Com metalcore de primeira, “Karmic Punishment” é outro bom disco lançado pelo Paura

OBSERVAÇÃO: Abs Nota: 8

Há bandas que vão construindo sua história dentro do seu nicho pouco a pouco, com uma discografia constantes, shows impactantes, com coerência entre o que pregam e o que efetivamente vivem. No Brasil, uma das bandas que mais preenchem essa lista é o PAURA.

O quinteto paulista, que está prestes a comemorar três décadas de estrada agora em 2025, cravou outro bom disco no seu currículo: “Karmic Punishment” (2023).

Elaborado durante o sinistro período da Covid-19 (que hoje parece distante, mas foi há apenas alguns anos atrás), o disco carrega mais do que o peso esperado para uma banda de metalcore: traz também muita raiva lírica.

São treze pedradas de uma banda bem afiada e raivosa. As letras do disco giram em torno de temas como traição, autoritarismo, capitalismo, revanche, mas também mensagens sobre meio ambiente (“Deserve The Planet”), conscientização (“No Face, No Case”) e limites da liberdade de expressão (“Free Speech Is Not Hate Speech”, um bom lembrete nesses tempos de “opiniões” duvidosas).

Como toda boa banda do gênero, as parcerias entre os grupos prevaleceram: “Last Response” conta com Jê Landini, “Retaliate” com Anderson Nego (UNDOSTAIS, UNSHAKEN) e “Time Heals No Wounds” traz Felippe Max (JOKER, TRUE FORCE).

A capa, arte de Alexandre Kool, retrata bem mais esse período infernal que o Brasil viveu, me lembrou a clássica “Brasil” (1982) do RATOS DE PORÃO tamanha quantidade de mazelas nossas estampadas ali: violência policial, poluição, armas, fanatismo, etc.

Já o som, para quem não conhece ainda o grupo, tem muito de metal, com palhetadas bem thrash metal com MADBALL e BODY COUNT apimentados. Gosta de metal? Escute o disco. Prefere hardcore? Escute também.

A boa gravação, edição e mixagem é obra de Thiago Bezerra, com masterização de Will Killingsworth. Todos os instrumentos e vocais ficaram bem distribuídos, com um grau a mais no volume para as boas guitarras da dupla Rodontaro/Pirani, levemente acima dos demais instrumentos.

O encarte é obra de Mazzei e Ramon Mantuan que usaram fotos estouradas na cor, ficou bem legal, causa um impacto em quem segue o encarte (mídia física sempre!). Falando em físico, disponível graças a união dos selos/gravadoras Conspiracy Chain, Samsara Discos, Tu.Pank Recs, Two Beers Or Not Two Beers, 255 Recs, Fuck It All Recs, Terceiro Mundo Chaos Discos, Tumba Produções, Distro dos Infernos, Lokaos e Vale do Caos Recs.

“Karmic Punishment” (2023) é um disco simples, no sentido de bem-feito, de quem sabe o que está fazendo e que ainda tem muito a entregar.

Formação:

Fábio Prandini: vocais

Rogério Rodontaro: guitarra

Bira Pironi: guitarra

Paulo Demutti: baixo

João Limeira: bateria

Faixas:

01 Karmic Punishment

02 Last Response feat. Jê Landini

03 Retaliate feat. Anderson Nego

04 The City Is Ours

05 The Aftermath

06 We Won´t Be Sold

07 Time Heals No Wounds feat. Felippe Max

08 Deserve The Planet

09 No Face, No Case

10 World To Be Free

11 Day Of Reckoning

12 XXV

13 Free Speech Is Not Hate Speech

Mario Pescada

Mineiro, leitor compulsivo, ouvinte de todas as vertentes do rock - do blues ao grindcore. Valoriza mais a honestidade e entrega em cima do palco do que a técnica. Guarda os flyers dos shows que vai como se fossem relíquias. Autor do livro "Distorções do Submundo: Dissecando álbuns matadores do underground brasileiro" lançado pela Editora Denfire.

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