Tesseract volta a São Paulo num show breve mas repleto de técnica e peso

Texto: Vítor Ferragini
Fotos: Tamira Ferreira
A banda de metal progressivo Tesseract voltou ao Brasil após quase um ano e meio com um show conciso mas carregado de riffs pesados e ritmos complexos, além de uma performance impecável de todo o grupo, com destaque para a voz altamente versátil de Daniel Tompkins.
A noite no Carioca Club começou às 19 horas com abertura a cargo da banda de metalcore paulista There’s No Face, que esse ano lançou o álbum “Contra/Senso“. Deste trabalho, foi escolhida a agitada “Hamurabi” para iniciar a apresentação, com riffs de guitarra bem pesados e linhas de bateria dinâmicas para animar o público ainda acanhado. Seguiram com “Quebre o Silêncio“, que fez jus ao nome com uma pegada ainda mais pesada, alternando entre vocais rasgados e melódicos. Após o vocalista agitar a galera, tocaram “Enquanto Você Espera o Bem“, do EP Escolhas de 2012, com mais riffs e pedais velozes, seguida por “Imensidão”, equilibrando belas melodias e arpejos complexos. A próxima canção, “Contra/Senso“, segue a mesma pegada com composição madura e um riff final de empolgar até quem ouvia a banda pela primeira vez. A banda encerrou sua apresentação com “Motivo”, fazendo o público balançar as mãos com a melodia final e deixando às 19:30 horas o palco para que tudo fosse organizado para a apresentação principal, enquanto o restante do público chegava para lotar a casa.
Então, pontualmente às 20 horas, a atração principal subiu aos palcos. Aos gritos de “Tes-se-rá!” e luzes neon, a banda abriu o setlist com a excelente “Natural Disaster“, primeira faixa do álbum mais recente, “War of Being“, evidenciando o que há de melhor em suas composições: riffs graves e complexos tão marcantes quanto as melodias que intercalam o instrumental de peso. O público, já empolgado, cantava junto e balançava as mãos no ritmo complexo do riff final, mostrando que o último trabalho do grupo havia caído de vez nas graças dos fãs. Seguindo ainda a ordem do álbum, “Echoes” traz vocais cativantes unidos a uma composição bela e elaborada, que fez os ouvintes pularem de empolgação logo no início, prometendo um show bem agitado para o restante da noite.
Voltando um pouco no tempo, o grupo prosseguiu com “Of Mind – Nocturne“, representando o álbum “Altered State” na noite. A introdução já exemplifica o porquê da banda ser um expoente do metal progressivo moderno e do djent, com riffs pesadíssimos e elaborados, vocais limpos muito bem executados e acompanhados por um entrosamento ímpar do restante da banda. A seção instrumental com foco no baixo de Amos Williams e na bateria de Jay Postones foi acompanhada de um coro dos fãs fazendo par com a bela melodia da guitarra. Em seguida, “Tourniquet”, a escolhida do “Polaris”, trouxe uma boa dose de emoção com seu início mais atmosférico e vocais agudos, linhas de baixo bem grudentas e evoluindo para um riff cativante no final.
A próxima foi “Sacrifice”, faixa de encerramento do “War of Being“, com quase 10 minutos de duração e um refrão que parece feito para ser cantado ao vivo. Novamente, o Tesseract demonstra toda a sua maestria na composição e performance, intercalando seções instrumentais e linhas vocais agudas e rasgadas alternadas com facilidade. Seguiram com “King”, a primeira de três canções do álbum “Sonder”, que foi acompanhada pelo canto do público empolgado desde o início. Na seção instrumental durante a música, o vocalista Daniel Tompkins grita para a platéia: “Brazil, show me your lights!“, enquanto pega uma lanterna e lança luz sobre as pessoas próximas do palco para ver o rosto dos fãs. Logo após, “Smile” traz mais riffs profundos e vocais versáteis, emendando com “The Arrow” numa transição perfeita.
Já na metade do show, os britânicos voltam às faixas do mais recente álbum, com a faixa título “War of Being” trazendo um riff elaborado e marcante com os guitarristas James Monteith e Acle Kahney dando tudo de si. Em seguida, com “Legion” do mesmo disco, os fãs acompanham Daniel Tompkins durante toda a canção e vão à loucura com os agudos que ele alcança com maestria, consolidando esta como mais um dos recentes sucessos da banda. Essa energia do público apenas aumenta quando em sequência vem mais uma favorita do “Sonder”, a incrível “Juno”, com a platéia pulando e cantando junto as melodias, desde o riff de abertura até o refrão. Com direito até a uma dança do vocalista, era impossível ficar parado durante a performance, numa grande demonstração de todo o potencial que o metal progressivo tem para cativar os fãs.

Após uma breve pausa, o público se preparava para as duas últimas músicas da noite: “Concealing Fate part 2: Deception” e “Concealing Fate part 1: Acceptance“, do “One”. Os riffs brutais da primeira levaram o público ao delírio, fazendo com que todos cantassem, pulassem e até formassem um mosh pit no meio da pista. Houve apenas uma pequena pausa entre as duas, o suficiente para que todos tivessem energia de sobra para o encerramento com a segunda. Com riff atrás de riff, o Tesseract encerrou o show após uma hora e meia do início, deixando um gostinho de “quero mais” ao mesmo tempo que satisfez a sede por música pesada e técnica de qualidade. A banda se apresenta novamente no dia seguinte, num show mais intimista e que promete a canção “Concealing Fate” na íntegra.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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