Resenha: Threshold – “Dividing Lines” (2022)

O Threshold vem lá do início dos anos 90, e foi jogado dentro do que era considerado à época como os primeiros passos dentro do rumo que o progressivo tomava. Ao longo dos anos a banda passou por alguma mudanças tanto internas quando em sua sonoridade.

Cinco anos após a última cartada, eles retornam com seu novo “Dividing Lines”, lançado em 2022 pela Nuclear Blast e trazido ao Brasil pela Shinigami Records, e ali, eles entregam uma obra obscura, relatando momentos sombrios, reflexos da humanidade.

A banda não brinca ao fazer a abertura do trabalho e as quatro primeiras músicas acertam em cheio. “Haunted” é ágil e com refrão vigoroso, com ótimas linhas de guitarra, e “Hall of Echoes” é uma das melhores faixas do trabalho, com climas densos, versos cantados de forma soturna e um belo trabalho instrumental rico em diversos detalhes. As sacadas dos dedilhados e batidas de violão casa perfeitamente com a pedida e o refrão é a tacada para coroar o golpe. “Let It Burn” continua o clima carregado, parecendo trilha sonora de algum filme de terror dos anos 80, em clima de pesadelo, sua abertura tem a espessura de uma tonelada, mas logo há uma virada e o andamento se torna rápido e parece não estarmos ouvindo a mesma música. A montanha russa musical é forte e Glynn Morgan traz uma voz cheia, que preenche todos os espaços da faixa. Mais um grande destaque do registro. Karl Grimdom por aqui faz um belo trabalho com as seis corda em um solo muito inspirado. “Silenced” encerra o quarteto de abertura e faz em um música mais cadenciada, mais groovada e com um bom refrão, além de um bom solo de teclados, feito por Richard West, emendando com as cordas de Morgan! Adiante, temos “The Domino Effect” e seus 11 minutos. Veja bem, não há problema algum em termos uma longa faixa em um disco, principal e obviamente, se falamos de uma banda de prog, a questão é sempre a necessidade disso. Não estamos falando de uma música remendada por retalhos desconexos como já vimos em outras bandas do gênero, mas a questão é que o corte poderia sim ser menor sem agredir a qualidade do andamento. Ainda assim, estamos frente a um bom trabalho. “Complex” é mais agitada e contida, mudando o rumo da música anterior e soa como algo vindo do Rage. Mais adiante, nos deparamos com mais uma longa faixa, o encerramento com “Defence Condition” que traz a melancolia em seu refrão, nos fazendo remeter diretamente ao tema apocalíptico da capa. O final acerta na caminhada e fecha o trabalho com bom tom.

Como dito, há alguns pequenos excessos espalhados pelo álbum, em vista de outros pedaços mais mornos como algumas faixas próximas do final, e que acabam por provocar um pequeno desiquilíbrio no disco. Mas isso não é nada que tire o brilho do bom registro que nos é entregue, transformando o progressivo em um algo bastante palatável e que pode causar uma boa impressão mesmo nos mais avessos ao estilo. Recomendado a quem queira ter bons momentos com música boa.

NOTA: 8

 

 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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