Stryper, Bride e Narnia fazem show animado em domingo abençoado em São Paulo

Texto: Tamira Ferreira
Foto: André Tedim

É um fato que a música, para muitas pessoas, ultrapassa o simples prazer de ser ouvida. Ela se torna um estilo de vida, personalidade, ideologia e até mesmo um contato mais próximo com a sua fé. 

A música acaba tendo uma missão de transmitir uma mensagem, um pensamento, até mesmo trazer alívio e calma para aqueles que a apreciam. Ela também pode ser uma forma de expressar suas crenças e sua religião. 

Porém, não é apenas através da música gospel que conhecemos que os fiéis podem declarar sua devoção a Deus. Hoje em dia, a música cristã é apresentada em diferentes estilos: hip-hop, pop, sertanejo, pagode e no metal. 

Sim, um estilo que teve o seu início inspirado nos filmes de terror, nas histórias de bruxaria e nos ideais satânicos, traz hoje uma vertente para falar sobre religião e devoção. 

E foi isso que conferimos no úlitmo domingo, no VIP Station em São Paulo, que trouxe o show de 3 bandas renomadas dentro do heavy metal cristão. 

Bride

A primeira a se apresentar na noite foi o Bride, banda americana que surgiu no começo dos anos 80 e trazem um estilo mais voltado ao heavy metal clássico que era muito popular na época. 

Os integrantes subiram ao palco pontualmente as 17h45 e encontraram o local bem cheio, o que é raro quando se trata da primeira banda. Mas a reputação do Bride dentro da cena fez com que muitos chegassem cedo para acompanhar o show. 

Eles abriram o show com Rattlesnake que tem uma pegada mais voltada para o hard rock com uma alta energia e uma marcante bateria que impulsionava o público a bater cabeça junto.

O show continuou com Would You Die For Me que também faz parte do álbum Snakes In The Playground de 1992 e tem um refrão repetitivo que fazia o público interagir ainda mais com a banda, erguendo os braços e cantando junto. 

Entre uma canção e outra, o vocalista Dale Thompson soltava alguns “obrigado, Brasil”, mas não conversava muito com o público, já que a banda teria pouco tempo de palco e queria aproveitar ao máximo tocando suas músicas. 

Do álbum Scarecrow Messiah, a banda apresentou Beast e é possível notar a qualidade dos músicos que ainda tocam de forma impecável e mostram a experiência de mais de 50 anos de banda. 

Troy Thompson (guitarra), é o único integrante que está desde o início do Bride junto com o vocalista. Nenel Lucena (baixo) entrou na banda em 2017 junto com o brasileiro Alexandre Aposan que já foi baterista do Ofina G3, banda de renome do rock nacional cristão. 

O show continua com Million Miles, que tem uma forte pegada do heavy metal clássico americano, Everybody Knows My Name, que começa com uma balada mais tranquila, mas já cresce rapidamente, e Scarecrow que mantém o nível alto e rápido de todo o show. 

Não teve músicas mais lentas durante o show do Bride, do começo ao fim eles se mantiveram com canções ágeis e muito intensas, o que deu um gás para todos que estavam ali apreciando aquele momento. 

Com a escolha do setlist, também era notável a qualidade vocal de Dale, que variava as notas com facilidade, alcançando as mais altas em agudos finos em todas as canções da noite. Quando Dale agradecia ao público, era possível notar que ser microfone estava baixo, mas enquanto ele cantava, conseguíamos ouvir sua voz, o que mostra o seu alcance vocal. 

Perto do fim, a banda toca o clássico Psychedelic Super Jesus, que anima ainda mais a plateia e fecha o show com Heroes, canção que eles não tocam desde 1989.

Eles agradecem timidamente o público e saem do palco. Mesmo tendo pouca interação com os fãs, o Bride entregou um show energético graças as suas músicas. 

Setlist Bride

Rattlesnake

Would You Die for Me

Beast

A Million Miles

Everybody Knows My Name

Scarecrow

Psychedelic Super Jesus

Heroes

Narnia 

Ao contrário da banda anterior, o que não faltou no show do Narnia foi carisma e interação com o público. Com um show que começou 4 minutos antes do programado. 

Formada em 1996, na Suécia, o Narnia vem com um estilo diferente das outras bandas da noite e traz um power metal para suas canções, o que faz muito sentido em uma banda cristã, já que essa forma musical tem forte influência na história da idade média e no ápice do cristianismo. 

O show começa com Rebel, seus músicos entram ao palco acenando para os fãs, que em retorno gritam e levantam os braços para a banda. O vocalista Christian Rivel-Liljegren já chega pulando e erguendo os braços, incentivando o público a gritar ainda mais alto. A animação era tanta que parecia que em algum momento ele iria cair em cima da plateia e em inúmeras vezes, ele derrubou o tripé do microfone fazendo um fã que estava na frente do palco pegar para não cair neles. 

Continuando com No More Shadows From The Past, a banda mostra que suas canções têm mais conexão com o gospel que fala sobre a história de Jesus na Terra, também falam sobre como e porque o cristão tem sua fé. 

Constantemente o tecladista Martin Härenstam levantava sua mão em oração, como na canção You Are the Air That I Breathe que traz uma forte mensagem devoção e amor a Jesus. 

Nos intervalos das canções, o vocalista expressava sua gratidão por estar de volta ao Brasil e falava sobre a importância de estar ali com as bandas Bride e a Stryper. 

O show continua com MNFST que mantém o clima animado da banda que interage constantemente com o público e faz com que seus músicos olhem atentamente para cada pessoa que está ali curtindo o show. 

Mesmo com mais de 40 anos de estrada, o Narnia segue firme e forte fazendo turnê e lançando álbuns. Antes de tocar a próxima música, Christian anuncia que banda está em processo de produção do próximo álbum que sairá ano que vem e que eles iriam tocar uma canção inédita, Ocean Wide.

Antes de anunciar a próxima canção, Long Live the King, o vocalista conta sobre como foi especial para eles terem tocado no Brasil em 2017, ele também relembra que essa é a quarta vez que a banda vem para cá. 

O que deixa essa canção mais especial é a frase “Vida Longa”, em português, que acaba sendo um coro feito pelo público durante toda a canção, principalmente no final onde a plateia fica encarregada de cantar essa frase várias vezes. 

Christian também aproveita essa canção para apresentar os músicos da banda: Carl Johan Grimmark (backing vocal e guitarra), Andreas Johansson (bateria e percussão), Jonatan Samuelsson (baixo) e Martin Härenstam (teclado). 

Próximo ao fim, a banda toca I Still Believe e Living Water, reforçando sua missão cristã de transmitir a palavra de Deus para o mundo e com a sensação de dever cumprido naquela noite. 

Eles se despedem do público, sem expressar vontade de sair do palco, dão as mãos para os fãs, jogam palhetas e baquetas, encerrando a sua passagem por São Paulo com Christian se jogando na plateia. 

Setlist Narnia

Rebel

No More Shadows From the Past

You Are the Air That I Breathe

MNFST

Ocean Wide

Long Live the King

I Still Believe

Living Water

Stryper

Uma pequena pausa para trocar os instrumentos, o que foi ideal para o público aproveitar para usar o banheiro ou comprar uma bebida, a banda mais esperada da noite subia ao palco.

Nesse momento o VIP Station estava completamente lotado e era difícil caminhar ali dentro. 

A banda sobe ao palco em seu traje clássico usando as cores pretas e amarelas que fazem parte do visual do Stryper. Eles começam com In God We Trust e já trazem todo o peso e agilidade do hard rock que é o estilo formador da banda. 

Era visível muitas pessoas cantando durante os shows anteriores, mas nada comparado ao alto volume e quantidade de gente cantando junto com o Stryper. A voz do público de sobressaía aos instrumentos e até mesmo o vocalista. O que apenas impulsionava o vocalista Michael Sweet a pedir para os fãs cantarem ainda mais alto. 

Passando para Revelation, Michael faz uma piada ao apresentar a banda, dizendo que eles são o Stryper com y porque com i seria Striper. Ele também lembra que a banda está comemorando 40 anos desde sua crianção na California, nos Estados Unidos. 

Na formação da banda também estão: Oz Fox (guitarra e vocais), Robert Sweet(bateria) e Perry Richardson – (baixo).

Michael conversa com o público a cada intervalo entre as músicas, agradece a todos e fala diretamente com alguns fãs. Antes de Calling on You, ele olha para um fã e pergunta como ele está, depois diz que é bem vê-lo. 

A cada canção o público reage batendo palmas, cantando e erguendo os braços, não é possível fazer muito além disso por causa da lotação, mas eles entregam da melhor forma a energia que um show como do Stryper necessita. O vocalista fala que eles podem dançar, cantar e fazer o que quiserem, contando que não machuquem as pessoas que estão ao seu lado. 

O show continua com Free, Sorry, All for One, Always There for You, Divider e No Rest for the Wicked

Era visível dentro do show uma majoritária presença masculina, poucas mulheres estavam ali realmente como fã dessas bandas, algumas foram apenas para acompanhar seus companheiros. Não há uma teoria para isso, talvez seja o estilo das bandas, mas era algo muito notável no show. 

Na hora de tocar, No More Hell to Pay, um som perturbador surge de uma das caixas de som fazendo a banda parar de tocar e sair do palco para resolver esse problema técnico. A hora que eles voltaram, Michael brinca com o público dizendo que era a primeira vez que eles passavam por aquilo. Uma banda com 40 anos de estrada já deve ter passado por coisas parecidas muitas vezes. 

 

Em More Than a Man, a banda continua a mostrar toda a sua energia em cima do palco com canções vibrantes, letras que falam sobre a história de Jesus e com grandes momentos em que apenas o instrumental dominava a música. Já da plateia, era possível ver a admiração dos fãs com aquela qualidade e alto nível musical.

O vocalista volta a falar com o público, ele chega até a elogiar o sorriso de um fã e fala que fica feliz em ver alguém sorrindo daquela forma em seu show. 

Passando da metade da apresentação, a banda segue com The Valley, Yahweh e Surrender.

Antes de Soldiers Under Command, o vocalista pergunta se há Soldiers (soldados) ali, esse é o nome do fandom da banda. Todos gritam e mostram que ainda estão muito animados com aquele show. 

Era hora de a banda sair do palco por alguns segundos para voltar com o bis que foi ainda mais especial para banda e o público. Durante Sing-Along Song, como o nome já indica, a proposta ali era fazer os fãs cantarem junto e muitas vezes sozinhos, as mensagens daquela canção e as onomatopeias que há nela. 

O show se encerra com To Hell With The Devil, para animação de quem estava ali, e fazendo todos cantarem o mais alto possível o refrão daquela canção. 

Após a banda agradecer ao público e sair do palco, era possível ver as bancas de merchandising com grandes filas para comprar produtos da banda. Todos queriam sair dali com uma lembrança física do show, além de todas as memoráveis daqueles 3 shows impactantes e impecáveis. 

Setlist Stryper

In God We Trust

Revelation

Calling on You

Free

Sorry

All for One

Always There for You

Divider

No Rest for the Wicked

No More Hell to Pay

More Than a Man

The Valley

Yahweh

Surrender

Soldiers Under Command

Encore:

Sing-Along Song

To Hell With the Devil

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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