Resenha: Mr. Big – “Ten” (2024)
O Mr. Big lançou seu décimo álbum de estúdio, intitulado apropriadamente de “Ten”, que saiu pela Frontiers Records e foi distribuído no Brasil pela Shinigami Records, em 12 de julho, com uma capa que simboliza duas mãos unidas, cada uma com cinco dedos. O quarteto veterano de Los Angeles, composto pelo vocalista Eric Martin, o guitarrista virtuoso Paul Gilbert, o lendário baixista Billy Sheehan e o baterista Nick D’Virgilio, apresenta uma combinação de hard rock melódico e técnica apurada, marca registrada da banda. Este lançamento foi produzido por Jay Ruston e é considerado o “último capítulo” de uma trajetória que inclui álbuns icônicos como o autointitulado Mr. Big (1988) e o clássico Lean Into It (1991).
Sendo o primeiro trabalho da banda desde Defying Gravity (2017) e o quinto lançamento neste século, Ten marca um novo passo em sua jornada musical. Eric Martin comentou que o novo disco não repete fórmulas dos álbuns anteriores e oferece uma sonoridade crua e autêntica, com influências de rock e blues, preservando, claro, o estilo único do Mr. Big.
Martin e Sheehan são os únicos integrantes presentes em todos os álbuns da banda, enquanto Gilbert, após ter saído no fim dos anos 90, retornou para participar de oito dos dez discos. Já o baterista D’Virgilio foi incorporado à formação mais recentemente, substituindo Pat Torpey, que faleceu em 2018.
Tanto Paul Gilbert quanto Billy Sheehan têm carreiras distintas no mundo do hard rock, com Gilbert se destacando à frente do Racer X e Sheehan tendo tocado com David Lee Roth e o supergrupo The Winery Dogs. Apesar de suas atividades paralelas, ambos sempre mantiveram o compromisso com o Mr. Big, colaborando por quase quatro décadas.
O álbum começa com “Good Luck Trying“, uma faixa que remete ao groove de Led Zeppelin, trazendo um refrão melódico que é característico da banda. “I Am You” é outra faixa marcante, com os vocais expressivos de Martin e a guitarra de Gilbert, que apesar de contida, não perde sua intensidade. “Right Outta Here” surpreende com uma introdução de inspiração oriental, remetendo ao clássico “The Writing on the Wall” do Iron Maiden e ao Houses of the Holy do Led Zeppelin, culminando em um dos solos mais emocionantes de Gilbert.
“Sunday Morning Kinda Girl” traz uma atmosfera mais leve e otimista, enquanto a balada “Who We Are” reflete sobre superação e resiliência, com uma mensagem de esperança, temas que permeiam o disco. Em “As Good as It Gets“, a influência do Rush é clara, evidenciando a criatividade de Gilbert, enquanto “What Were You Thinking” destaca seu melhor solo no álbum.
“Courageous” incentiva a coragem e a independência, com uma letra que reflete a filosofia de Gilbert sobre enfrentar os desafios da vida mesmo sem garantias de vitória. “Up on You” retorna ao estilo inicial da banda, com a bateria pulsante de D’Virgilio remetendo ao álbum Lean Into It.
O disco termina com a melancólica balada “The Frame“, onde Martin reflete sobre não se sentir parte de algo maior, encerrando o álbum de maneira poética. A versão europeia de Ten traz ainda uma faixa bônus, “Days on the Road“, um blues rock que destaca o talento de Sheehan.
Atualmente, o Mr. Big está em sua turnê de despedida, tendo concluído a parte norte-americana e se apresentando agora pela Europa. Mesmo com foco em clássicos como Lean Into It, a banda deve incorporar as novas faixas de Ten nas apresentações, celebrando o encerramento de uma carreira brilhante.
NOTA: 7