Motörhead: 42 anos do álbum “Iron Fist”

Há 42 anos, em 17 de abril de 1982, o Motörhead lançava “Iron Fist“, o sexto álbum de sua rica discografia e que iremos tratar no nosso bate-papo hoje por aqui.

Iron Fist” seria marcado por uma drástica mudança sonora e também por ser o último álbum com “FastEddie Clarke na guitarra, que fazia parte da chamada “formação clássica” do Power-Trio. A banda vinha do sucesso de “Ace of Spades”, certamente o maior clássico da carreira e era preciso fazer algo à altura para que a reputação do Motörhead que aquela altura já era imensa, fosse mantida. Mas não foi muito assim que as coisas aconteceram.

Não, “Iron Fist” não é um disco ruim, longe disso, mas a produção, que ficou a cargo do guitarrista Eddie, deixou o som muito polido, muito limpo e essa não foi a característica do som do Motörhead, que começou os trabalhos no estúdio sob a batuta do produtor Vic Maile, mas este abandonou o projeto. Lemmy dizia que este álbum era “ruim, pior do que qualquer outra coisa que já fizemos.”

E a produção, muito provavelmente, foi o fator preponderante para a saída de Eddie da banda. Lemmy também dizia que ter o guitarrista produzindo não foi uma coisa correta e que a banda não estava pronta para lançar um outro álbum, ao menos naquele momento. No documentário “The Guts and the Glory“, o guitarrista disse que conflitos entre o baterista Phil “Animal” Taylor e o produtor, teria sido o estopim para a saída deste. Aspas para o guitarrista:

“[…] e então um dia Phil se virou para mim e disse: ‘Escute, Eddie, por que você não faz isso?’ E eu disse: ‘Cara, não quero fazer isso, estou tocando no disco’… Juro por Deus, estava relutante pra caralho.”

No mesmo documentário, temos uma fala de Lemmy, a qual iremos reproduzir abaixo:

“Fiquei chateado porque deixamos Eddie produzi-lo. Mas eu não estava na época. Jogo limpo. Mas ficou óbvio depois que foi lançado – eu meio que fiquei sóbrio e percebi que era lixo, a maior parte. E há pelo menos três músicas lá que nem foram finalizadas. Acabamos de finalizá-las no estúdio, você sabe, como se fosse um álbum abaixo do padrão. foi direto para o número 1? Não há nada que você possa fazer.”

Bem, fato foi que a banda se reuniu em dois estúdios em Londres para gravar o aniversariante de hoje: a maior parte do álbum foi gravada no “Morgan Studios“, enquanto que as faixas “Iron Fist” e “Shut it Down” foram gravadas no “Ramport“, em sessões que ocorreram entre janeiro e fevereiro daquele ano.

O álbum é bem curto: são doze faixas em apenas 36 minutos. Algumas faixas que podem ser destacadas são: a faixa-título, “Heart of Stones“, “Sex & Outrage“, “Shut It Down” e “Bang to Right“, esta última, uma das melhores do play. É direto e que se não está entre os melhores da carreira da banda, pode e deve ser muito reverenciado. Polêmicas da produção à parte, é um disco muito bom e consegue captar a energia que a banda sempre teve. Para alguns fãs, em “Iron Fist“, terminava a magia da banda, pois a partir dali, Lemmy trabalharia com outros parceiros.

A recepção do álbum foi muito boa, excetuando-se as críticas pela produção que tirou demais a sujeira do som. Nos charts, o álbum chegou em 4° na Noruega, 5° na Finlândia, 6° no Reino Unido, 23° na Nova Zelândia, 25° na Suécia, 26° nos Países Baixos, 27° na Alemanha, 80° na Austrália e 174° na “Billboard 200“. Em 2022, o álbum retornou aos charts, com destaque para a 11ª posição na Escócia. “Iron Fist” foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido., vendeu 60 mil cópias.

Durante a turnê, o guitarrista “Fast” Eddie Clarke acabou por sair do Motörhead para nunca mais voltar. No ano de 2002, Lemmy fez uma reflexão sobre a partida sem retorno de seu ex-guitarrista:

“Na verdade, Eddie costumava sair da banda a cada dois meses, mas desta vez aconteceu que não o convidamos de volta. Não tentamos convencê-lo, e é por isso que ele ficou longe – isso o surpreendeu bastante. um pouco. Mas estávamos cansados dele porque ele estava sempre pirando e bebia muito naquela época. Ele ficou muito melhor agora, desde que parou… Olhando para trás – e devo dizer, a retrospectiva é 20/20 – isso. Foi bom para nós termos desmoronado naquele momento. Não teríamos ido agora se tivéssemos continuado a ficar cada vez mais famosos. Teríamos acabado com um bando de idiotas com casas no campo e nos divorciados de cada um. outro Então foi bom, eu acho, para o moral do Motörhead em geral. É importante para uma banda estar com fome porque essa é a motivação que faz todas as bandas funcionarem.”

Infelizmente hoje não temos mais entre nós nenhum dos três envolvidos nesse álbum. Lemmy e Phil faleceram em 2015, e Eddie nos deixou em 2018. Mas hoje é dia de lembrarmos destes três guerreiros com alegria, pelo carro material de qualidade que eles nos deram. Então vamos celebrar esse play, enquanto eu brado aquela frase que o caro leitor já está até acostumado a ler: eu ouço gente morta!

Iron Fist – Motörhead
Data de lançamento: 17/04/1982
Gravadora: Bronze Records

Faixas:
01 – Iron Fist
02 – Heart of Stone
03 – I’m the Doctor
04 – Go to Hell
05 – Loser
06 – Sex & Outrage
07 – America
08 – Shut it Down
09 – Speedfreak
10 – (Don’t Let’ Em) Grind Ya Down
11 – (Don’t Need) Religion
12 – Bang to Rights

Formação:
Lemmy Kilmister – baixo/ vocal
“Fast” Eddie Clarke – guitarra
Philthy “Animal” Taylor – bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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