Sepultura: 5 anos do álbum “Quadra”

Há 5 anos, em 7 de fevereiro de 2020, em um mundo que começava a conhecer a COVID-19, o Sepultura lançava “Quadra“, o 15° e provavelmente o último álbum da banda que prepara a sua despedida e é tema do nosso bate-papo de hoje.

O álbum acabou sendo o último a contar com o baterista Eloy Casagrande, que foi para o Slipknot depois que a banda anunciou a turnê de despedida, que está acontecendo neste momento. Na época do lançamento, a turnê precisou ser interrompida, devido as restrições causadas pelo vírus que matou tanta gente e que ainda há os que duvidam da existência.

A banda resolveu contar novamente com os trabalhos do produtor Jens Bogren, que já havia assinado a produção do álbum anterior, “Machine Messiah“. Então os quatro integrantes da banda rumaram para Örebro, na Suécia, onde se instalaram no Fascination Street Studio, ficando por lá entre os meses de agosto e outubro de 2019 gravando.

Para escrever o álbum, Andreas Kisser se inspirou no Quadrívio, que são as quatro matérias (aritmética, geometria, música e astronomia) ensinadas nas universidades helênicas. Então, eles dividiram o álbum em 4 partes, contendo três músicas cada. A primeira parte traz uma musicalidade mais voltada ao Thrash Metal, a segunda já aborda o Groove; a terceira traz influências Progressivas e a última traz uma sonoridade mais sinfônica e melódica.

O guitarrista também explicou em entrevistas que o título do álbum também tem a ver com uma quadra esportiva. E aqui vamos abrir aspas para a explanação que ele deu:

“Todos nós viemos de diferentes quadras – países e nações com suas fronteiras e tradições, cultura, religiões, leis, educação e um conjunto de regras onde a vida acontece. Nossas personalidades, crenças, o modo de vida, a construção das sociedades e dos relacionamentos… tudo depende desse conjunto de regras com as quais crescemos. São conceitos de criação, deuses, morte e ética.”

O álbum também contou com diversos convidados, entre eles, a vocalista do Far From Alaska, Emmily Barreto, que contribuiu na faixa “Fear, Pain, Chaos, Suffering“, Robertinho Fernandes, que gravou as partes de baixo acústico, entre outros. Emmily Barreto gravou seus vocais no Family Mob Studios, em São Paulo, enquanto que os demais convidados gravaram suas partes no Dynamic Studios, localizado em Santo André.

Bolacha rolando, temos 12 canções em 51 minutos. É certamente, o álbum mais pesado e criativo desde que a formação clássica se dissolveu, quando Max Cavalera resolveu deixar a banda, lá em 1996. “Isolation” se destaca por ser uma música rápida e pesada, que poderia facilmente estar presente no álbum “Arise“. Outros momentos de destaque que podemos citar, são as músicas “Means to an End“, “Guardians of Earrh” e a já citada “Fear, Pain, Chaos, Suffering“.

Com o vírus da COVID-19 se espalhando pelo mundo de forma rápida, não houve outra alternativa senão a banda ficar trancafiada dentro de casa, respeitando o distanciamento social que foi tão necessário. Eles tiveram uma ótima sacada, que foi promover lives, que eram transmitidas todas as quartas-feiras, sendo batizada de “Sepulquarta“. Então cada músico tocava de sua própria casa, sempre com um convidado. O projeto deu tão certo que virou um álbum, chamado “Sepulquarta“. Foram quase dois anos assim, até que as medidas restritivas foram se afrouxando, e o Sepultura pôde dar o pontapé inicial na sua turnê, com um show no Rio de Janeiro, em janeiro de 2022, tendo a Dorsal Atlântica como banda de abertura.

Quadra” foi super bem recebido tanto pela crítica especializada quanto pelo público. É o álbum mais bem sucedido comercialmente desde a entrada de Derrick Green. O play figurou na 5ª posição nas paradas germânicas (é o álbum do Sepultura a ter o melhor desempenho na Alemanha em todos os tempos). Ficou em 5° no Reino Unido, na subcategoria “UK Rock & Metal Albuns“; ficou em 11° em Portugal, 12° na Hungria, 13° na Suiça, 17° na Áustria, 19° na Austrália, 23° na Polônia, 31° na Escócia, 40° na Espanha, 54° na Bélgica, 63° na França e 225° no Japão.

Quando perguntado sobre qual álbum o deixava mais orgulhoso por ter feito, Derrick Green foi enfático ao citar nosso homenageado do dia. E vamos abrir aspas para a explicação do frontman:

“Definitivamente Quadra. É o álbum mais recente, e nós trabalhamos realmente muito duro nele. Temos muitos elementos diferentes do passado que nos ajudaram a chegar aqui – onde estamos agora. Então, sem sombra de dúvidas, este é o álbum mais forte que fizemos juntos. E estou extremamente orgulhoso disso.”

A turnê foi bem extensa e foi cheia de contratempos, como o acidente que Eloy Casagrande sofreu durante uma apresentação da banda em El Paso, Texas, o que o deixou fora por um breve período, sendo substituído por Bruno Valverde. A turnê também foi pausada por conta do falecimento da esposa de Andreas, Patrícia, que nos deixou em 3 de junho de 2022. A morte dela inspirou a atual turnê da banda, intitulada “Celebrating Life Through Death“, que promete ser a derradeira da banda.

Entretanto, muitos acreditam que não será o fim da banda e sim uma breve pausa para que um hipotético retorno, com os irmãos Cavalera, venha a acontecer futuramente. Andreas já declarou que gostaria de ter os irmãos no palco durante a última apresentação, que ainda não tem data para acontecer. Hoje é dia de celebrar o aniversário deste play e fica a nossa torcida para que a banda possa continuar na atividade.

Quadra – Sepultura
Data de lançamento – 07/02/2020
Gravadora – Nuclear Blast

Faixas:
01 – Isolation
02 – Means to an End
03 –     Last Time
04 – Capital Enslavement
05 – Ali
06 – Raging Void
07 – Guardians of Earth
08 – The Pentagram
09 – Autem
10 – Quadra
11 – Agony of Defeat
12 – Fear, Pain, Chaos, Suffering

Formação:
Derrick Green – vocal
Andreas Kisser – guitarra
Paulo Xisto – baixo
Eloy Casagrande – bateria

Participações especiais:
Emmily Barreto − vocais na faixa 12
Paulo Cyrino − elementos de dubstep na faixa 5
Kadu Fernandes − percussão na faixa 4
Francesco Ferrini − arranjos e orquestra nas faixas 3 e 12
Ingrid − regente do Coral Chorus Mysticus
Gunnar Misgeld − arranjos para coral nas faixas 1, 3, 7 e 11
Robertinho Rodrigues − baixo acústico
Renato Zanuto − teclados, arranjos para coral, orquestra e cordas nas faixas 1, 4, 7 e 11
Bruna Zneti − violino

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

One thought on “Sepultura: 5 anos do álbum “Quadra”

  • fevereiro 8, 2025 em 9:31 pm
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    Uma album bem trabalhado e conceitual e que as vezes vc estranha a banda falar em aposentadoria!!!! Valeu!!!!

    Resposta

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