Sepultura: há 37 anos era lançado “Morbid Visions”, a pedra fundamental da banda

Há 37 anos, em 10 de novembro de 1986, a maior banda brasileira de Heavy Metal da história lançava seu disco de estreia: claro que estamos falando do Sepultura e o álbum em questão é “Morbid Visions“.

A pedra fundamental do Sepultura, apesar de ser um álbum mal gravado, mal tocado e com as guitarras sem a devida afinação, conforme o próprio Max Cavalera já declarou, é de uma importância enorme. Eles eram adolescentes inspirados em bandas como Venom e Celtic Frost, que mal sabiam falar inglês. Aliás, essa dificuldade com a língua de Shakespeare só cessou lá em “Chaos A.D.”, sete anos depois. Aqui, eles usavam um dicionário para traduzir as letras.

Em 1985, eles já haviam gravado o split LP com o Overdose, onde cada banda tocava em um dos lados da grande bolacha. A parte do Sepultura foi batizada “Bestial Devastation” e já havia causado um boom entre o público. Músicas como “Antichrist” e “Necromancer” deixaram uma ótima impressão. Como já tinham contrato com a Cogumelo, a gravação de um primeiro álbum era questão de tempo.

E assim aconteceu, eles se reuniram no Estúdio Vice Versa, em Belo Horizonte. A própria banda produziu o álbum. Porém, eles encontraram uma dificuldade muito grande com os engenheiros de som, que na época não tinham a menor intimidade com a música pesada, ainda mais pesada e extrema como a que o Sepultura fazia a época. Eles passaram sete dias no estúdio, período que gravaram e mixaram o álbum.

O baixista Paulo Xisto, que naquela época assinava como Paulo Junior, é creditado como o baixista do álbum, mas na verdade ele nunca gravou suas partes em nenhum álbum inteiro até o já citado “Chaos A.D.“. O mais próximo que ele chegou a gravar foi o trecho final da faixa “Stronger Than Hate“, do álbum “Beneath the Remains“, em 1989. O baixo em “Morbid Visions” foi gravado pelo guitarrista Jairo Guedz.

A influência que a banda tinha do Venom e Celtic Frost era tão grande que os músicos usavam de pseudônimos. Max Cavalera era Max Possessed. Igor Cavalera era Igor Skullcrusher. Jairo era Tormentor. As primeiras edições do álbum continham na introdução o primeiro movimento de Carmina Burana. Tempos depois essa introdução foi retirada, muito provavelmente para evitar problemas judiciais com direitos autorais.

Bolacha rolando, temos oito faixas em breves 34 minutos e embora a produção e execução sejam ruins, temos músicas que já mostravam potencial. São os casos da faixa-titulo, “Troops of Doom“, que é uma das mais clássicas da banda até hoje, “War” e “Crucifixion” estão entre os destaques de um Sepultura com temática satanista, mas com a inocência de quatro adolescentes.

Era o último registro com o guitarrista Jairo, que saiu para se dedicar a um emprego, pois ele já não era adolescente e precisava se manter. Andreas Kisser iria assumir a posição e hoje é a mente responsável pela parte criativa da banda. E neste ano, Max e Igor regravaram o álbum, ainda que alguns acreditem que o original deve ser mantido, a nova roupagem deixou o álbum ainda mais sensacional. Se podemos usar os recursos tecnológicos atuais para melhorar as coisas, por quê não fazê-lo, não é mesmo, caro leitor? Uma pena que essa edição não dói lançada no Brasil por conta de direitos autorais, pertencentes à Cogumelo.

Hoje é dia de celebrar esse belíssimo álbum. O Sepultura mudou e muito a sua sonoridade com o passar dos anos e essa formação atual simplesmente ignora essa primeira fase. Natural, até, pois nenhum dos integrantes estava presente quando este álbum foi concebido. O baterista Eloy Casagrande sequer era nascido. Mas nós estamos aqui para lembrar a importância deste play.

Morbid Visions – Sepultura

Data de lançamento – 10/11/1986

Gravadora – Cogumelo

Faixas:

01 – Intro

02 – Morbid Visions

03 – Mayhem

04 – Troops of Doom

05 – War

06 – Crucifixion

07 – Show Me the Wrath

08 – Funeral Rites

09 – Empire of the Damned

Formação:

Max Cavalera – guitarra/ vocal

Igor Cavalera – bateria

Jairo Guedz – guitarra/ baixo

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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