Carcass: há 29 anos, banda lançava “Swansong” e se separava

Há 29 anos, em 10 de junho de 1995, o Carcass lançava “Swansong“, o quinto álbum da banda britânica, o último antes da separação. E é claro que nós vamos falar deste clássico do Death N’ Roll.

Após o lançamento do clássico “Heartwork“, a banda perdeu o guitarrista Michael Amott e assinou um contrato com uma gravadora grande, a Columbia, que claro, esperava sucesso comercial (N. do R: baseada em vozes da cabeça, já que uma banda de Metal extremo jamais seria premiada com Disco de Ouro por vendas). No ápice da viagem dos executivos, eles exigiram até que Jeff Walker mudasse seu estilo de cantar. A gravadora deu um adiantamento de US$ 200 mil para a gravação do álbum e em 1994, eles tinham 17 canções prontas, duas delas, inclusive, já haviam sido tocadas em shows da banda: “Firm Hand” e “Edge of Darkness“. Somente a primeira entrou no álbum.

Entretanto, a Columbia estava bem insatisfeita com as composições apresentadas pelo quarteto e exigia que eles escrevessem mais músicas, ideia que felizmente foi ignorada por todos. Então eles se juntaram no Rockfield Studios, entre os meses de fevereiro e abril de 1995, na companhia do produtor Colin Richardson. Doze das dezessete canções foram as escolhidas para entrar no play e como foi contrariada, a Columbia foi retirando o apoio financeiro que estava dando ao Carcass, o que fez com que o lançamento do álbum fosse retardado. Esse adiamento fez com que a banda perdesse uma oportunidade de fazer shows como banda de abertura para o Iron Maiden na turnê do álbum “The X-Factor“, onde a banda de Steve Harris apresentava ao mundo seu novo vocalista, Blaze Bayley. Isso certamente iria representar uma visibilidade maior ao Carcass.

Com todo esse imbróglio, a banda retornou para a Earache Records, assinando um novo contrato e recebendo novamente para fazer um álbum que já estava pronto, o que Jeff Walker declarou como sendo “a segunda grande farsa do Rock and Roll”. “Swansong” mostra o Carcass mais uma vez na vanguarda. Se anos antes eles foram os pioneiros do chamado Death Metal melódico, em “Swansong“, provavelmente eles foram os primeiros a lançar um álbum em uma nova vertente: o Death N’ Roll. O guitarrista Carlo Regadas estreou aqui em “Swansong“, onde não só gravou, mas é creditado como autor de três das canções contidas aqui.

A nova abordagem musical vinha muito em razão da perda do interesse do guitarrista Bill Steer pelo Heavy Metal. Paralelamente à gravação do álbum, a banda regravou o instrumental da música “Isobel“, de Björk, com o vocal da cantora que entrou em seu single “Hyperballad“. O baterista Ken Owen afirma que este é o álbum definitivo do Carcass, enquanto que Jeff Walker defende que o álbum deveria ter sido lançado com todas as dezessete canções, em formato duplo. Enfim, eram os conflitos que levaram a banda a se separar.

Bolacha rolando, temos uma grata surpresa, já que o Carcass é uma banda que provou que conseguiu se reinventar sem se perder. Quem escutou o álbum “Reek of Putrefaction” até acha que o nosso aniversariante do dia é tocado por outra banda, só que não. O Death N’ Roll apresentado pelo Carcass se mostrou muito bem feito e nos 41 minutos de duração, podemos destacar as faixas “Keep on Rotting in a Free World” (uma zoação com a famosa canção de Neil Young), “Tomorrow Belongs to Nobody“, “Black Star“,  “Child’s Play“, “Cross my Heart“, “Firm Hand” e “Go to Hell“.

Apesar das boas vendagens e de aparições nas paradas de sucesso, como a 46ª posição na categoria US Heatseekers, da Billboard e a 33ª posição nas paradas finlandesas, o Carcass se separou antes mesmo que “Swansong” fosse lançado. Esse hiato perdurou até o ano de 2007, quando retornaram para nunca mais se separar. E o retorno não poderia ser em um outro lugar, a não ser no Wacken Open Air, que à época era o principal festival de Metal do mundo, até hoje continua a ser, mas agora tem outros festivais igualmente gigantes.

Hoje o play é pouco lembrado pela banda nos shows ao vivo, mas é inegável que se trata de um grande disco e que merece ser celebrado com toda a pompa. O Carcass esteve no Brasil recentemente para se apresentar na segunda edição do Summer Breeze Brasil e isso só nos deixa mais satisfeitos não só com a continuação da banda, infelizmente sem a presença de Ken Owen, que infelizmente sofreu uma hemorragia cerebral em 1999, que comprometeu sua capacidade de tocar. Vamos celebrar mais um ano deste discaço que vai envelhecendo muito bem.

Swansong – Carcass
Data de lançamento – 10/06/1995
Gravadora – Earache Records

Faixas:
01 – Keep On Rotting in the Free World
02 – Tomorrow Belongs to Nobody
03 – Black Star
04 – Cross My Heart
05 – Child’s Play
06 – Room 101
07 – Polarized
08 – Generation Hexed
09 – Firm Hand
10 – R**k the Vote
11 – Don’t Believe a Word
12 – Go to Hell

Formação:
Jeff Walker – baixo/ vocal
Bill Steer – guitarra
Carlo Regadas – guitarra
Ken Owen – bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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