Resenha: Metallica – “72 Seasons”
Então finalmente estamos diante de um dos mais esperados lançamentos de 2023, “72 Seasons “ do Metallica.
Falar de um disco dessa banda, ou sequer tocar em seu nome é uma divisão de público. Sabemos que ao longo dos anos, o Metallica se tornou uma das maiores entidades do heavy metal mundial e que poucos tem o poder desses caras. Mas por baixo dessa ponte, muita água já rolou e obviamente, eles não são os garotos de “Kill’Em All”, ainda que muitos esperem que sejam e apontem uma (errônea) morte da banda do disco homônimo, ou “Black Album “em diante.
O fato é que o reino chamado Metallica continua dando seus passos na Terra, doa a quem doer, e sem a carga de ter que agradar X ou Y, e fazem a música que lhe dá na telha. Claro que eles estão atentos a passos “controversos” como a fase “nickelbackiana” de “Load” e “Re-Load e aqui não estou usando o adjetivo de forma pejorativa. Assim como sabem da famigerada bateria de “St. Anger” ou a parceria revirada com Lou Reed em “LuLu”.
O Metallica continua. E em tempos que a idade se mostrou a James, Lars, Kirk e Robert, o quarteto se mostrou humano, mortais como nós e assumiram erros, fragilidades, mas nunca mostraram se arrepender de uma escolha dada em determinado momento.
Essa volta toda antes de chegarmos de fato no novo disco é necessária para apontarmos que “72 Season” é exatamente sobre isso, as temporadas e escolhas da vida, como já vinha sendo dito. O álbum é obscuro, mas há luz ali.e essa dualidade que compõe uma obra concisa e precisa, na medida mais que correta. Você não será surpreendido, isso é um fato, mas é inegável como a áurea construída faixa a faixa vai te abraçando em volta de sentimentos diversos, seja o da vontade de bater cabeça ao som das músicas mais aceleradas, a nostalgia de “inspirações” em outros momentos ou simplesmente, ver que o Metallica vive e ainda somos privilegiados por tê-los entre nós.
A faixa título já conhecida, abre os trabalhos e joga a adrenalina lá em cima, arrebatando o ouvinte, construindo um caminho para explodir em riffs acelerados e cadenciados! Essa é a hora que você grita, “ELE VIVE!”! É heavy metal, é Metallica!!! “Shadow Follow” segue a cadência e vocais dobrados e muito bem executados do refrão. “Screaming Suicide” é cativante e enérgica, o que contradiz com seu nome, pois é impraticável não dar trabalho ao pescoço nos riffs de abertura. O pré refrão é lindo de se ouvir e pega fácil, fazendo cantarolar o dia todo, e sim, a faixa poderia facilmente compor “St. Anger”. “Sleepwalk My Life Away” traz ares de uma cansada, mas clássica faixa da banda que não irei aqui mencionar mas certeza que irão pegar a referência. “You Must Burn!” é sem dúvidas uma repaginada em “Sad But True”, mas que tem seu brilho próprio, e se torna uma das mais chamativas músicas do disco. A ótima levada é quase dona de ares “estradeiros”, e o solo de Kirk cai como uma luva aqui. “Lux Aeterna” não atoa foi escolhida para apresentar o disco ao mundo. A música é energia pura, avassaladora e com tudo nos conformes! Grandes riffs, bateria empolgada, belos vocais e um refrão em alta! Combustão pura e que fará grandes “estragos” nas apresentações ao vivo! “Crown of Barbed Wire” é cheia de groove e “Chasing Light” carrega peso e um clima sombrio, se tornando uma faixa “troncuda”, direta e certeira! “If Darkness Had A Son” é soturna e mais em que Kirk acerta em cheio com suas nuances, além de mais um grande refrão, outro dos melhores do disco. “Too Far Gone?” e “Room of Mirrors” não acrescentam muito, mesmo que boas faixas. O encerramento fica por conta dos 11 minutos de “Inamorata”, que se propõe a ser epica, mas não alcança esse feito, nem soa marcante, mas não se engane que se trata de um mal momento. Não é impactante, mas é sim acertada e a banda brincando consigo mesmo, com suas épocas e dizendo que irão sim seguir fazendo o querem e como querem, doa a quem doer.
E é isso que o Metallica é hoje! A instituição monumental da história do metal, independente do que ela represente hoje a cada um, e eles não estão parados para se ligarem nisso. E com essa ideia que “72 Seasons” acerta em cheio, trazendo de longe o melhor trabalho da banda em anos, pelo menos aos que não cheguem ali saudosos ou já com pedras nas mãos prontos a um ataque barato. Como já dito, ele vive e é o Metallica se entregue ou saia da frente, porque eles não vem com freio de mão puxado.
NOTA:8
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