Resenha: Reliqa – “Secrets of the Future” (2024)

Nos últimos anos, o Jinjer, e mais recentemente, o Spiritbox, tem se tornado grandes potências do metal atual, e trazem em suas vozes, a poderosa Tatiana Shmayluk e Courtney LaPlante, respectivamente.

Who produced “Dying Light” by Reliqa?

Quem vem trilhando esse mesmo caminho é o Reliqa, que tem a vocalista Monique Pym a frente, e em sua sonoridade, traz uma mistura das duas bandas citadas acima, assim como traços do Otep, grande nome do nu-metal dos anos 2000 e com a visceral Shamaya nas vozes.

Em seu novo trabalho, “Secrets of the Future“, lançado pela Nuclear Blast e distribuído no Brasil pela Shinigami Records, a banda consegue conter amarras e cria um disco robusto, muito bem arranjado e cheio de carisma.

Os beats eletrônicos de “Dying Light” abrem o trabalho, com Monique cantando um rap, no melhor estilo de Shamaya, e logo a banda explode em peso característico do metal moderno, descambando em um som potente e amarrado, com um belo refrão marcante e melódico. “Cave” invoca ares do Korn, em um introdução mais pesada e com versos mais brandos e ótima levada da banda e um refrão em breakdown que vai acertar em cheio os fãs do metal em suas novas roupagens. “Killstar (The Cold World)” é uma das mais intrincadas do registro, é se você é fã do Tesseract, certamente vai gostar do que tem por aqui. O guitarrista Brandon Lloyd e o baterista Benjamin Knox, criam uma unidade monstruosa aqui, que muda de tempo a cada verso, deixando o ouvinte curioso pelo que vem na sequência. Tudo é amarrado pelo baixista Miles Knox, com timbres estrondosos e ainda há tempo para um solo que cai como uma luva por aqui. Sem dúvidas, um dos maiores destaques do álbum, e se prepare para um dos refrões mais densos do ano. “The Flower” vale destaque pelo seu belo refrão, com melodias grudenta das guitarra e o vocal “rappeado” de Monique. A introdução de “Sariah” é soturna e arrepiante, com o ar melancólico e cinza que o Deftones tem em suas faixas e Monique é o centro das atenções ao entoar “A luz brilha quando não consigo ver/Um lembrete de quem eu sou “. Um dos mais profundos cortes do registro e é lindamente sombria e envolvente. “Terminal” dá uma derrapada em surgir tão feliz logo após a faixa emblemática anterior e acaba ofuscada por esta, trazendo influências de algo do J-Pop.Keep Yourself Awake” traz momentos de peso e boas linhas vocais, mas não faz muito além de alguns momentos aqui e acolá que soam legais e não passam disso. “Crossfire” mantém o ritmo baixo, e abre caminho para “Physical”, que traz o groove prog/djent de volta e as coisas começam a se aplumar novamente. “Two Steps Apart” soa um pouco mais pop em decorrência de outras, e abusa dos sintetizadores para criar sua base e traz versos bastantes radiofônicos, nada errados inclusive, e ganha corpo conforme seu andamento mais acontecendo. Ao final, encontramos “A Spark” é densa e mais cadenciada, criando clima para o encerramento. O desfecho vem com “Upside Down“, que encerra o disco fazendo ligação com seu título, ao trazer uma mensagem que mostra que coisas acontecem na vida, mudanças vem você querendo ou não e cabe a cada um se adaptar a esses fatos. Isso vem acompanhado a um andamento robusto e trabalhado com cuidado e impacto em seu refrão.

Secrets of the Future” é um verdadeiro labirinto sonoro. As vezes se perde em alguns caminhos, mas o Reliqa consegue se recuperar e retomar as vias, transformas em sucesso o que é para mim, um dos melhores lançamentos do ano.

NOTA: 8

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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