Misturando death metal com post metal, Oceans entrega um bom terceiro disco

O Oceans é um grupo relativamente novo e até então pouco conhecido no Brasil, mas que teve seu terceiro e mais recente disco, “Happy” (2024), lançado por aqui graças à parceria entre Shinigami Records e Nuclear Blast Records.

Formado por músicos austríacos e alemães, o quarteto pratica, como eles mesmo descrevem, “nu death metal”, mas eu também acrescentaria aí doses pesadas de post rock e de metalcore. Consigo imaginar os calafrios que muito tiveram ao ler tais termos, mas o grupo consegue se sair bem no todo.

Batizado ironicamente com o título de “Feliz”, o disco traz onze músicas com letras que falam de frustação, tristeza, raiva e desilusão. De cunho muito pessoal, sempre na primeira pessoa, elas abordam questões pessoais/interpessoais e do mundo atual, como “Click Like Share” e “Slaves To The Feed”, que fazem críticas às redes sociais e como elas têm influenciado as pessoas e “Spit”, uma crítica direta para a indústria musical.

No som, o peso é uma constante, disso ninguém pode reclamar, independente do estilo que curta. O problema é que em algumas faixas acabaram misturando demais, o que acabou criando trechos meio desconexos – metranca death metal com nu metal para mim não encaixa muito bem, mas ok, questão de gosto. Agora, quando os caras apostam numa linha mais melódica sem abrir mão do peso, como nas faixas “Let It Burn”, “Self Doubt 24/7”, “Breed” e “Father”, aí eles acertam em cheio. Não digo que deveriam sempre seguir esse caminho, mas foram de longe o tipo de faixas que mais me agradaram – de novo, questão de gosto.

Produzido pela própria banda, no caso Timo e Thomas, o disco ainda contou com as participações dos músicos MISSTIQ e Josh Collard, ambos da banda de metalcore australiana Earth Caller.

Formação:

Thomas Winkelmann: baixo

J.F. Grill: bateria

Patrick “Zasch” Zarske: guitarra

Timo “Rotten” Schwämmlein: vocais, guitarra

Faixas:

01 Parasite

02 Spit

03 Click Like Share

04 Let It Burn

05 Self Doubt 24/7

06 Happy

07 Slaves To The Feed feat. MISSTIQ

08 Breed Consume Die feat. Josh Collard

09 The Birth Of Death

10 Father?

11 In The End There’s Always Pain

Nota: 7

Mario Pescada

Mineiro, leitor compulsivo, ouvinte de todas as vertentes do rock - do blues ao grindcore. Valoriza mais a honestidade e entrega em cima do palco do que a técnica. Guarda os flyers dos shows que vai como se fossem relíquias. Autor do livro "Distorções do Submundo: Dissecando álbuns matadores do underground brasileiro" lançado pela Editora Denfire.

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