Resenha: Dream Wild – “Omen to Battle” (2023)
O Dream Wild é uma banda veterana, foi formada em 1995 na cidade de Votorantim, SP, e é muito apreciada pelos fãs de música pesada que sempre a acompanharam ao longo de seus 25 anos de carreira. Durante todos esses anos focaram muito sua carreira nas apresentações ao vivo, sempre contando com um público bem diversificado e agradando apreciadores de diferentes estilos dentro da música pesada, mas seu som sempre foi calcado no Heavy Metal Tradicional. Apesar de priorizar os palcos e ter compartilhado experiências com renomadas bandas como Savatage, Angra, e muitas outras, o Dream Wild passou pouco tempo em estúdio, mas isso sem deixar de lado novas composições. Seu repertório inclui clássicos como “Metal Warriors” e “Breaking Heads”, por exemplo, músicas bem conhecidas do público em geral. Hoje a banda é formada por Márcio Rodrigues (vocal), Ilde Carvalho (guitarra), Marcos Santos (guitarra), Andrew Albuquerque (baixo) e Daniel Mestre (bateria).
No final de 2023, em dezembro para ser mais preciso, após estes 25 anos de uma trajetória que conta com demos, EPs e singles, o Dream Wild lançou seu tão aguardado álbum de estreia, o “Omen to Battle”. Gravado no Estúdio 8 em Tatuí/SP, o álbum conta com nove faixas que representam uma maturidade no Heavy Metal dos anos 80, com influências do Hard Rock dos anos 70, do Heavy Metal Americano do Heavy Metal moderno. A versão física do álbum tem distribuição pelo selo Som do Darma.
A capa traz uma arte muito bonita e com um conceito interessante, que aborda as adversidades enfrentadas pela humanidade ao longo dos tempos, reforçando o nome do disco. As pequenas irmãs de vermelho ao centro simbolizam laços que transcendem o tempo, representando a essência da magia frente ao caos. Ela foi desenvolvida pelo renomado designer João Duarte, que já trabalhou com Metal Church e Angra, dentre outros.
Então vamos ao play… O que chama atenção logo de início é que, embora possua somente nove faixas, sendo a primeira uma introdução de menos de 2 minutos, o álbum tem duração de pouco mais de 55 minutos. Geralmente o que se espera encontrar em bandas do estilo são faixas diretas e que dão seu recado em torno de 4 minutos. Em “Omen to Battle” o tempo da maioria das faixas fica entre 6 e 8 minutos. Fato curioso, mas que, ao escutarmos o que a banda tem a oferecer, fica claro no decorrer do disco o motivo da duração de cada uma das canções. São músicas que exploram bem a parte instrumental e a ampla gama de ritmos a serem explorados em cada um dos capítulos dessa obra. Logo na segunda faixa, a “Battlefield”, que conta com mais de 8 minutos de duração, essa gama de ritmos já pode ser percebida, exibindo excelentes melodias e uma forte presença de baixo e bateria, que formam uma cozinha bem precisa. Os vocais do Márcio se encaixam muito bem na proposta musical e tem sua potência muito bem dosada entre os versos e refrãos.
Muito de influências musicais do Heavy Metal Americano e o Power Metal Alemão podem ser encontrados no seu som, e isso fica claro em faixas como “Receptors” e “Headbangers” que trazem melodias ricas e bem inspiradas nestes estilos, abrilhantados com arranjos que adicionam alguns traços de Hard Rock. “Revelation” talvez seja um dos momentos em que as influências do Metal Americano fiquem mais evidentes, contando ainda com belos duetos vocais entre o Márcio e Andre Tulipano, vocalista e guitarrista da lendária banda brasileira Steel Warrior.
Falando em participações especiais, temos também a participação do Leandro Caçoilo (Viper, Caravellus) na já citada “Receptors”. O Leandro tem uma potência vocal invejável e nessa faixa ele atrai todos holofotes para si, mas sem deixar de lado o trabalho competente feito pelos músicos que conseguem criar faixas longas quando falamos de minutagem, mas diretas em termos de execução, já que fluem muito bem e não sentimos que são faixas longas. Outra participação interessante fica por conta do compositor e guitarrista Joe Moghrabi que adicionou um toque único a faixa “Headbangers” trazendo bastante intensidade ao som.
“The Walls of Eternity” é um dos grandes destaques e traz alguns detalhes bem legais, principalmente por conta das mudanças no seu andamento. Ela vai numa levada mais acelerada até certo momento, dando espaço a uma sequência mais cadenciada que precede o excelente solo de guitarra. E foi durante o solo, um interlúdio instrumental bem intenso no meio da música, que tive a sensação de que os músicos estavam curtindo muito o momento fazendo uma jam e mostrando seu amor pela música pesada. Vale a pena conferir.
“Omen to Battle” consolida a história do Dream Wild como uma grande banda do vasto cenário nacional e apresenta momentos bem interessantes, mostrando que os músicos além de experientes, tem muita lenha para queimar, só nos resta agora torcer para que não demorem muito mais tempo para lançarem novos materiais de estúdio.
NOTA: 8