Resenha: Haken – “Fauna” (2023)

O Haken se mostra como uma das forças mais vivas dentro do progmetal atual, dando as mãos juntos a outros como o Leprous, na caminhada que leva o estilo a continuar respirando, ainda que tenha perdido foco para gêneros mais modernos e mais “intimidadores”, em termos musicais, como o djent e verdadeiros prodígios como o Animal as Leaders.

Incorporando até mesmo elementos do segundo estilo ao seu som, o Haken é esperto e para sua sorte, conta com um leque de músicos ótimos e criativos, que sabem onde apostar suas fichas e fazem ao longo da sua trajetória um verdadeiro capítulo inédito de sua discografia.

A última tacada do grupo até então havia sido “Virus”, de 2020 e que infelizmente acabou não tendo uma devida divulgação devido a pandemia. Ali, a banda buscou ares agressivos, densos e pesados, construindo um de seus maiores exemplares. Quase três anos após, eles retornam com sua nova empreitada, o disco “Fauna”, que já chama atenção com sua bela arte da capa, e mostra também, através dos quatro single lançados, que estaríamos diante de um dos trabalhos mais diversificados, já que cada uma das músicas se distanciavam completamente uma da outra.

Sendo este o primeiro trabalho desde o retorno de Pete Jones, são apresentadas nove faixas, que assim como o nome sugere, se enveredam em um conceito onde cada uma é a representação da personalidade de um respectivo animal.

“Taurus” é quem da as boas vindas, trazendo aspectos de “Virus” ainda, como uma espécie de despedida do que foi ali feito, e o faz cheio de presença e graça. Guitarras de afinação baixas carregadas de efeitos, dão o tom dos versos, indo para um gancho espetacular do refrão! O groove cresce na segunda metade, e de cara, temos não menos do que uma da melhore canções que o Haken já produziu. “Nightingale” traz o Haken mais tradicional, digamos assim, mais próximo dos seus dois primeiro discos, mas claro que apontando sempre a frente e assim nos dão uma música com nuances de improvisos, com uma levada “chefiada” pelo baixo e que explode em mais um grande refrão. “The Alphabet of Me” é algo que poderia facilmente figurar em um disco do já citado, Leprous, e isso é algo lindo de se acompanhar em mais uma ótima música e já também conhecida do público. A virada que acontece com pouco mais de um minuto é incrível. “Sempiternal Beings” é guiada pelo groove da bateria e a suave voz de Ross Jennings, em um grande trabalho, abrindo caminho pelo que vem a frente. “Beneath the White Rainbow“, traz o peso de volta as atenções. A faixa é potência pura, incrementando elementos a guitarras que soam em uníssono, incorporando trechos do metal moderno e linhas realmente impressionantes de instrumento e voz, com a banda soando em perfeita sincronia. É simplesmente soberbo o que nos é apresentado aqui e com certeza, um grande destaque do álbum. A sessão de teclados que Jones emprega aqui é simplesmente animal! “Island the Clouds” acaba soando meio dispersa no meio do que nos foi apresentado até aqui, mas não pense que isso é algo ruim, pois temos aqui ainda mais uma composição genuína e seguimos para “Loverbite”, um dos singles já apresentados, que é o que podemos chamar da mais “calma” entre os mesmos. “Elephant Never Forget” é o Haken brincando com todas as suas vertentes e trazendo aquelas mirabolâncias técnicas durante 11 minutos, que passeiam entre momentos mais densos, pesados com outros mais melódicos e ainda há tempo para “Eyes of Ebony” que trabalha para encerrar o disco com uma forma branda e que provavelmente deixa um gancho para o que virá em um futuro.

Mais uma vez estamos diante de uma grande entrega do Haken, brincando com sua musicalidade e sua criatividade, e quem ganha nesse exercício e esforço somo nós, brindados por uma grande obra e um belo momento musical de 2023.

NOTA: 8

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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