Paul Di’Anno debilitado, baterista passando mal, falta de ensaio. Thiago Bianchi conta o que deu errado com show em Fortaleza

Na semana passada, a turnê de Paul Di’Anno pelo Brasil começou. A abertura foi em Fortaleza, mas houveram uma sucessão de erros que transformar o começo em um quase fim.

Falando ao Ibagenscast, Thiago Bianchi, vocalista do Noturnall, banda que acompanha Paul nos shows, contou diversos problemas que levaram a apresentação a não o que estava planejado. Ele comenta, conforma traduzido pelo Whiplash:

“O show de Fortaleza contou com uma série de infortúnios. As pessoas não sabem como são os bastidores, mas você precisa de um som muito bom. Levamos uma mesa e o cabo se partiu. É como uma jamanta em alta velocidade sem motorista. Não podia mexer no volume dos instrumentos, que vão para o público e para a gente. Uma série de situações ocorreram por causa de um cabo. Mesmo assim, consegui fazer o show, com dificuldades, mas não entreguei o que sempre entrego. Quero deixar tudo no palco. Ali é minha vida que se esvai um pouco. Deixou um pouco e recebo um pouco da galera.

Nosso baterista Henrique estava passando mal, além de tudo. Quando o Paul Di’Anno chegou, não tínhamos visto ele ainda. Foi um choque. Ele está muito debilitado. A Estética Torta cercou o cara de enfermeiro e cuidador. Veio uma galera para se certificar que ele seria bem cuidado. Mas ele está muito debilitado, não consegue dobrar uma das pernas. A produtora fez tudo que foi pedido e todas as adaptações para receber um cadeirante. Mas ele chegou bem pior do que ele estaria. Não falavam que precisava de uma pessoa para segurar a perna dele, por exemplo.

Estávamos em um frio forte em São Paulo, e voamos para Fortaleza no mesmo dia do show. Chegamos com um sol forte e muito ar condicionado. Nosso baterista estava com a boca branca e andando cambaleando. Ele desmaiou no backstage, dei uma acordada. Ele não quis dizer, porque não queria parar o show. Quis dar uma de herói e subiu para tocar. Passou mal no show e deu uns brancos. Toco com ele há seis anos. Ele não entrava nas músicas. Para piorar, o Paul estava de mal humor. O cabo partido e sem som. Deram o microfone errado para o Paul. Quando vimos, ele estava no palco com o mic errado. Foi no estilo desventuras em série. Não consigo culpar ninguém. Foi culpa do acaso. Todos pagaram por isso.

Eu resolvi subir no palco e intervir na situação. Pedi um tempo para todo mundo. Falei para parar o show e começar do zero depois de resolver tudo. O próprio Andre Matos, em Fortaleza, naquela mesma casa, passou por isso. Foi interrompido porque não estava bom. O Megadeth também parou já para arrumar. É chato, parece que é coisa de artista cuzão, mas vocês não sabem o que é a rotina de uma turnê. Trouxe um telão para sincronizar com nossa música. Nossos técnicos heróis trabalhando dormindo 1 hora em três dias. Isso pode ser classificado como trabalho escravo. Só tenho que pedir desculpas. Se o som estivesse bom e o Henrique não tivesse passado mal, teria sido memorável. Fiquei com dor no coração porque o público estava ótimo.

Ninguém botou arma na cabeça do Paul

O Paul perdeu dois voos. Os quatro dias que teríamos antes do show para ensaiar, ele não conseguiu chegar. Ensaiar só você com o CD não é igual com o cara ali. Ele é muito vivo, pede mudanças na hora. Tem uma música que ele decidiu cortar um pedaço e quer que todos ensaiem assim. Ele só falou isso na hora de entrar no palco! Claro que não ia dar certo. Isso faz parte da aventura de se fazer uma turnê. Não pode virar uma bola de neve. Por exemplo, em Recife foi uma noite perfeita. O Paul chorou. Eu chorei vendo-o chorar. Vimos que tudo valeu a pena. As coisas funcionaram como deveriam. Ninguém botou uma arma na cabeça do cara para ele vir ao Brasil tocar. Ele estava convalescendo. Também ficamos com coração partido de ver ele nesse estado. Mas ele está lá. Está feliz e fazendo a grana dele. O próprio Steve Harris está pensando em vir para cá”.

Os shows pelo Brasil continuam, e entre as diversas datas, as capitais, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, estão na rota.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *