Resenha: Warshipper – “Essential Morphine” (2023)
Com mais de dez anos de carreira, o Warshipper é um quarteto oriundo de Sorocaba, interior de São Paulo que acaba de lançar seu quarto full-lenght, intitulado “Essential Morphine“. A banda conta com ex-integrantes de grandes nomes do underground nacional, como Bywar e Zoltar.
Formada por Renan Roveran (vocal/guitarra), Rafael Oliveira (guitarra), Rodolfo Nekathor (baixo) e Roger Costa (bateria), o Warshipper aposta em um Death Metal que se distancia do tradicional, pois eles fazem uso de mudanças de andamento bastante bruscas em suas músicas, colocando elementos atmosféricos, solos com bastante melodias e também elementos de Doom Metal e também de música folk, como na faixa “Morphine“, o que pode não agradar o fã mais conservador (e no Heavy Metal o que mais temos são os conservadores, em todos os sentidos que a palavra representa), e felizmente a própria banda entende que ser headbanger e conservador, não rola.
“Essential Morphine” não é um álbum simples de se escutar, são oito músicas divididas em 50 minutos, sendo que cinco delas ultrapassam a casa dos seis minutos, o que não diminui nem um pouco a qualidade e versatilidade que a banda apresenta aqui. Tem peso? Muito. Mas, os caras aproveitam as músicas para navegar em outras vertentes, escapando um pouco do bate-estaca. É bom demais escutar um Death Metal onde os caras colocam velocidade, peso e agressividade ao extremo, mas de vez em quando é bom variar e dar uma oportunidade a bandas como o Warshipper, que nos faz entender o Death Metal sob outras perspectivas.
Os grandes destaques do álbum são as músicas “Migrating Through Personality Spectra“, que tem ótimos riffs e guarda um pouco do Death Metal tradicional, “Perfect Pattern Watcher”, que une passagens atmosféricas com um bumbo duplo bem nervoso, “The Night of the Unholy Archangel” e seus riffs que nos remetem ao Benediction, ao mesmo tempo que tem um solo bem melódico ali no meio, e a mais impressionante de todas, “Guilt Trip”, que durante mais da metade de sua duração surpreende com um Southern Rock agradabilíssimo, ganha contornos épicos em seu final.
A produção é digna de elogios, nos permitindo ter a percepção de todos os instrumentos, pois quem foi que disse que Death Metal tem que ser tosco e sujo como lá nos primórdios? Enfim, um belo álbum com o selo de Made in Brazil, que mostra que apesar de produzir artistas ruins em escala industrial, ao mesmo tempo nosso país é um rico celeiro de boas bandas de Metal. Tem para todos os gostos e estilos. E quem curte um Death Metal com algo a mais, “Essential Morphine” é uma ótima pedida.
NOTA: 9,0