Como “Untouchables” do Korn se tornou o terceiro disco mais caro da história da música

Com a virada dos anos 2000, novas bandas de uma novas geração do new metal começavam a surgir, entre eles o Linkin Park e o Evanescence, que lançaram discos de estreia com grande sucesso, mas trazendo uma abordagem diferente da cena vista nos 90, provindo de bandas como o Deftones, Coal Chamber, Limp Bizkit, Slipknot e claro, o Korn.

Este último, vinha de uma sucessão de lançamentos com grande repercussão, com “Follow the Leader” e “Issues”, que os colocou de vez na rota do sucesso mundial, vencendo diversos prêmios, incluindo o Grammy e os fazendo estar em grandes festivais e turnês pelo mundo.

Mas era chegada a hora de um novo registro, e para isso, a banda queria alçar grandes voos, e eles tinham contrato agora com uma das maiores gravadoras do mundo naquele período, a Sony, e lhes foi dado um orçamento monstruoso, que pareceu ainda não ser o suficiente.

Para “Untouchables“, o quinto disco da sua carreira, a banda entraria na história não só de seus fãs, que muitos tem o álbum como o favorito da discografia do grupo, assim como o próprio Jonathan Davis, vocalista da banda o elegeu seu favorito, mas também por ocupar o posto de terceiro disco mais caro da indústria da música, ficando atrás de “Chinese Democracy” do Guns N’ Roses e “Hysteria” do Def Leppard.

Untouchables (álbum) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Mas o que levou a esse gasto tão exagerado?

No lado pessoal, a banda vinha enfrentando grandes problemas com os vícios em drogas de seus integrantes, principalmente do baixista Reginald “Fieldy” Arvizu, e antes de começarem a gravar, a banda ponderou sobre uma possível demissão dele do posto. A decisão levou um tempo a ser tomada, o que causou um pequeno atraso para que eles entrassem em estúdio, e no final, decidindo por ficarem juntos de Fieldy. Pois bem, a proposta inicial de superar os lançamentos anteriores, tinha a ver com isso, logicamente, porém, todo o material e as pessoas envolvidas no projeto, levaram a uma exorbitante quantia de nada menos do que 4 milhões de dólares (estamos falando de 2002, imagina a fortuna que isso foi).

Para a gravação do álbum, a banda se mudou para Phoenix, local dos estúdios onde os registros seriam feitos, e para cada um dos membros, foi alugada uma casa com o valor de $ 10.000 mil dólares, com o acréscimo de $ 8.000 dólares a cada semana a mais que fossem usadas.

A equipe toda em torno da gravação girou em torno de 15 pessoas, com os custos cobertos pela gravadora, além de equipamentos.

Somente para a captção da bateria, foram usados cerca de 50 microfones.

O produtor Michael Beinhorn queria resgatar o melhor de cada membro, principalmente da voz de Davis, que em alguns dias chegava para gravar e após uma única nota registrada, Beinhorn o mandava embora, dizendo não ser aquilo que ele queria ouvir.

Todas essas questões acabaram ultrapassando o prazo previsto e o orçamento inicial que se tinha pensado para o trabalho, o que sofreu um grande acumulo de despesas chegando ao famigerado valor.

Em entrevista, Jonathan Davis relembrou:

“Estávamos saindo da Issues e queríamos fazer um álbum incrível. Foi quando nos juntamos a Michael Beinhorn, e toda a visão de Beinhorn era fazer um álbum de rock com som incrível que nunca poderia ser feito novamente. Eu queria fazer um documentário sobre esse disco. Gastamos tanto dinheiro, só a bateria que passamos um mês inteiro só pegando sons de bateria. Eram 50 microfones só na bateria que eles escolheram e testaram. Geralmente, eu faço meus vocais e levo um mês ou duas semanas, mas só os vocais demorei cinco, quase seis meses. Com Beinhorn, às vezes eu entrava e cantava e ele dizia: “Vá para casa, sua voz não está boa. Foi o auge de tudo no Korn. Ainda não consigo acreditar em quanto trabalho deu nisso. Foi muito.” 

Quando finalmente lançado, “Untouchables”, que recebeu mixagem do lendário Andy Wallace, rendeu ao Korn mais uma vitória do Grammy, pelo single de “Here to Stay“, vendendo em sua primeira semana 434 mil cópias, perdendo apenas para o disco do Eminem,The Eminem Show“. Um mês após seu lançamento, foi certificado de Platina, e posteriormente, com Ouro. Estima-se que nos Estados Unidos ele tenha vendido um 1,4 milhão de cópias.

Foi o disco mais aclamados pela crítica no Metacritic, com 80/100 da avaliações, onde permaneceu como o disco mais bem avaliado do Korn por 17 anos, perdendo para “The Nothing“, de 2019 que recebeu 83/100.

Take a Look in the Mirror | EW.com

Durante a turnê do disco, Jonathan Davis mostrou ao mundo a “The Bitch”, o pedestal de microfone estilizado pelo artista H.R Giger, o mesmo criador da criatura do filme Alien, que desenho o objeto especial para Davis. E foi também durante o giro do disco, que a banda veio ao Brasil pela primeira vez.

Em novembro de 2002, o disco ganhou uma nova versão, que incluía um dvd com algumas versões ao vivo e vídeos de alguns dos singles do álbum.

Amazon.com: Untouchables (Limited Edition with Bonus DVD) by Korn  (2002-11-19): CDs y Vinilo

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

2 thoughts on “Como “Untouchables” do Korn se tornou o terceiro disco mais caro da história da música

  • junho 12, 2023 em 6:38 pm
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    Excelente matéria, Marcio Machado sabe o que escreve. Esse disco é o meu favorito e na minha opiniao o melhor deles.

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    • junho 14, 2023 em 10:21 pm
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      Também é meu favorito, ao lado do “Issues” e o primeiro que é histórico! E muito obrigado por acompanhar o trampo!

      Resposta

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