Resenha: Dream Theater – “Parasomnia” (2025)

Em 2023, o Dream Theater se realinhou com o seu baterista original, Mike Portnoy, e com isso, o universo de um dos maiores nomes do metal progressivo tomou um sacode e deixou seus fãs em polvorosa com o que viria pela frente.

Fato esse pedido e esperado por muitos dos seus fiéis seguidores, e obviamente, o que viria a seguir era o que nasceria desse reencontro quando a banda fosse para os estúdios. Alguns singles depois, 2025 chega e então, “Parasomnia” surge para causar a discórdia, como praticamente todo lançamento deste nome, tão amado quanto odiado por aí, causa quando se trata de um novo degrau da sua carreira.

As perguntas eram, “como soará? Vai ser como antes? Portnoy vai mandar em tudo de novo?”, entre outras questões que pipocaram dentro da “igreja Dream Theater”, e a resposta para isso é um sim, e não, ao mesmo tempo. Confuso, eu sei, mas o que não ao se tratar desse mundo DT em específico?

A abertura fica por conta de um interlúdio, “In the Arms of Morpheus“, fazendo uma referência ao deus do sono, tema que irá guiar o registro e seu conceito, ainda que a banda afirme que não se trata de um disco conceitual. Aos poucos, a faixa vai entrando em um loop, remetendo ao estado de dormência de uma pessoa antes de cair em sono profundo, e do nada, a banda entra com suas estripulias já conhecidas dos mais antigos seguidores, e tudo com ares que misturam o ar de “A Nightmare to Remember” e “Bridges in the Sky“, e não irei me ater ao fato de referenciar todas as músicas que são “homenageadas” por aqui, pois seria um texto do tamanho de um disco dos caras, mas isso ocorre muito, e daí a resposta da pergunta feita acima, sim, a banda soa como antes, mas se é bom ou ruim, você irá decidir. Já conhecido do público, “Night Terror“, primeiro single apresentado do disco, tem uma boa abertura, com climas densos e mais uma vez fazendo referência a “A Nightmare…“. Dona de um bom refrão, a música crava alguns bons riffs e é o primeiro momento de “contato real” de Portnoy e suas linhas que muitos esperavam ver por ali de novo e o trabalho é competente, porém, não traz absolutamente nada novo ou fora da bolha do que o baterista já fez nos últimos 25 anos. Boa faixa e boa apresentação para a nova era, e não temos muito além disso. “A Broken Man“, também já conhecida do público é uma tentativa pífia da banda em soar mais dinâmica e pesada, mas não passa de algo que parece uma sobra do disco anterior e que foi reaproveitada, com riffs puramente artificias e sem impacto e uma bateria completamente robótica e que tenta impressionar, mas não sai do lugar em momento algum. O destaque aqui vai mesmo para as boas melodias que Jordan Rudess cria ao longo da faixa e também as melodias vocais de James LaBrie, principalmente nas mudanças do refrão e ponte. “Dead Asleep” começa com bonitas melodias de teclado novamente, que remetem algumas notas da faixa anterior, e ao poucos vai crescendo e logo riffs coroados por Petrucci e seu estilo de soar “pesado” mais uma vez soam um arremedo do que eles já fizeram em “Awake”, onde o peso soava de forma orgânica e não forçado e parecido como saído de uma faixa de computador como agora. As linhas de bateria daqui você certamente já viu em algum outro lugar em outra banda, mas melhor executada do que o que encontramos aqui. O solo é totalmente apagado, sem vida e nada que entusiasme, além de soar extremamente datado e apático, além de um final monótono que ganha ares do Avantasia, mas sem o seu brilho. Sim eu sei que você fã mais assíduo da banda já está me odiando, me chamando de Régis Tadeu, ou de “um alguém que não sabe do que está falando”, mas se acalme, isso é uma análise fria de um trabalho, feita de forma distante do fanatismo.

De volta ao play, “Midight Messiah”, outro single, talvez seja aqui o momento que os fãs mais saudosos de um era da banda terão algum vestígio do que esperavam ver nesses mais de dez anos que Portnoy esteve fora. A música vai ganhando forma aos poucos, em contratempos e alguns riffs espalhados misturados com efeitos sonoros que fazem a música parecer maior do que de fato ela é, e logo, vemos que se trata de um remake de “As I Am“, nas frases de bateria e os riffs de seu andamento. A música é dona de um bom refrão, e o segundo verso ganha boas interpretações de LaBrie fazendo um competente trabalho das vozes por aqui. “Are We Dreaing?” é outro interlúdio que surge e abre caminho para a balada “Bend the Clock“. A música é bonitinha, tem melodias interessantes no seu início, e finalmente John Myung pode ser notado. Uma boa faixa, mas sem impacto algum, sem nada memorável ou que toque como foi ‘This is the Life” ou “Silent Man” no passado. Fechando o disco, “The Shadow Man Incident” e seus longos 20 minutos. Por aqui você verá referências a um caminhão de músicas do passado, se alinhando a algo que tem a intenção de soar novo. Os tons “épicos” que a faixa tenta ter ficam só na tentativa mesmo, e fecha o disco como uma música qualquer, sem de novo conseguir trazer algo de impacto real ou que se guarde na memória por alguns dias. O desenrolar é tudo aquilo que o Dream Theater entrega em composições do tipo, mas não esperem por ver algo gigante ou de tom que vá perdurar por anos e anos.

Há uma boa produção, novamente a cargo de John Petrucci, mas a bem verdade é que nada do que temos por aqui se distancia muito do que a banda vinha apresentando em seus últimos três discos, principalmente, no anterior a este, e o retorno de Mike Portnoy mais se tratou de um fator para vender ingressos dos shows do que de fato uma mudança sonora ou um terceira era da banda, claro, ponto esse compreensível, pois falamos de uma banda com 40 anos de estrada, com integrantes que estão na casa dos 60 anos, e sinceramente, a máxima para eles é menos notas nas músicas e mais notas no bolso. Fato é que a novidade não aconteceu por aqui e o que temos é um disco morno, que não traz nada que irá se tornar um clássico no futuro ou dificilmente estará em músicas favoritas dos fãs. “Parasomnia” é um disco que se leva muito mais a sério do que realmente ele é, isso claro, desde que você não seja um dos fiéis da “Igreja Dream Theateriana“, nesse caso, recomendo que feche seus olhos e aproveite o seu deleite.

NOTA: 6

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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