Resenha: Bonfire – “Higher Ground” (2025)
Em 2020, a força criativa renovada dos veteranos do Bonfire com o álbum Fistful of Fire. Naquele momento, ficou claro que o grupo havia encontrado uma nova chama, mantendo-se firme como uma entidade musical coesa e relevante mesmo após décadas de estrada.
Poucos anos depois, mudanças importantes abalaram essa formação estável: Alexx Stahl e André Hilgers deixaram o time. Para muitos, isso poderia sinalizar um período de incerteza, mas conhecendo o histórico da banda — com suas várias reconfigurações ao longo de mais de quarenta anos —, era apenas mais um capítulo em sua longa história.
Agora, quatro anos após aquele aclamado lançamento, o grupo retorna com um novo trabalho: o primeiro sob o selo da Frontiers Records s.r.l. e com paceria cm a Shinigami Records, e marcando a estreia do vocalista Dyan Mair e do baterista Fabio Alessandrini em um álbum de inéditas.
O disco começa com uma introdução impactante que rapidamente dá lugar a um típico hino de abertura — energético e contagiante — como só essa banda sabe fazer. Em “I Will Rise”, Hans Ziller, único integrante original restante, parece reafirmar sua persistência e paixão pelo que construiu.
Com o desenrolar do álbum, percebe-se que a essência da banda permanece intacta. Estão ali os elementos que moldaram seu som: refrões pegajosos, riffs encorpados e aquela fórmula direta que tanto agrada aos fãs mais fiéis. Faixas como a poderosa “Come Hell or High Water” e a melódica “Lost All Control” são provas disso, enquanto “When Love Comes Down” preenche o espaço reservado para a balada emocional, evocando a nostalgia dos anos 80.
Dyan Mair cumpre bem seu papel como frontman, mas inevitavelmente será comparado ao seu antecessor. Stahl possuía uma capacidade especial de moldar melodias e criar nuances inesperadas, elevando canções a um outro nível — uma característica que se sente um pouco ausente neste novo trabalho. A ausência desse toque mais ousado e inventivo torna o álbum menos surpreendente, ainda que sólido em sua proposta.
Em termos de produção, o som é grandioso e moderno, por vezes até excessivamente polido, o que pode comprometer um pouco a dinâmica natural das composições. Ainda assim, a guitarra de Ziller continua sendo um dos grandes destaques. Sua habilidade em equilibrar peso e sensibilidade dá vida a momentos marcantes e reafirma seu papel central na sonoridade do grupo.
Embora este não seja um álbum que redefina a carreira da banda, ele reforça seu compromisso com a continuidade e celebra a sobrevivência em um cenário musical em constante mutação. A regravação de “Rock ‘n’ Roll Survivor” — uma versão mais direta da faixa lançada anteriormente como “Rock ‘n’ Roll Survivors” — simboliza essa resiliência. Pode não ser uma reinvenção, mas é uma afirmação de propósito.
Hans Ziller segue adiante, e isso por si só é digno de respeito. Para os que apreciam a pegada mais clássica e linear da banda, este álbum certamente agradará. Mas para quem anseia por ousadia e camadas mais profundas, talvez o brilho do passado ainda ressoe com mais intensidade.
NOTA: 6