Resenha: Sangue de Bode – “Sou a Derrota”
Texto por: Metalphycisist
Conheci o Sangue de Bode fazendo pesquisa sobre as bandas que tocariam no show do Abbath, no final do ano passado – o primeiro show que cobri pela Confere Rock, por sinal. Achei a banda do caralho, ao vivo, quando o negócio fica mais nervoso, e eu falhei em notar que, além da performance foda de Verme, a banda flerta com diversas paletas de sonoridades que percorrem o Metal Extremo, chegando até numa parada avante-garde – há alguns interlúdios para o ouvinte do álbum respirar um pouco.
Sempre digo que o Black Metal é o segmento do Metal que tem o maior potencial de se reinventar a todo momento – só ver o Samael , Septiflech, Aborym, Dimmu Burgir, Cradle of Filth para ilustrar a diversidade de estilos com que o Black Metal dialoga numa boa.
Os músicos do Sangue de Bode são muito competentes e a produção de “Sou a Derrota” ficou muito boa, sabendo dar o destaque a cada instrumento, quando necessário, mas, no geral mandando aquela porrada jogada bem na sua cara. Vale mencionar que Verme canta poesias miilistas e de existencialismo pessimista em português, que caiu feito uma luva para tornar “Sou a Derrota” um dos melhores lançamentos deste ano – para eu anotar na minha agendinha aqui.
Todas as músicas do álbum mantêm qualidade bem linear, e os 37 min de audição passam rapidinho. No entanto, vou destacar 3 faixas para esmiuçá-las melhor – e as demais, você vai lá ouvir no Spotify, para tirar suas próprias conclusões sobre o Sangue de Bode. “Problema para Dormir” traz alguns samples, para dar uma ambiência no andamento da música, que logo estoura para blast beats alternados com andamentos mais fundados em riffs, esquema Thrash Metal anos 80. A faixa que vem logo após “Sou Paranoico” (talvez eu seja meio paranoico também, pois me identifiquei com a letra da música), tem umas quebradeiras mantendo bem o fundamento no Black Metal. Já em “17:55” a levada começa tipo Black Metal de primeira fase (quando flertava mais com o punk extremo da época). No interstício, abre espaço para uma ambiência lúgubres e espacial também – valendo-se de programação de samples; doideira mesmo, não gosto de fazer comparações, mas me lembrou aquele lance alucinado que o VöiVod costuma entregar.
Se você curte Metal Extremo com uma pegada mais Black Metal, além de gostar de entender as letras das músicas, fica aí a sugestão para mandar bala no álbum recém-lançado do Sangue de Bode.
NOTA:9