Green Day: há 31 anos era lançado o álbum “Dookie”

Há 31 anos, no primeiro dia de fevereiro de 1994, o Green Day lançava “Dookie“, o terceiro álbum da carreira da banda. Muitos acharam que era o disco de estreia, pois o trio era desconhecido e estourou com músicas divertidas e que faziam emergir um novo estilo: o Poppy Punk. Este adorável álbum é tema do nosso bate-papo deste sábado.

Precisamos voltar alguns anos no tempo para que possamos entender o fenômeno que se tornou “Dookie”: formado no ano de 1987, o Green Day havia lançado o álbum “Kerplunk” no ano de 1991. E ainda que tenha sido lançado por um selo independente, o seu antecessor alcançou relativo sucesso, vendendo mais de três milhões de cópias em todo o mundo.

O sucesso no cenário underground atraiu a atenção de outros selos dispostos a contratar o trio californiano, que ouviu as propostas em reuniões que incluíram almoços e convite para uma viagem à Disney. Mas as conversas cessaram quando eles conheceram o produtor da Reprise Records, Rob Cavallo. Seu trabalho com a banda The Muffs impressionou e foi a razão para que a banda encerrasse seu contrato com o selo “Lookout! Records” e partisse para novos caminhos, com novo selo e o produtor escolhidos. O tempo mostraria que era uma sábia decisão.

A banda então passou ao produtor a fita demo com um esboço do que viria a ser o aniversariante do dia e Cavallo percebeu que dava para conquistar muita coisa com o material. Assim sendo, todos foram ao “Fantasy Studios”, na Califórnia, onde ficaram entre os meses de setembro e outubro de 1993. A banda não ficou satisfeita com o resultado da mixagem e solicitou ao produtor que refizesse. O mesmo aceitou. O vocalista e guitarrista Billie Joe Armstrong afirmou em entrevistas que queria fazer o som da banda soar mais seco, como o Sex Pistols no início da carreira ou mesmo o Black Sabbath. As fontes escolhidas foram acertadas, ainda que nem de longe a banda de Tony Iommi seja uma influência para o Green Day.

Dookie” gerou muita controvérsia, pois a banda melhorou consideravelmente a produção, o som ficou mais redondo e ainda que seja uma banda punk, a sonoridade nitidamente era mais radiofônica, o que custou o banimento da banda do clube 924 Gilman Street, onde eles eram presença constante. Eles foram acusados de se vender, coisa corriqueira a qualquer banda que cresce na cena.

Mas eles não se abalaram e foram com tudo. “Dookie” tem seus méritos, ainda que a cena punk tenha se rebelado contra eles. O Rock and Roll nos anos 1990 de maneira geral sofria. As bandas de Heavy Metal estavam em crise de criatividade, o movimento Grunge que havia surgido como um tufão, estava começava a entrar em decadência, o que se confirmou com a morte de Kurt Cobain pouco tempo depois e algo deveria ser feito para manter o estilo em evidência na mídia. Nisso, o Green Day tem muita responsabilidade, juntamente com outras bandas, como o The Offspring, Rancid, Pennywise e NOFX, para citar as mais relevantes da época. Nascia o Poppy Punk, aquele estilo de três acordes, porém, moldado para ser acessível a todos.

Em quase quarenta minutos temos um belo disco, com uma primeira parte praticamente impecável e uma segunda parte bem honesta. Um disco que marcou época e não é a toa que ele foi um sucesso de crítica e vendas. Somente nos Estados Unidos ele vendeu mais de 12 milhões de cópias. Em todo o planeta foram mais de 30 milhões, o que coloca o álbum entre os mais vendidos da história. Alguns clássicos eternos do Green Day foram forjados neste play, como “Basket Case“, “She“, “When I Come Around”, “Long View“, além de outros bons momentos como “Chump“, “Coming Clean” e “In The End“.

O legado de “Dookie” é imenso: além do disco de diamante conquistado nós Estados Unidos e de três vezes platina no Reino Unido, o álbum alcançou a segunda posição na “Billboard 200”, o 13° lugar nas paradas britânicas, 3° na Suécia, 5° na Finlândia, 6° na Suiça e ficou em primeiro lugar na Austrália e Nova Zelândia. As faixas “Longview”, “Basket Case” e “When I Come Around”, lançadas como singles, alcançaram o topo da “Billboard” na categoria Alternative Songs, sendo que esta última chegou à 2ª posição na categoria principal da mesma “Billboard“.

A revista “Kerrang!” Classificou “Dookie” em 33° lugar na lista dos 100 Álbuns que você tem que ouvir antes de morrer; a “Classic Rock & Metal Hammer” classificou o álbum entre os 200 melhores álbuns da década de 1990; a “Rolling Stone” colocou o álbum na posição número 193 entre os 500 melhores álbuns de sempre: a mesma “Rolling Stone” elegeu através de votos dos leitores, o melhor álbum do ano de 1994 e na 30ª posição entre os melhores discos da década de 1990; a “Spin” compilou uma lista dos 100 melhores álbuns lançados entre os anos de 1985 e 2005 e o aniversariante do dia ficou na honrosa 44ª posição. E por fim, o “Rock and Roll of Fame” colocou o disco na posição de número 50 entre os 200 melhores de todos os tempos. Não é pouco.

A minha relação pessoal com este álbum é de extremo carinho. Além de ter sido um dos primeiros álbuns que adquiri na vida (infelizmente alguém pegou emprestado e não me devolveu mais, mas em breve quero comprá-lo novamente). Até hoje eu ainda ouço vez por outra e a sensação de prazer é a mesma de quando eu tinha 15 anos. Infelizmente o Green Day mudou sua sonoridade, mas a obra-prima dos caras está aí e nada pode manchar. Ainda que não seja 100% punk, não é um disco que deve ser subestimado. Felizmente a história prova que não foi. E nunca será.

Hoje é dia de celebrar esse disco que marcou toda uma geração, um álbum cheio de hits, honesto e com uma energia ímpar. Os saudosistas como este que vos escreve haverão de carregá-lo na memória. E que se aproxima dos trinta anos, com um corpinho de dezoito. Vamos dar play nesse “Dookie“,de preferência  no volume máximo. Um álbum que chega aos 31 anos e  envelhece muito bem. O trio segue em plena atividade e o que é melhor, fazendo oposição ao Donald Trump.

Dookie – Green Day
Data de lançamento – 01/02/1994
Gravadora – Reprise Records

Faixas:
01 – Burnout
02 – Having a Blast
03 – Chump
04 – Longview
05 – Welcome to Paradise
06 – Pulling Teeth
07 – Basket Case
08 – She
09 – Sassafras Roots
10 – When I Come Around
11 – Coming Clean
12 – Emenius Sleepus
13 – In the End
14 – F.O.D.
15 – All by Myself (faixa escondida)

Formação:
Billie Joe Armstrong – vocal/ guitarra/ violão
Mike Dirint – baixo
Tre Cool – bateria/ violão e voz em “All by Myself

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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