Queensrÿche – “Digital Noise Alliance” (2022)

O Queensrÿche é uma das instituições mais fortes do metal mais fortes do metal progressivo, mesmo que sua trajetória traga pedaços sombrios.

A separação com o vocalista Geoff Tate foi traumática e rendeu diversas trocas de farpas em ambos os lados. Com o tempo, os ânimos foram sendo amenizados, e o grupo se estabeleceu com seu novo vocalista, Todd La Torre, que teve uma série de bons momentos ali, até escorregar no mediano “The Verdict“, de 2019. Agora em 2022, a banda busca corrigir as asperezas com seu mais novo registro, “Digital Noise Alliance“.

O álbum conta com o retorno do guitarrista Mike Stone, e a estreia de Casey Grillo, ex Kamelot, na bateria. Entre passeios por diversas fases da sua trajetória, o novo disco faz um balanço entre o heavy e o progressivo, criando um momento que ainda não tão marcante como outros, um dos bons registro deste ano, com um disco que ao mesmo tempo que “simples”, consegue atingir momentos que captam o ouvinte de imediato e nos dá, pouco mais de uma hora de música boa.

A abertura “In Extremis“, parece vinda lá dos anos 80, e cria um bom momento com a divisão musical citada acima, e com um belo refrão. “Chapters” começa cheia de melodia, com La Torre brilhando entre os versos e o refrão poderoso, além de um belo solo inspirado. “Lost in Sorrow“, é um dos momentos mais tradicionais do estilo Rÿche que o disco tem, com uma pegada daquele prog bem feito e polido, mas sem soar exagerado ou megalomaníaco como algumas pensam ser o formato de se fazer música. Das melhores do registro. “Sicdeth” é rápida, pesada e uma das mais diretas do disco, com ótimos riffs e ótima pegada. “Behind the Walls” é uma das mais emocionais peças do disco. Toda a banda empreende a sua melhor cartada nesse momento e cria uma música marcante, poderosa e com nuances verdadeiramente emocionadas. La Torre é um show a parte e arranca as palmas do ouvinte. Grillo também é outro que brilha por aqui com linhas de bateria inspiradas e belas. “Nocturnal Light” vai ganhando corpo ao decorrer dos minutos, criando um ótimo groove e momentos sombrios.

Findada a primeira metade do disco, na segunda as coisas parecem ter um pé no freio e soam um pouco mais contidas e até em alguns momentos mais perdidas. Há a boa balada “Forest”, que apesar de bonita, vai soar meio como um remake de uma certa outra faixa do grupo. “Realms” tem bons riffs, mas parece não acrescentar muito a audição com o que já foi ouvido nos minutos anteriores. A longa “Tormentum”, a dona da maior duração do disco, aposta em camadas que nem em todo momento funcionam muito bem, pois a mim, soou com a falta de um momento chave, tão importantes em músicas desse tipo, e as coisas fecham com a sensação de ter faltado uma amarração, ainda que traga bons momentos instrumentais. Fechando a conta, “Rebel Yell“, cover de Billy Idol, acaba por não parecer se encaixar por ali e não me soa como a melhor escolha para o momento.

Ainda que com deslizes, “Digital Noise Alliance” soa agradável e como dito, supera o momento anterior para tranquilizar os fãs. Assim sendo, a banda parece esta novamente se encontrando e criando um novo momento em sua trajetória, mais direto e talvez mais ameno que antes, mas ainda assim, com qualidade e que irá tirar sorrisos de seus seguidores e dos ouvintes do prog metal tradicional, ao estilo Fates Warning e similares.

NOTA: 7 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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