Resenha: Linkin Park – “From Zero” (2024)

O Linkin Park confirmou 2024 como o seu ano para “remarcar” sua consolidada carreira, que já passa de duas décadas.

Com o hiato após a morte do vocalista Chester Bennington em 2017, sete anos depois, Emily Armstrong é recrutada para assumir o microfone deixado pelo cantor e não só o anúncio do retorno às atividades é confirmado, mas também um novo disco.

From Zero” é a nova aposta da banda para assim como seu nome sugere, formatar problemas e desvios anterior e voltarem, com segurança e apostando no caminho que julgam o correto para seguir adiante.

Os fãs, tanto de longa data como mais recentes, irão se esbaldar em referências e nostalgia, mas não pense que o Linkin Park aposta somente em saudosismo, pois não faria sentido algum o conceito do nome do álbum e ser apenas uma tentativa de replicar o que já existe.

É claro que as dinâmicas conhecidas do grupo, o rap, associado a momentos de afinação baixa e vocais rasgados estão lá mais uma vez, e até foram deixados de lado por um período. Mas tudo isso tem ares novos e a música consegue criar um bom e firme panorama que nos apresenta a segurança que eles precisam.

As já conhecidas do público “The Emptiness Machine“, “Heavy is The Crown” e “Over Each Other“, são três facetas do LP e conseguem transitar por eras diferentes que a banda caminhou ao longo dos 24 anos de estrada. A primeira, carismática e bom cartão de visitas. A segunda, traz ares de “Faint” e do “Meteora”, já a terceira, um bom momento de Emily, ainda que seja uma música numa linha que a banda não é dos seus melhores dias, na vibe do pavoroso “One More Light“.

Entre essas, “Cut the Bridge” tenta balancear as dualidades de Mike Shinoda e Armstrong, mas se torna algo repetitivo. “Casualty” é uma das melhores do disco, e traz um arranjo robusto, pesado e rápido. Prato cheio para quem sentia falta do Linkin Park raivoso, e Emily tem um dos seus melhores momentos, acertando os gritos em um formato mais natural a si mesma. “Overflow” tem um ar completamente pop, ao mesmo tempo que reflete o “Re-Animation“. Parece uma música insonsa ali, mas de alguma forma, ela funciona muito bem e dá liga no que vem pela frente. “Two Faced” continua a paulada e entra de cabeça no nu-metal e para quem é fã seja do gênero ou do próprio LP, duvido não dar uma boa pirada com essa faixa, sendo um dos melhores refrões que o disco nos entrega. Mike Shinoda aqui entrega vocais mais agressivos, diferentes dos habituais. “Stained” volta a beber dos ares rádio e seu estilo bonitinho a faz a mais apagada do registro. “IGYEIH” consegue dosar a áurea da faixa anterior e melodias pegajosas no refrão, e você vai notar a semelhança com uma faixa de uma outra loira contemporânea ao Linkin Park, e não há nada de errado nisso, apesar de soar também um pouco sem força. “Good Things Go” encerra o disco de forma bastante branda, mas com uma Emily transitando do melódico ao agressivo de forma um tanto suave e mostrando que é uma cantora de predicados.

O Linkin Park consegue engatar a marcha certa para seu retorno e mostrou que ainda há mais pela frente. Além de legado, temos de fato uma nova banda, impossível de agradar a todos, mas que certamente sabe onde quer ir e se esse é só o recomeço, foram certeiros em brincar com seu passado e mostrarem que ao mesmo tempo, são uma nova banda. Eles se homenageiam nos 24 anos de história, mas, deixamos aberta a questão. Se esse foi um disco de homenagem, qual será de fato os rumos que esse novo Linkin Park tomará? Somente o próximo disco nos dirá.

NOTA: 7

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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