível (se comparada ao restante) e faz os fãs até cantarem junto. Incansável, o baterista Steve Asheim retorna à brutalidade e crueza com “Sacrificial Suicide“, do primeiro álbum; “Homage For Satan“, de “The Stench Of Redemption” (2006), e encerra com “Dead By Dawn“, também do primeiro álbum. A única ressalva, se houve alguma, foi não terem incluído nenhuma música do último album, “Overtures Of Blasphemy” (2018). Um singelo “Thank you very much, motherf*ckers!” e todos estão liberados para sair com a alma (ou o que sobrou dela) lavada – com sangue profano de primeira linha.

Agradecimentos a Erick Tedesco, da Tedesco Comunicações pelo credenciamento. 

 

 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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